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Ana Maio recosta-se no sofá. Dezembro foi duro e desafiante. Uma nova loja aberta ao público nove dias antes Consoada; 200 pavlovas feitas de propósito para o Natal (encomendadas por gulosos de todo país); e macarons com novos sabores a encherem as vitrinas deram-lhe trabalho de sobra. Dois deles tiveram tanto sucesso que vão permanecer na carta mais uns tempos: um com sabor a pão-de-ló e ovos moles e outro a saber a leite-creme e canela. Mas agora que é Janeiro – e as cheias que lhe passaram à porta não causaram grandes danos – pode finalmente descansar e fazer um balanço. É que, parecendo que não, a Miss Pavlova faz dez anos.
“É verdade”, começa Ana, dentro da sua camisola de lã laranja-vivo, contrastando com as almofadas azuis do sofá (talvez das poucas peças de mobília que não são cor-de-rosa neste universo pink). “Entre 2013 e 2015 fazia as pavlovas em casa, trabalhava as redes sociais e fazia estudos de mercado, para avaliar riscos, perceber qual era o feedback das pessoas e para entender se o negócio tinha potencial e pernas para andar”, relembra a dona. “Andava por mercados e feirinhas a promover o meu negócio, mas devo confessar que os órgãos de comunicação ajudaram muito a lançar o projecto”, acrescenta.
![Miss Pavlova Maison](https://media.timeout.com/images/105966826/image.jpg)
Em 2015 ocupou um espaço no interior da concept store Almada 13, na rua do Almada, local onde a marca prosperou. Mas a vontade de crescer era grande e seguiram-se passos naturais, como a abertura, em 2018, da loja no Norteshopping e, em 2020, mesmo antes do estalar da pandemia, a mudança para a porta ao lado, na mesma rua. Mas foi sol de pouca dura. “Abri a 8 de Março e fechei a 14. Foi super desmotivante, claro, mas pior foi quando regressei em Maio do ano passado de Paris (vinha com a cabeça a fervilhar de ideias) e percebi que tinham fechado a rua, sem perspectiva de reabertura, por causa das obras do metro. Então, percebi que isto já não fazia sentido, sacudi a poeira e mudei de direcção”.
Quis o destino que o rumo a levasse em direcção à Ribeira, mais concretamente à rua do Infante D. Henrique, onde comprou o edifício oitocentista, reabilitado, onde está hoje instalada a Miss Pavlova Maison. “Andei a ver vários espaços, mas nada era aquilo que eu imaginava, até que me deparei com este, em pedra e cimento”. Foram precisos dois meses de projecto e outros dois de obras para que, finalmente, pudesse abrir as portas. Lá dentro, além dos doces gulosos e dos cocktails inspirados, há um espaço polivalente para descobrir, que se adapta a todas as necessidades e horas do dia.
![Miss Pavlova Maison](https://media.timeout.com/images/105966828/image.jpg)
Café com pastelaria fina
Fica no piso superior, à esquerda de quem entra. As pavlovas de vários sabores brilham atrás das vitrinas, nas versões exótica, bosque, natas do céu, Oreo e ovos moles, vendidas à fatia (3,30€), mesmo ao lado das outras, especiais, com sabores a floresta negra, framboesa, lima limão, macchiato ou tiramisú (3,80€). Pelo mostruário há ainda espaço para os macarons coloridos, dispostos em filas ordeiras (entre os 1,30€ e 1,60€/unidade), e para a pastelaria seca que todos os dias chega da Ogi, como os croissants, os pain au chocolat ou os rolos de canela (entre 2€ e 3,50€). Para acompanhar, há bebidas de cafetaria, como o pink cappuccino, decorado com pó de framboesa, “que aromatiza e não condiciona o sabor”, explica Ana Maio.
Ideal para tomar o pequeno-almoço, aqui também se podem devorar almoços rápidos. E a convencer gente apressada, há boas tostas e torradas em pão de fermentação lenta. Quer exemplos? A tosta mista com queijo mozzarella, queijo gouda, fiambre da perna extra e manteiga (6,50€) ou a sandes katsu de salmão em pão brioche artesanal, com salmão curado na casa, creme de beterraba, pepino e aneto (7,90€).
![Maison Miss Pavlova](https://media.timeout.com/images/105966829/image.jpg)
Pink Bar
“O Pink Bar já está pensado desde o início do projecto e o ‘I believe in pink’ tornou-se o nosso mantra à conta das conversas que lançámos online, durante a pandemia, onde dávamos voz a mulheres empreendedoras”, explica Ana, acrescentando que a ideia era preencher “um cenário negro”, como o que se vivia, com alguma cor. Vai daí, espera voltar às conversas em breve (quem sabe com uma das bebidas do Pink Bar a acompanhar ao lado). Para já têm quatro à disposição, todas com motivos rosa: o pink tónico, a pink margarita, o blueberry Pink e o raspberry fizz. Boas para acompanhar com uma fatia de pavlova depois de um extenuante dia de trabalho.
Sala Arte
Fica no piso de baixo e apela à calma e ao convívio. Tem este nome porque é aqui que Ana Maio irá receber com frequência trabalhos de outras mulheres, como exposições de fotografias. A que lá se encontra actualmente, da autoria de Daniela Pedroso, é dedicada ao amor e à cidade de Paris. Possui ainda uma pequena biblioteca em construção, com livros de gastronomia, viagens, arte e design, e um ambiente mais tranquilo que convida a lanches e a brunches mais demorados ao fim-de-semana. O brunch, que ainda está no forno e sairá em breve, será pensado pelo chef Pedro Braga, do restaurante Mito.
![Miss Pavlova Maison](https://media.timeout.com/images/105966830/image.jpg)
Mesmo ao lado, separada por uma porta de vidro, há ainda uma sala versátil que poderá receber desde oficinas a acções de activação de marca, lançamentos de produtos ou eventos organizados pela Miss Pavlova. O próximo acontece dia 11 de Fevereiro e contará com Joana Luís, a arquitecta responsável pelo projecto.
Rua do Infante D. Henrique, 43. 91 597 9517. Seg-Dom 09.30-19.00.