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O dia não é o mais soalheiro, mas a vista para o rio e para a cidade do Porto continua a emudecer-nos de espanto. O arco-íris que se formou, entre os rodopios de chuva e os raios de sol, parece abraçar a encosta de Vila Nova de Gaia e mostra o caminho para uma jóia que aqui se esconde: o Tivoli Kopke Porto Gaia Hotel, o novo hotel de cinco estrelas que nasceu a partir do restauro das centenárias caves de vinho do Porto da Kopke. Lá dentro, além da beleza do cenário e do conforto em cada canto, sente-se o aroma a vinho. Como não podia deixar de ser.
A nova unidade hoteleira surgiu de uma parceria entre a marca Tivoli e a Kopke, a mais antiga casa de vinho do Porto do mundo, num projecto que contou com um investimento de 50 milhões de euros e que abriu as portas no início deste ano. Bruna Coelho, responsável de marketing e comunicação, faz-nos uma visita guiada pelo espaço. Começamos pelo lobby, onde salta à vista a diversidade de funções que por aqui co-existem de uma forma discreta.
O wine bar, em formato circular e com vista para todo o espaço, tem uma carta preenchida de cocktails de autor e de outras bebidas, bem como alguns aperitivos para petiscar enquanto se aprecia a vista panorâmica. Há ainda prateleiras repletas de garrafas do portfólio do grupo; mesas onde decorrem provas de vinho com a orientação de um sommelier; um canto que recebe música ao vivo de quarta-feira a sábado; e, ao fundo, o 1638, um dos dois restaurantes deste hotel, com o chef Nacho Manzano ao leme (já lá vamos).
Seguimos viagem. Os corredores deste hotel mostram-se como verdadeiras galerias de arte, com quadros e instalações originais feitas por vários artistas, incluindo obras da colecção privada da Fundação Abanca, desde quadros de Picasso a Salvador Dalí. Há também, em diversos outros recantos, trabalhos de artistas nacionais, como Joana Vasconcelos.
Cá fora, os nove mil metros quadrados de jardins distribuídos em socalcos fazem lembrar as vinhas do Douro e permitem ver com clareza a divisão desta propriedade em três áreas distintas: Vintage, Tawny e White, por onde se distribuem os 149 quartos existentes neste hotel, incluindo nove suítes. Há ainda uma piscina exterior com um bar para aproveitar os dias de bom tempo e um sky bar (um rooftop) que oferece um ambiente mais descontraído para beber um copo.
Nos quartos não faltam detalhes vínicos, dos tons mais quentes que remetem para a terra e para o vinho às fotografias captadas por Domingos Alvão, que contam a história do Vale do Douro, das suas vinhas e da época das vindimas. A aposta da decoração passou também pela funcionalidade e conforto de cada quarto: as cadeiras, as almofadas, as camas; uma zona com café e chá; e a arrumação discreta, mas espaçosa. Por detrás da cortina, a vista leva-nos até ao rio Douro, à ponte D. Luís I, às caves que rodeiam Gaia e ao fim do dia que se avizinha.
De um lado os quartos, do outro as caves
Se acha que os corredores se ficam apenas pela bonita arte que exibem, está enganado. É também aqui que se consegue ver um dos sítios mais especiais deste hotel. Se de um lado estão os quartos, do outro lado há janelas que permitem ver as centenárias caves da Kopke, onde estão armazenados uns impressionantes dois milhões de litros de vinho. Não é, por isso, surpreendente que se sinta o aroma a vinho pelo caminho.
O espaço é grande, tão grande que uma parte foi recentemente renovada para receber eventos, como provas de vinhos e outras iniciativas, e onde tudo parece encaixar perfeitamente entre as paredes desta antiga cave, datada de 1638. Na restante zona, onde o vinho envelhece em barricas, tudo continua a funcionar tal como antes. Também aqui é possível receber visitas de hóspedes, para que estes fiquem a conhecer toda a história da marca. “A ideia é que as pessoas possam ver o dia-a-dia de trabalho numa cave de vinho do Porto. Seja, por exemplo, o transporte, seja pintar uns barris à mão, etc.”, explica Bruna Coelho.
