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Herói Local: Hélder Teixeira é o criador d'O Boletim da Pauta, uma revista de poesia em braille

Escrito por
Bárbara Baltarejo
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Nas folgas e nos tempos livres, Hélder Teixeira troca a farda de segurança pelas pautas de braille. É assim há pelo menos um ano, altura em que decidiu criar O Boletim da Pauta, uma revista de poesia pensada para cegos e pessoas com baixa visão. Interrogado sobre a origem do projecto, explica que aprendeu “como autodidacta”. “Via aqueles pontinhos no multibanco e nas caixas de medicamentos e quis perceber como é que se interpretava”, diz.

Ora, sem familiares cegos ou com baixa visão, foi através do Google que aprendeu o alfabeto criado por Louis Braille em 1829. Depois, procurou livros com o código de pontos para aprender mais. “Encontrei por acaso um de matemática de 1970 no alfarrabista João Soares, que entretanto fechou. Foi um achado”, conta. Assim, decidiu criar o seu próprio boletim dedicado à poesia. Investiu 50€ em pautas e pulsões, os mecanismos que permitem gravar manualmente o código de pontos em papel, e começou a contactar autores.

“O primeiro poema que transcrevi foi de Miguel Torga e demorou uma hora e meia. Agora já consigo fazer um exemplar inteiro em uma hora”, descreve, contente com a evolução do projecto. Neste momento, há três edições disponíveis para compra, com autores como Maria Teresa Horta (co-autora das Novas Cartas Portuguesas), Sérgio Ninguém (da editora Eufeme), Adília César ou Eduardo Pitta.

A quarta edição vai ser lançada este mês com poemas de oito autores e ilustrações dos membros da associação de Apoio e Inclusão ao Autista (AIA). Encontra-a à venda na livraria Poetria ou pode encomendá-la através do Instagram. Apesar do tempo dedicado a cada boletim – entre a escrita em braille, a presença em eventos literários ou o contacto com poetas e autores – Hélder não tem lucro com o projecto. O valor cobrado (5€) “serve apenas para pagar as despesas com a impressão e conseguir fazer a edição seguinte”, explica. Graças a esta iniciativa e à boa vontade de Hélder Teixeira, a poesia torna-se mais inclusiva, chegando a todas pessoas cegas ou com baixa visão. Em Portugal estima-se que este número ronde os 900 mil.

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