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Falar da perda ainda é tabu? Festival do Luto quer quebrar o silêncio e estreia-se no Porto

Com várias actividades, desde conversas a peças de teatro, o evento acontece a 24 de Maio, no Porto, e quer pôr todos a falar (e a ouvir) sobre a perda – sem tabus.

Ana Catarina Peixoto
Escrito por
Ana Catarina Peixoto
Jornalista, Porto
Luto
Priscilla Du Preez / Unsplash
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Para muitos, falar sobre luto e perda – seja de pessoas, relações, trabalhos, saúde ou sonhos – é um tema difícil de trazer para cima da mesa. Pelo desconforto e embaraço que pode gerar, pela dificuldade em relembrar, por parecer que não há ninguém que ouça. Mas falar de uma forma aberta sobre tudo isto pode ser uma ajuda valiosa, bem como mostrar que o processo não deve ser vivido em solidão. É este o ponto de partida da primeira edição do Festival do Luto, um evento que vai acontecer no dia 24 de Maio, no Porto, e que quer falar sobre a perda – sem tabus – e com várias actividades.

A iniciativa, promovida pela Associação Compassio, é aberta a toda a comunidade, de entrada gratuita, e conta com uma programação para todas as idades, espalhada por três espaços da zona do Marquês: a Praça do Marquês, a Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti e ainda a Paróquia da Senhora da Conceição. Ao longo do dia, há diversas conversas e debates nestes três espaços, bem como momentos de expressão artística e duas peças de teatro: Geografia do Desassossego, de Rita Alves, às 16.15 na Escola S.E Paula Frassinetti, e Tal como foi o silêncio (de luto e de luzes), de Ondjaki, às 12.35 na Paróquia da Senhora da Conceição.

A programação conta ainda com actividades infantis, poesia, sessões de ioga e chi kung (como expressão do luto através do corpo) e também um “Death Café”, que consiste num espaço para conversas informais sobre a morte que vai acontecer na Praça do Marquês, entre as 16.15 e as 17.30.

O objectivo do evento é falar sobre a perda e o luto sem embaraço, propondo uma nova forma de viver e acompanhar a dor da perda, ao quebrar o silêncio e criar redes de apoio entre a comunidade. “A nossa proposta é criar um espaço seguro e acolhedor, onde seja possível olhar para o luto de forma ampla – não apenas como resposta à morte de alguém querido, mas também à perda de um animal de estimação, de um relacionamento, de um emprego, da saúde, ou de um projecto de vida”, sublinha Mariana Abranches Pinto, presidente da Compassio. 

Desmistificar mitos

Num tempo em que ainda muita coisa é mantida em silêncio e existe pouca literacia emocional, Mariana Abranches Pinto defende que é preciso falar e partilhar este processo com outras pessoas: “A nossa sociedade ainda tem uma grande dificuldade em lidar com o luto. Por isso, queremos, com esta iniciativa, sensibilizar para a importância de o luto poder ser acolhido sem medo e de uma forma segura, sem pressa para ‘seguir em frente’ e sem constrangimentos”. O festival não é apenas direccionado a quem está a viver um processo de luto, mas a todos os que estão interessados em “saber o que dizer, como agir e de que forma acompanhar, de forma mais próxima e empática, quem vive a dor da perda”. 

A programação do Festival do Luto, que pode ser consultada na página da Compassio, pretende também ajudar a desmistificar a forma como lidamos com a dor e abrir espaço para que cada pessoa possa explorar o luto de forma mais consciente. Nesta primeira edição do festival será também lançado um movimento de sensibilização para a questão do luto, que pretende reforçar a urgência de alterar comportamentos e de abordar este tema de forma colectiva, como comunidade, e não num ambiente de solidão.

Zona do Marquês (Porto). 24 Mai (Sáb). Entrada livre

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