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Jorge Manuel Lopes
© Marco Duarte Jorge Manuel Lopes é o CEO da PEV Entertainment

Jorge Manuel Lopes: "O Marés Vivas é o festival que traz os maiores nomes internacionais ao Norte"

O MEO Marés Vivas começa hoje, cheio de novidades. Tudo graças à energia deste senhor

Escrito por
Mariana Morais Pinheiro
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A grande novidade do MEO Marés Vivas deste ano é a mudança de local? Era necessária?

Sim, e por dois motivos. O festival [que acontece de 20 a 22 de Julho] precisava de uma ampliação, já esgotava há sete ou oito anos, e também porque estávamos a utilizar um espaço privado onde está a ser construído um prédio, mesmo na zona onde ficava o palco. Este ano, já teria de ser noutro sítio. De qualquer das formas, era uma vontade nossa, e uma vontade da Câmara Municipal de Gaia também, de arranjar um espaço que pudesse corresponder à dimensão que o festival está a ganhar. No ano passado, os bilhetes esgotaram dois meses antes. Temos a noção de que o MEO Marés Vivas é um festival que poderá receber entre 40 mil a 45 mil pessoas por dia.

E não se vai perder esse lado familiar que lhe é tão característico?

Não. É uma evolução normal. Este festival é familiar porque temos sempre artistas e momentos interessantes para pessoas dos oito aos oitenta anos. Já tivemos Elton John e já tivemos D.A.M.A. a fechar a noite a seguir a Elton John. Coisas que não jogam, geralmente, em muitos festivais, mas no MEO Marés Vivas jogam e ficam bem. Com isso, ganhamos públicos e vemos as pessoas mais velhas, que gostam de Elton John, a começar a gostar de D.A.MA. também. E é interessante ver essa mistura de gerações a conviver e a divertir-se.

Porquê a Antiga Seca do Bacalhau?

Porque foi o espaço que encontramos mais próximo. Estamos a falar de 600 metros de distância em relação ao anterior [Praia do Cabedelo], e porque queríamos manter a identidade do festival, manter a proximidade ao rio, à água e ao mar. O espaço estava disponível e avançámos. É cinco ou seis vezes maior do que o anterior, portanto, permite-nos crescer, criar novos palcos.

Por falar em novos palcos...

Vamos ter um palco digital, o KIA Digital Stage, que será um palco das novas tendências, com performances de youtubers, de influencers. Vamos ao encontro do que está na moda, do que as pessoas nos pedem e querem ver. Vamos ter o SirKazzio, a SEA e o Waze, que vão fazer as performances que habitualmente fazem no YouTube. Só para termos uma ideia, o SirKazzio, neste momento, tem mais seguidores do que o Cristiano Ronaldo.

É um apelo às novas gerações?

Sem dúvida. Às novas gerações, às novas tendências e ao digital. A Sea vai lançar em primeira mão, no MEO Marés Vivas, duas novas músicas.

E há mais novidades?

Tendo em conta os anos anteriores, em que tínhamos um festival para 30 mil pessoas, num espaço que não nos permitia respirar em termos de palcos, neste momento vamos ter tudo muito mais espalhado pelo recinto. Vai haver sempre coisas a acontecer em todos os palcos. Vamos ter uma zona de restauração muito mais espaçosa e com mais oferta, as zonas de casas de banho também evoluíram, e vamos fazer um espaço com arruamentos. Acho que vai ficar muito bem conseguido. 2018 vai ser histórico.

Produzes o MEO Marés Vivas desde o início. Como é criar um festival de raiz?

Desde o início, sim. O MEO Marés Vivas é uma marca nossa [da Pev Entertainment, empresa de organização e promoção de eventos], que começámos a desenvolver em 2007, numa versão ano zero. Levámos os Chemical Brothers ao Areinho de Oliveira do Douro e foi um estouro, um sucesso. Foi nessa altura que, em conjunto com a Câmara Municipal de Gaia, decidimos fazer um festival de três dias. Desde então, tem sido incrível. Este é o festival que traz os maiores nomes internacionais ao Norte do país. O que nos diferencia são os Elton John, os Sting, os Lenny Kravitz, os Jamiroquai...

Vilar de Mouros deu-te experiência?

Sim, já tínhamos um historial. Organizámos, desde o início da empresa, em 1999, o Vilar de Mouros. Quando terminou, estava no nosso objectivo de empresa ter um festival. Nessa altura tínhamos a noção de que os festivais eram cada vez mais solicitados nos meios urbanos. Lisboa já tinha um [o NOS Alive], o Porto não tinha. Portanto, na altura, a conjugação foi perfeita.

Quanto tempo demora a preparar um festival?

Os festivais trabalham-se o ano todo. Já estamos em negociações para o próximo.

São os artistas que se propõem a vir?

Sim, hoje em dia já notamos isso. Chegamos lá para Outubro e as agências internacionais têm o MEO Marés Vivas na agenda. Depois é só uma questão de querermos o artista e de termos capacidade para lhe pagar.

Quem é que vos surpreendeu?

No ano passado, por exemplo, foi o Sting que disse, logo à partida, que queria vir cá. Com o Elton John aconteceu o mesmo. Este ano, o Jamiroquai propôs-se e o David Guetta também. O Guetta já cá esteve há cinco anos e quis voltar. Os Kodaline, por exemplo, são uma banda que sempre que vem ao Norte, vem cá. As bandas sentem-se bem tratadas, gostam do público e, por isso, voltam.

