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Aberto desde Setembro do ano passado, o L’Égoïste tem feito as delícias de quem passa pelo piso térreo do Renaissance Porto Lapa Hotel, hotel de cinco estrelas da cadeia Marriott. Depois de uma carta bem portuguesa, assente no conceito da partilha, o novo menu veio fazer jus ao nome do restaurante, num registo mais clássico, requintado e individual.
Esta metamorfose chega pelas mãos do chef Miguel Pinto, de 29 anos e passaporte bem carimbado, espelhante da diversidade do seu trajecto profissional até ao momento. “Comecei a familiarizar-me com a cozinha muito cedo, nas pastelarias do meu pai, e desde aí soube que era o percurso certo para mim”, conta o chef natural de Lamego. “Depois de terminar o curso na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, passei por Barcelona, Londres, Doha (no Qatar), Dubai, Lucerna (Suíça) e Algarve, até regressar a casa, no final do ano passado”.
Até então sous chef, o L’Égoïste marca a primeira experiência do jovem enquanto líder da cozinha e, claro, as suas internacionalizações foram uma das principais inspirações da carta. “A base é muito mediterrânea, com várias fusões”, revela, acrescentando que “o mais importante é ter o produto a saber ao produto - é esse o meu objectivo”.

Um volta ao mundo à mesa
O cosmopolitismo da carta manifesta-se, desde logo, nas entradas. A rosa (20€) é a favorita do chef: uma bonita flor cujas pétalas são fatias de salmão curado, regadas com molho sudachi e decoradas com ovas e puré de limão, numa explosão de frescura e mar que nos transporta até ao Japão. Pelas outras entradas, o tempo de viagem é mais curto. O gazpacho (12€) inova com a introdução da framboesa e os espargos brancos (14€) são adornados por um vistoso gribiche. Já a costela desfiada (18€) destaca-se pela sua tenrura, conseguida através de 48 horas de confecção.
O chef defende que qualquer entrada pode ser partilhada, mas há pratos designados para o efeito. É o caso dos croquetes de boi (18€) com chouriço transmontano e o polvo frito (24€) com romesco e batata cerejada, que combinam o melhor da Península Ibérica. A mistura da Terra (20€), que incorpora quinoa, edamame, espargos e amêndoas, e o carpaccio (16€) de cogumelos Portobello, caju, rúcula e queijo parmesão são as opções vegetarianas.
“Peixe não puxa carroça”, como se costuma dizer, mas, pelos pratos principais, o robalo de Matosinhos com puré de aipo assado, bimis, kale e molho champagne - “Terra e Mar” (26€) - e o ravioli de lavagante (36€) com molho bisque são boas provas em contrário. Se for mais fã de carnes, as short ribs com vegetais assados e molho barbecue (30€) “derretem na boca como manteiga” e o mesmo se pode dizer da barriga de leitão (28€), confeccionada durante 24 horas e acompanhada por alface cogolho grelhada, molho de laranja e a tradicional batata frita — “uma reinterpretação do leitão da Bairrada”, diz o chef. Na mesma onda lusitana, encontramos ainda o Mil Folhas e Uma Cevada (18€), uma aconchegante cevadinha de beringela, combinada com algas nori e cogumelos ostra grelhados.

Pelo lado das sobremesas, não houve (tanta) reviravolta, já que os doces continuam totalmente nas mãos do chef pasteleiro Ricardo Tiago. A sua releitura internacional dos cannoli, “Portugal pelo Mundo” (15€), continua a ser uma das grandes atracções da carta de sobremesas. A ela juntam-se “Diz que é uma espécie de Tatin!” (10€), composta por terrina de maçã infundida com pimenta sichuan, gelado de manteiga queimada, massa folhada e molho de tomilho e limão, e o tiramisu caviar (13€), que nos chega numa latinha ostentosa, “mesmo para dar a ideia do caviar”, revela Bárbara Marafona, sous-chef de pastelaria no L’Égoïste. A adaptação desta sobremesa italiana consiste em camadas de namelaka de chocolate, creme de queijo e pão brioche tostado, adornadas com o tal caviar de café.
Para iniciar, findar ou acompanhar a refeição, há oito cocktails e três mocktails novos ao seu dispor, todos com perfis, apresentações e ingredientes diferentes. O Calamansi (18€), com tequila, yuzu, chá verde e gengibre; o Morango (18€), com Bacardi, amêndoa, baunilha e hibiscus; e o Maracujá (15€), com Bacardi ocho, flor de laranjeira, tamarindo e rosas são os bestsellers até ao momento.

Actualmente em obras, o Renaissance Porto Lapa Hotel tem a abertura de uma nova ala prevista para Julho, que inclui mais quartos, um spa e a possibilidade de um novo restaurante. Mas, por enquanto, há muito para aproveitar e experimentar no L’Égoïste.
R. de Cervantes 169. 22 976 9810. Seg-Dom 11.00-23.00.
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