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Se não é de política ou de futebol, é de comida que à mesa se fala. Adeptos de grandes tainadas, almoços que entram pela tarde dentro e jantares bem regados, uma summit da gastronomia era mesmo o que nos faltava. E porque a comida deve ser falada, conhecida e debatida, é que a segunda edição do Melting Gastronomy Summit, que acontece nos dias 25 e 26 de Novembro, no Mercado do Bolhão, está de volta e vai sentar à mesa quem percebe do assunto.
Os produtos da terra e do mar são as personagens principais dos dois dias da cimeira. Será em torno deles que decorrerão as Table Talks, provas comentadas em simultâneo com conversas e live cookings, que irão desafiar chefs, produtores, jornalistas e investigadores a pensar a área da gastronomia nas suas mais diversas dimensões, das suas valências aos desafios da sustentabilidade.
![Mercado do Bolhão](https://media.timeout.com/images/105948963/image.jpg)
No dia 25, sob a égide da Terra, falar-se-á de sopas, azeites, arrozes, horto e porcos. A fechar, haverá uma conversa sobre A Sala, o serviço na restauração. No dia seguinte, dedicado ao Mar, a arte da grelha, as conservas, as tripas de peixe e maturação, cozinhar para a sustentabilidade e a sopa de peixe (que será preparada pelo chef Vasco Coelho Santos, do Euskalduna), serão os temas abordados. Mas desengane-se se pensa que só lá vai para ouvir outros falar. Dedicado a curiosos e profissionais, no Melting Gastronomy Summit, promovido pela AGAVI - Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade, os visitantes vão poder interagir “com reconhecidos nomes do sector e provar as iguarias preparadas à sua frente”, avança a organização.
Assim sendo, durante os dois dias, conte com apetecíveis e peculiares duelos, como aquele que porá Nuno Castro, chef do Fava Tonka, em Leça da Palmeira, e Renato Cunha, dono do fine dining Ferrugem, em Famalicão, a fazer um sarrabulho vegetariano. À volta das sopas vai estar Natalie Castro, da padaria Isco, em Lisboa, que irá cozinhar com produtos de Raul Reis, fundador do projecto Villa Lux, Agricultura e Turismo Lda., no Sobral da Lourinhã, local onde planta batatas, trigo de Barbela, abóboras, entre outras coisas.
![Mercado do Bolhão](https://media.timeout.com/images/105948964/image.jpg)
Conte também com André Magalhães, da Taberna da Rua das Flores, em Lisboa, que irá estar a trabalhar a carne fornecida por Francisco Alves, produtor de suínos de raça alentejana; e ainda com uma prova comentada de azeites conduzida pelo jornalista Edgardo Pacheco, autor do livro Os 100 melhores azeites de Portugal, e pela oleóloga Ana Carrilho, do Esporão. O programa inclui muitas outras apresentações. Ao todo falarão 12 chefs nacionais e internacionais, que integram uma curadoria feita por Ricardo Dias Felner, moderador do evento, jornalista e crítico gastronómico.
Se somos o que comemos, sabemos quem somos?
“Depois de tantos anos virados lá para fora, a ver o que os outros faziam e em que muitos chefs estagiaram em restaurantes com estrelas Michelin noutros países, chegou a hora de olharmos para dentro. Já temos mais instrumentos, mais técnicas e, por isso, pegámos nos produtos que achamos interessantes, tipicamente portugueses, e desafiámos os chefs a trabalhá-los", explica o jornalista, sobre o ponto de partida para esta edição do Melting, acrescentando que há ainda muito desconhecimento em relação ao que comemos.
“Por exemplo, o arroz. Somos o maior consumidor da Europa e um dos maiores produtores também. Temos uma enorme tradição de pratos de arroz e de arrozes caldosos e, ainda assim, não sabemos tanto quanto deveríamos. Vamos ter um arroz antigo, o Allorio, uma variedade que já não se produz [para venda e consumo] e existe apenas nos campos experimentais em Montemor-o-Velho. Cederam-nos uns quilos para o prepararmos no evento”. Para Ricardo Dias Felner este e um outro momento em que Natalie Castro irá fazer um caldo verde com a batata raiz de cana, rara e muito feia, serão dois pontos altos do evento.
Mas há muitos mais, garante. Do porco de raça pura alentejana, “que é raríssimo encontrar” aos azeites “que serão a parte doce do Melting, para mostrar que o azeite não serve apenas para temperar a salada de alface”. Sem esquecer os chefs do sevilhano Cañabota, bar/restaurante/peixaria, que vão pegar nas entranhas do peixe mero e fazer tripas à moda do Porto, entre muitos outros. Os bilhetes estão disponíveis para venda no site e os preços começam nos 50€.
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