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Uma rua no Porto para lembrar Gisberta (1961-2006)

Foi lançada uma petição para dar o nome de Gisberta Salce Júnior a uma rua no Porto, em homenagem à mulher que foi assassinada por um grupo de adolescentes em 2006.

Escrito por
Ana Patrícia Silva
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Em 2006, Gisberta Salce Júnior – uma mulher transgénero brasileira que veio para Portugal para fugir da violência transfóbica no Brasil – foi agredida e torturada repetidamente durante dias por um grupo de 14 adolescentes, tendo acabado por morrer no fundo do poço de um prédio abandonado no Porto. O seu corpo foi enterrado em São Paulo, mas a sua presença é ainda marcante em Portugal, onde se transformou numa bandeira para os direitos humanos, fortalecendo a comunidade LGBTI+.

No ano em que se assinalam 15 anos desde o assassinato de Gisberta, surgiu um movimento cívico para pedir que o seu nome seja atribuído a uma rua da cidade do Porto. A partir de uma proposta da actriz e encenadora Sara Barros Leitão, a Marcha do Orgulho LGBT do Porto lançou esta quarta-feira um abaixo-assinado para voltar a endereçar o pedido de atribuição do nome de Gisberta Salce Júnior a uma rua da cidade do Porto à Comissão de Toponímia. A carta pode ser assinada por colectivos e por pessoas individuais, até Julho, neste link.

A proposta de atribuição do nome de Gisberta a uma rua da cidade já tem vindo a ser feita "em vários momentos, em diferentes contextos, embora nunca tenha sido considerada pela Comissão", refere o comunicado. "Consideramos que a atribuição do nome de Gisberta Salce Júnior a um arruamento da cidade seria uma forma de a cidade não deixar esquecer este acontecimento. Pelo contrário, seria uma forma de o assumir. Não apenas como homenagem e memória de uma mulher a quem a cidade falhou. Mas, também, como compromisso para o futuro."

O comunicado lança ainda o alerta de que "a violência de que a Gisberta foi alvo continua presente nas ruas do Porto e, de resto, por todo o país". "Quinze anos depois, a comunidade trans continua largamente exposta à mesma marginalização, preconceito e violência que entregam às ruas todas as pessoas que a cidade é incapaz de proteger e abrigar com a mesma dignidade a que qualquer ser humano tem direito."

Durante os próximos meses, a Marcha do Orgulho LGBT do Porto irá também promover um ciclo de conversas e debates intitulado “Se esta rua fosse minha”, que acompanhará esta acção, para discutir "o que queremos da cidade e das ruas, do espaço público e da forma como ele deve servir as reais necessidades de todas as pessoas". 

+ As mulheres, como as ruas, abrem caminho umas para as outras

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