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The Presidential chega ao fim da linha em 2020 envolto numa acusação de favorecimento

Escrito por
Bárbara Baltarejo
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O The Presidential, o histórico comboio português que percorre a linha do Douro com chefs Michelin a bordo, vai deixar de circular em 2020. A notícia foi avançada pelo jornal Público, esta segunda-feira, que refere "uma eventual situação de favorecimento" do empresário Gonçalo Castel-Branco por parte do Museu Nacional Ferroviário. "Decidimos não fazer qualquer comentário de momento", disse o mentor do projecto à Time Out Porto que confirmou, no entanto, o fim da circulação do comboio no próximo ano.

Entre os argumentos do Público para sustentar a alegação de favorecimento, está o facto de, em 2015, o empresário ter tido como sócia Marta Sousa, mulher de Miguel Relvas (PSD). "Jaime Ramos, ex-presidente da Câmara do Entroncamento eleito pelo PSD e à data presidente da Fundação Museu Nacional Ferroviário (tecnicamente falida), é quem atribui o comboio (recuperado com dinheiros públicos) à empresa da mulher de Miguel Relvas para realizar um negócio de luxo", lê-se. 

Gonçalo Castel-Branco é o responsável pela sociedade Trajectórias & Melodias Lda
© Marco Duarte

Também a cedência do veículo sem concurso público ou outras contrapartidas a não ser um plano estratégico de marketing realizado por Castel-Branco e um desconto de 10 mil euros por parte da CP na prestação do serviço de tracção (o comboio é movido por uma locomotiva da empresa pública), são referidos no artigo online. 

Gonçalo Castel Branco rejeita a situação de favorecimento e argumenta: “primeiro, a Marta começou a trabalhar comigo ainda antes de casar com o Miguel Relvas e saiu da empresa seis meses depois do Presidencial ser lançado sem nunca ter ganho um euro”. E acrescenta: "Sei de concorrentes que abordaram repetidamente o Museu Ferroviário para ficar com o comboio, mas não aceitaram os pesados encargos que a sua circulação acarreta para um tão limitado número de lugares e de quilometragem", disse o mentor do The Presidential.  

Em entrevista à Time Out Porto, em Setembro de 2018, Gonçalo Castel-Branco já havia referido os encargos das viagens. "A verdade é que em cada 500 euros [preço da viagem], eu tenho 350 euros de custos. (...) as manutenções, as inspecções, os seguros, a gasolina, o ter que o levar para a linha". "Até hoje nunca deu 1€ de lucro", acrescentou.

Recorde-se que, antes de começar a circular, a composição de 1890 foi alvo de um restauro de 1,5 milhões de euros (dos quais 1,2 milhões provenientes de fundos comunitários), para depois ser usado em passeios turístico-culturais, quer por entidades públicas, quer privadas. 

Em 2017, o The Presidential foi eleito o melhor evento público do mundo pelos Best Event Awards e em Fevereiro foi nomeado para o melhor evento do ano pelo World Restaurant Awards. 

+ Gonçalo Castel-Branco: "Eu era o tipo das ideias estúpidas que funcionavam"

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