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Ilícito
JOSE MONICAIlícito

Ilícito: o novo restaurante da Baixa pisca o olho às artes circenses e às noites de farra dos cabarés

Foi buscar inspiração à Paris romântica e ousada dos anos 20 do século passado.

Escrito por
Mariana Morais Pinheiro
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Nada nos prepara para o circo que é atravessar o número 224 da rua do Almada. E não, não estamos a exagerar. Dois murais de prodigiosas dimensões ladeiam a primeira divisão, mesmo à entrada, com desenhos de acrobatas, tocadoras de concertina, tigres ferozes, cavalos de carrossel e macacos mecanizados a tocar pratos. Todos saídos do pincel de Sofia Torres. Atrás de nós, pesadas cortinas de veludo vermelho separam uma das ruas mais movimentadas do Porto deste universo circense, que transporta quem entra para uma Paris romântica, histriónica e ousada dos anos 20 do século passado.

Com um chão ziguezagueante e um tecto repleto de figurinhas sensuais em poses sugestivas, o bar é um dos espaços mais carismáticos deste Ilícito, o restaurante-bar do The Editory Boulevard Aliados Porto Hotel, do grupo Sonae, com cinco estrelas e entrada principal pela Avenida dos Aliados. Sobre as mesas baixas com rebordos recortados, fazendo lembrar o debruado das tendas de circo, aterram cocktails de autor servidos em copos inusitados, com a forma de banheira ou corpetes, que aquecem (alguns com pequenos números de pirotecnia) quem chega para almoçar ou jantar.  

Ilícito
©José MonicaIlícito

“A ideia foi criar uma ligação entre a decoração deste espaço e a do hotel”, começa André Silva, o chef que, saído da cozinha, assumiu por momentos o papel de anfitrião. No hotel – com 68 quartos, de diferentes tipologias, com uma piscina exterior aquecida onde um gigante pato amarelo insuflável navega airosamente, e duas salas de reuniões – impera uma decoração (assinada pela Ding Dong) forte nos mármores, nos papéis de parede trabalhados, nos tectos altos e ornamentados, nas tapeçarias portuguesas e no mobiliário com um toque vintage. Já no Ilícito, o burlesco e o ambiente leviano dos cabarés nocturnos ganha expressão.

Ainda antes de chegarmos ao restaurante, acessível através de umas escadas em caracol, há uma mezzanine com acesso à esplanada. Uma vez lá em baixo, espalhados pelo restaurante, há sofás de tecidos brocados, obras de arte, cartazes provocadores e muitos espelhos de diferentes formas e dimensões. “O que fazemos aqui é provocar, mexer com os sentidos. Não há propriamente uma refeição normal”, começa por explicar o chef que, entre vários prémios e restaurantes no currículo, conta com sete anos na cozinha da Casa da Calçada, em Amarante, com uma estrela Michelin. 

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©DRIlícito

“O nosso grande objectivo é incentivar a descoberta de sabores, fazer pratos que primam pela sua irreverência, tanto no conteúdo, como na apresentação”, diz, acrescentando que o “Ilícito é disruptivo e tem uma carta mais rebelde” onde os “pratos não fazem sentido explicados, mas sim saboreados”. “A vantagem é que não estou preso a nenhum conceito. O objectivo é impressionar”, diz. E não é difícil. Uns saborosos tacos de salmão com kimchi, da carta do bar, são devorados num ápice. Vêm seguidos de entradas como a surpreendente tapioca de lavagante, endívia e framboesa; as trufas de rabo de boi; ou o cachorro de carabineiro em massa brioche com molho béarnaise.

Um pão de curcuma acompanhado por uma manteiga de malagueta moderadamente picante e um consommé com carabineiro, lula e lima-caviar, uma espécie de caviar cítrico vegetal, cujas pequenas esferas explodem frescas na boca, fazem as apresentações antes dos pratos principais: raia, coco, pasta fresca, caril e cogumelos cantarelos; e magret de pato com jus de nabo e plátano. “O plátano não é um ingrediente muito visto. Cria um sabor inesperado, mas também muito simples, já que é somente assado no forno, ficando com aquele travo a churrasco”, explica o chef. 

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©José MonicaIlícito

Também a sobremesa foge à regra. Se esperava algo a saber a chocolate ou baunilha, aqui trocam-lhe as voltas. Para a mesa vem batata-doce com cenoura e falsa terra, onde uma aparente gema de ovo curada guarda, na verdade, sumo de cenoura. Além dos pratos à carta, têm também dois menus de degustação disponíveis. O Malabarista é composto por quatro pratos (60€) e o Trapezista por cinco (80€). De ambos fazem também parte várias entradas e podem ser harmonizados com vinhos por mais 40€ e 60€, respectivamente. Em Fevereiro tiram nova carta da manga. Vão preparar um menu de 12 momentos, todos de comer à mão. Alinha em fazer parte do espectáculo? 

+ Os melhores sítios para comer e beber na rua do Almada

Rua do Almada, 224. 220 102 500. Seg-Dom 12.30-16.00 / 19.30-22.00. Bar: Seg-Dom 11.00-00.00.

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