E isso é bom.

É óptimo. É sinal que o festival tem uma marca lá fora. É sinal de reconhecimento pela indústria e pelos profissionais.

Qual foi a contratação mais complicada?

Saltamos de alegria quando conseguimos confirmar os Thirty Seconds To Mars, há quatro anos. Era uma banda na qual acreditávamos muito.

Estiveram muito tempo em negociações?

É tudo uma questão de money, money talks. E íamos até onde tivéssemos de ir. A banda estava disponível, queria tocar nesse fim-de-semana e, na altura, estávamos a concorrer com um festival francês. Mas a banda gosta de Portugal e escolheu-nos.

Podemos falar de números?

São bandas que rondam sempre o meio milhão de euros para cima.

Podemos falar de números?

São bandas que rondam sempre o meio milhão de euros para cima.

E de quanto é o investimento de um festival desta envergadura?

De três milhões e meio.

Lembras-te de algum artista com grandes exigências?

No MEO Marés Vivas, por acaso, nunca tive nenhum. No passado, sim. Em Vilar de Mouros lembro-me de um episódio com o Joe Strummer. Por causa dele andei a carregar aquecedores em pleno Agosto porque o senhor tinha frio.

Quando uma edição do Meo Marés vivas chega ao fim o que sentes?

Ponho-me à porta. Gosto de ver as pessoas a sair do recinto com um ar satisfeito. Gosto de perceber que gostaram deste ou daquele concerto, e que se divertiram. Para nós, esse é o grande best of do festival. Depois, gosto de olhar para os artistas. Vê-los a agradecer ao público e à organização do festival, e perceber que quererem voltar à cidade. O Lenny Kravitz, por exemplo, quando veio cá, tinha marcado apenas dois dias no Porto, mas acabou por ficar mais quatro. Andou a passear pela Ribeira, sozinho, com o cão. Sim, ele trouxe o cão. E isto, para nós, é interessante. Trazemos os artistas e eles levam a cidade lá para fora.

O Mercado Beira-rio, que abriu recentemente em Gaia, tem dedo teu. Como é que alguém do mundo da música se lança no da restauração?

Teve a ver com música, claro. Há quatro ou cinco anos fui a um fórum de música, o Womex, em Copenhaga. Estive três dias lá, aluguei uma bicicleta e andei a passear pela cidade, até que parei num mercado que adorei. Almocei e jantei lá todos os dias e pensei: “Um dia vou fazer uma coisa destas no Porto.” Quando voltei, vi uma notícia a dar conta que o presidente da Câmara de Gaia queria reabilitar o mercado. Surgiu a oportunidade e avançámos.

Nessa altura já sabias o que querias do espaço?

Queríamos ter tudo o que fosse a comida tradicional da cidade. Ter os Guedes da vida [Casa Guedes] e os cachorrinhos [Gazela]. No fundo, queríamos ter as ruas do Porto dentro de uma praça fechada.

E a concessão do Pavilhão rosa Mota da qual tanto se fala?

É o nosso grande projecto. Ficamos com a concessão do espaço, depois de um concurso da Câmara Municipal do Porto, e estamos em obras. Em breve vamos ter grandes novidades.

Já há previsões de abertura?

Abre em Maio de 2019. Vai ser uma sala de espectáculos incrível, a maior do Norte do país, que vai albergar congressos e espectáculos de grande dimensão que, geralmente, não vêm ao Norte... O Porto está a fervilhar. Ainda não abrimos e já temos gente a pedir datas. Vai ser a sala mais próxima do Altice Arena em termos de dimensão, mas com uma grande vantagem em relação a esta. É que o Altice Arena está a 15 quilómetros do centro. Nós não. Nós estamos nos Jardins do Palácio de Cristal, a cinco minutos a pé da Baixa.

Entusiasmados?

Claro. É um projecto de vida. É um projecto incrível porque vai mexer com a cidade. Acredito que este pavilhão vai ser um potenciador. Vai atrair o turismo de negócios, vai tornar o Porto num destino para congressos de grande dimensão. Neste momento, temos três ou quatro pedidos para congressos que envolvem cerca de 3 mil pessoas. São três mil pessoas que vêm dos EUA para cá, são três mil camas. Um absurdo. Enquanto que o turista que viaja na Ryanair gasta entre 40€ ou 50€ por dia, o turista em negócios gasta 1500 euros por dia. É um projecto que nos está a tirar o sono, mas que vai mexer com tudo.

Passado, presente e futuro

© Marco Duarte

O que fez

Nascido e criado na Invicta, como gosta de dizer, Jorge estudou Marketing na Universidade do Porto, mas não chegou a concluir o curso. Em 1999 fundou a PEV Entertainment e, nesse ano, organizou o Vilar de Mouros.

O que faz

É CEO da PEV Entertainment, uma empresa de organização e promoção de eventos voltada para a área do entretenimento. Organiza o MEO Marés Vivas, e a ideia do Mercado Beira-Rio, em Gaia, partiu dele, depois de uma viagem à Dinamarca.

O que vai fazer

A sua empresa ficou com a concessão do Pavilhão Rosa Mota, depois de um concurso lançado pela Câmara Municipal do Porto. O espaço já está em obras e espera-se que abra ao público em Maio do próximo ano.

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