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“Last Folio”: Esquecer o passado é esquecer o que nos pode acontecer

A exposição internacional chega ao MMIPO e ajuda a avivar a memória sobre os terrores do Holocausto e as suas perseguições. É hoje inaugurada e ficará em exibição até dia 20 de Novembro.

Escrito por
Mariana Morais Pinheiro
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Tolerância, inclusão e preservação da memória. Os valores partilhados pela Santa Casa da Misericórdia e pelo MMIPO - Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, em comunhão com a Comunidade Judaica do Porto, são claros e, mais do que nunca, necessários. Numa altura em que a guerra assola o presente, é importante não nos esquecermos do passado. E é por isso que, depois de um ano dedicado à “Memória” — com a exposição sobre os 500 anos da rua das Flores e uma outra relativa aos 200 anos da independência do Brasil —, o museu recebe agora “Last Folio”.

A exposição de Yuri Dojc e Katya Krausova, um fotógrafo e uma cineasta, ambos nascidos na antiga Checoslováquia e que emigraram para o Canadá e para a Inglaterra quando o país foi invadido pelas tropas soviéticas em 1968, retrata “um périplo em busca de testemunhas sobreviventes de uma cultura judaica quase extinta”. Pelo caminho, “encontraram memórias dolorosas guardadas no ‘vão de escada’ da História da Europa Central de meados do século XX”, lê-se em comunicado.

"Last Folio"
© Yuri Dojc"Last Folio"

Foi numa antiga sinagoga e numa escola judaica abandonada, numa pequena cidade eslovaca, na fronteira entre a Polónia e a Ucrânia, que Yuri e Katya capturaram as imagens que dão corpo a “Last Folio” e voz a quem lha roubaram. Testemunhos de sobreviventes dos campos de concentração nazis e de filhos de sobreviventes; e fotografias de Toras, de relógios de parede parados no tempo, de livros empoeirados, de vinis quebrados e de um tefillin, as caixinhas onde se guardam os pergaminhos da Tora, entre outros despojos, contam uma história que foi interrompida em 1942.  

“Não poderíamos acolher esta exposição em momento mais oportuno, mais necessário. É uma manifestação artística e uma representação histórica do que nunca deveria ter acontecido, de um erro. São as ruínas de um presente que se interrompeu, mas que se perpetua, e de um futuro que nunca existiu. É perceber que a vida parou e que jamais voltará ao momento de antes. Obriga-nos a sentir a vulnerabilidade de quem ficou para trás e de cada um de nós no agora”, refere António Tavares, Provedor da Misericórdia do Porto, na mesma nota enviada às redacções.

"Last Folio"
© Yuri Dojc"Last Folio"

“Last Folio”, a exposição fotográfica e o documentário que luta contra o esquecimento e alerta para a nossa própria vulnerabilidade perante ideias vazias e extremistas, começou a sua itinerância em 2009, na Biblioteca de Manuscritos de Cambridge. Mostrou-se também no edifício das Nações Unidas, em Nova Iorque, para assinalar os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. E, depois disso, seguiu para Berlim e Moscovo e para muitas outras cidades do mundo. O Porto é o seu último destino e aqui permanecerá até dia 20 de Novembro.

Rua das Flores, 15. Seg-Dom 10.00-18.00. 5€.

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