Salas para eventos e um spa cheio de tratamentos
De volta ao hotel (sem nunca sair das caves), o Tivoli Kopke Porto Gaia conta ainda com mais de mil metros quadrados de espaço dedicado a reuniões e eventos, divididos por seis salas, todas com acesso ao terraço, que podem acolher desde reuniões a jantares e casamentos, conferências e outro tipo de eventos.
Para relaxar, tanto hóspedes como não hóspedes podem fazer uma visita ao Tivoli Spa, que conta com quatro salas de tratamento individuais e uma de casal, uma piscina interior aquecida, sauna, banho turco e ainda uma piscina exterior. A carta de terapias é diversificada e inclui desde tratamentos faciais — com as marcas Natura Bissé e The Hydrafacial — a terapias e massagens que reúnem os mundos do vinho e do bem-estar, combinando os vinhos Kopke com as propriedades curativas da aromaterapia e das uvas.
O tratamento de assinatura, The Essence of Kopke (190€/80 minutos), inclui as icónicas pedras de xisto do vale do Douro, um manto de rolhas de cortiça aromatizadas feito por um dos terapeutas e uma vela com infusão de vinho, contando a história do vinho do Porto desde a apanha até à mesa. Tudo com vista para o Porto e para o rio.
Nacho Manzano ao leme da gastronomia
Na hora da refeição, há duas boas opções disponíveis no Tivoli Kopke Porto Gaia: o restaurante 1638 e o Boa Vista Terrace, ambos com uma oferta gastronómica a cargo do chef espanhol Nacho Manzano, com três estrelas Michelin conquistadas na Casa Marcial, restaurante local e casa de família nas Astúrias. Qual escolher? Tudo depende do ambiente e da gastronomia que preferir.
No Boa Vista Terrace, o ambiente mais informal toma conta do espaço, com a vista privilegiada para o rio sempre presente. Aqui junta-se a cozinha galega com a portuguesa, baseada num conceito de partilha e tradição. A carta é variada e nela brilham entradas como uns saborosos croquetes de presunto com molho bechamel (8€/4 unidades) e a berinjela assada com linguiça, rúcula e um toque de parmesão (11€). Nos pratos principais, há muito por onde escolher e uma das grandes estrelas é o saboroso e reconfortante arroz de galo (29€), mas também o bacalhau confitado pil pil, com legumes assados e espinafres (31€).
É também no Boa Vista Terrace que é servido o pequeno-almoço do hotel, com uma grande diversidade de opções, desde bolos a padaria fresca, fruta, comidas quentes, ovos feitos no momento, iogurte, tacos e até mini-burritos. O espaço é amplo e há sempre funcionários prontos a servir.
Já o 1638 Restaurant & Wine Bar by Nacho Manzano, com a cidade do Porto também como pano de fundo, celebra a alta gastronomia num jantar que é uma autêntica viagem no tempo e um percurso repleto de sabores e texturas. O chef espanhol quis recuperar memórias e celebrar toda a alma e gastronomia do norte da Península Ibérica e das Astúrias e, para isso, criou um menu de degustação de 11 momentos (140€ por pessoa, mais 45€ ou 80€ com harmonização de vinhos), onde cada prato remete para uma sensação ou uma memória de infância – da família à tradição, passando pelo mar, pelo campo e pela simplicidade.
A inspiração de Nacho Manzano combina os sabores da terra e da culinária asturiana com a riqueza atlântica da costa portuguesa, trabalhada sempre numa combinação de vários produtos locais. "Esta fusão proporciona uma reciprocidade única e impulsiona os sabores dos ingredientes de primeira qualidade a um nível superior de excelência, num encontro que junta nostalgia, tradição e contemporaneidade", explica o chef. O menu? É segredo e vai sendo desvendado ao longo da refeição. Mas garantimos que não faltam sabores, texturas e aromas inconfundíveis – acompanhados de bons vinhos do Douro, claro.
Rua do Barão de Forrester, 69, Vila Nova de Gaia. 224 105 600. Quarto duplo a partir de 220 por noite (valor variável consoante a época)
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