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Já pode marcar cestos numa obra de arte em Braga

Este campo de basquetebol tem quase 1000 metros quadrados e é também um mural de arte urbana, criado pelo artista portuense Contra. Inaugura esta quinta-feira.

Escrito por
Maria Monteiro
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O anúncio da segunda vida do campo de jogos do Bairro Social das Enguardas, em Braga, veio por correio, no início de Julho. Os panfletos distribuídos pela Câmara Municipal de Braga (CMB) e pela hoopers – plataforma para praticantes e fãs de basquetebol que combina e promove campos, conteúdos e produtos – comunicavam que o espaço outrora degradado e abandonado daria lugar ao “maior campo icónico de basquetebol da Europa”.

Há vários anos que os moradores esperavam a requalificação do espaço, por isso foi com entusiasmo que viram chegar Contra. O artista, um dos membros do Colectivo Rua, foi convocado para intervir na superfície de quase 1000 m2 com a criação de uma obra de arte urbana para o pavimento. “Com o passar do tempo, notámos que havia cada vez mais pessoas à janela [a ver o artista pintar]”, recorda André Costa, co-fundador da hoopers com Hugo Botelho. “E as que passavam iam fazendo perguntas sobre o trabalho.”

A estreita relação com a comunidade é a matriz do projecto que alia o basquetebol à arte urbana para “criar uma nova dinâmica desportiva, social e cultural nas cidades”. Em 2019, a hoopers começou a mapear os campos de rua onde se podia praticar a modalidade e apercebeu-se que “muitos estão em mau estado e acabam por não servir para ninguém”.

Campo de basquetebol em Braga
© Miguel Ribeiro Fernandes

Tomando o exemplo do movimento que começou no estrangeiro, bem presente no parisiense Pigalle – campo de basquetebol que tem sofrido várias intervenções artísticas e que se expandiu para lojas e actividades próprias –, a empresa notou que “transformar um campo de basket em algo mais era uma boa forma de criar e dinamizar a comunidade”.

Foi o que aconteceu no polidesportivo do Campo Mártires da Pátria, em Lisboa, pintado no ano passado por AkaCorleone numa parceria entre a galeria Underdogs, a Junta de Freguesia de Arroios e a Câmara de Lisboa. “Hoje, além de um campo de basket, é um ponto turístico”, realça André Costa. Há quem ali vá só para capturar a obra colorida e instagramável que está no chão – ainda não tinha inaugurado e já se tinha tornado viral na internet.

Esse deverá ser também o rumo do campo das Enguardas, que se tornou recentemente na maior tela pintada por Contra. “Como faço pintura abstracta, interessa-me sair das paredes para estruturas não convencionais”, refere o artista, que criou uma composição com a habitual paleta “abundante em azuis, rosas, verdes e cinzentos” e “os tons dos prédios em redor do campo”. “São cores garridas que sobressaem no meio do betão”, diz.

Habituado a jogar em equipa, contou com o apoio de Draw, também membro do Colectivo Rua e seu cúmplice na criação artística, e de outros colaboradores, para dar corpo à obra. Depois de um primeiro esboço a giz, foi preciso “preencher as manchas com tintas próprias para pavimento”. Durante sete dias de trabalho, vários curiosos pararam para assistir à transformação do campo.

Algumas crianças tiveram, inclusive, oportunidade de pôr a mão na massa. “Pusemo-los a dar uma pequena ajuda para que sentissem que ficou ali algo feito por eles”, conta André Costa. A intervenção da pequenada ficou num dos muros junto aos balneários, uma das áreas adjacentes que foi recuperada, a par da bancada e de postes e paredes que estavam deteriorados. “A ideia era entregar o espaço totalmente revitalizado à cidade.”

A dimensão do recinto permitiu integrar três campos e sete tabelas para “maximizar o número de praticantes que pode utilizar o equipamento em simultâneo”. O campo das Enguardas é inaugurado na quinta-feira, dia 10 de Setembro, e tem tudo para ser o novo spot da moda, seja para fazer exercício físico, contemplar arte a céu aberto ou tirar a fotografia perfeita para o Instagram. É ver desportistas e influencers a correrem para lá.

Campo de basquetebol em Braga
© Miguel Ribeiro Fernandes

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