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Djemaa el Fna
©DR

Marraquexe: conhecer os cantos à Medina

Aterrámos nos labirínticos souks, perdemo-nos várias vezes entre lojas de artesanato, bancas de comida, galerias e hammans e, de regresso à praça Djemaa el Fna, conseguimos traçar um roteiro da cidade mais cool de Marrocos

Escrito por
Nelma Viana
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O que é que se terá passado no fim-de-semana da Páscoa que tudo quanto é blogger e famoso deste país decidiu ir passar as festas a Marraquexe? Estaria a acontecer alguma coisa muito importante por lá que nos tenha escapado? As viagens estavam a preço de saldo? Bom, por cá, ficámos com um bocadinho de inveja pelo simples facto de que também preferíamos ter passado uns dias a apanhar solinho em traje de banho de copo na mão. Mas valeu-nos a lembrança de um tempo em que também nós, comuns mortais, fomos muitos felizes em Marraquexe. Vai daí, fomos ao álbum de memórias resgatar o roteiro essencial daquela que é uma das cidades mais coloridas, vibrantes e aromáticas de Marrocos. E do mundo.

Ora o centro de Marraquexe tem a particularidade (tem várias particularidades, na verdade) de ter uma geografia aparentemente complicada, com ruas e ruelas e becos escondidos que vão dar a outros becos que acabam por desembocar em pequenas pracetas, mas uma navegação surpreendentemente simples. A casa de partida é na Djemaa el Fna, a praça central onde convivem alegremente tradicionais vendedores e animadores de rua com cadeias de fast-food americanas. É uma armadilha para turistas, claro que sim, mas não deixa de ser imperdível. Por lá, há duas coisas a fazer: a primeira, fugir dos encantadores de cobras que andam à caça de uns trocos a troco de uma fotografia com uma serpente ao pescoço – o sonho de uma vida, portanto –, a segunda, beber um copo de sumo de laranja espremida na hora num dos carrinhos estacionados na praça para o efeito. No caso, não se deixe intimidar pelas moscas ou pela higiene questionável das “instalações”. É beber, não pensar muito nisso e rezar para que o líquido se mantenha no corpo até à próxima digestão.

A partir daí está-se pronto para desbravar a Medina e começar a descobrir os recantos à cidade. Por qualquer uma das artérias da praça o passeio será sempre pelo maior mercado de artesanato ao ar livre, que se divide em vários souks (mercados) mais ou menos temáticos. Há zonas mais caras do que outras, sítios onde os comerciantes estão dispostos a negociar e outros, os que já representam a nova geração
 de designers locais, que vêem 
o regateio como um insulto. Tapetes, mantas, sapatos de ráfia, babuchas de todas as cores, especiarias, sabonetes, produtos de beleza, loiça pintada à mão, malas e pufs
 de pele, mobiliário e artigos de decoração trabalhados à mão... é à vontade do freguês. Quando perceber que já leva uma série de sacos cheios de pequenos souvenirs (os cominhos para o primo, as pulseiras para a irmã, uma mantinha para a avó), vá ao que interessa: os tapetes. Soufiane Zarib é o homem que mais sabe do assunto na cidade. Representa a terceira geração do negócio e é um conhecedor irrepreensível da arte berbere. A loja fica num riad escondido na Rahba Kehdima (uma praça simpática onde se encontra a melhor da cestaria local) e aceita encomendas de peças por medida. O Café des Épices, logo ao lado, é paragem obrigatória ao lanche. Tem uma esplanada panorâmica e dos melhores chás de menta, bolos e sumos naturais das redondezas. Pelas ruas intrincadas da Medina encontra também várias bancas de comida para picar com pão acabado de fazer, espetadinhas de carne, saladas on the go, vegetais grelhados e outros petiscos tradicionais menos consensuais como a cabeça de cabra ao vapor, o fígado panado, as sardinhas recheadas... enfim... porta sim, porta sim há oferta para entreter o estômago com várias especialidades locais.

Ainda no espírito da boa mesa, vai-se lembrar que passou por uma montra de loiça artesanal incrível e vai querer 
lá voltar, mas é quase certo que vai falhar uma ou duas cortadas e desistir da ideia. Assim, se o assunto é tableware, a loja de Mustapha Blaoui é a dica ideal para si. É um armazém imenso com várias salas bem recheadas de loiça, mobília e crafts e onde se abastecem a maior parte
 dos hotéis e restaurantes da cidade em busca do mais fino artesanato (Rue Bab Doukkala, 142/4).

Reserve o fim de tarde para uma experiência de spa num dos hammans da cidade, onde se pode entregar a uma esfoliação com sabão preto e a uma massagem de corpo inteiro com óleo e ervas que termina com um mergulho numa piscina aquecida. Encontra-os um pouco por todo o lado, basta ir olhando para as ombreiras das portas e escolher o que lhe aprouver. O Les Bains de Marrakech, já na zona de Kasbah (a cerca de 3 km do centro da Medina mas ainda dentro dela), é uma aposta certeira para sair de corpo e alma renovados. Aproveitando que está pela área, dê um salto ao Café Clock, um riad que reúne um restaurante, uma galeria de arte e uma oficina de culinária com ateliês de cozinha, palestras e eventos pop-up com chefes convidados. Termine o dia em beleza no Riad Kitula Marrakech, um oásis natural, guardado por um jardim frondoso que esconde uma piscina magnífica e onde, além dos quartos em terracota, pode optar por passar a noite debaixo das estrelas numa das suítes ao ar livre no terraço. Explore os cantos à casa, desfrute das poltronas para ler um livro em silêncio e derreta-se com um pequeno-almoço tradicional temperado com o requinte que se espera de um hotel de luxo. (Desde 200€ por noite).

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