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‘Misdirected Kiss’, de Martine Syms
@nvstudio‘Misdirected Kiss’, de Martine Syms, integra a exposição ‘Anagramas Improváveis. Obras da Colecção de Serralves’

Álvaro Siza estava ansioso por pôr à prova a nova ala de Serralves. O dia chegou (e é grátis)

Novo edifício de Serralves inaugura este sábado as duas primeiras exposições: uma com a colecção do museu e outra com o arquivo de Álvaro Siza.

Escrito por
Ana Catarina Peixoto
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A Ala Álvaro Siza, a mais recente extensão do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, já não está vazia. Logo à entrada, o primeiro contacto com este novo edifício do museu é através do som. "É o que é" ou, em inglês, "It is what it is" são as frases que vão ecoando a partir de duas colunas, com a voz da artista portuguesa Luísa Cunha. Começa, assim, "Anagramas Improváveis. Obras da Colecção de Serralves", a primeira exposição a nascer nesta nova ala, juntamente com outra mostra construída a partir do acervo cedido por Álvaro Siza Vieira –  "C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza, Arquivo". As duas exposições são inauguradas este sábado, 24 de Fevereiro.

"Abrimos o edifício em Outubro do ano passado e decidimos, durante alguns meses, mostrá-lo vazio, sem nenhuma obra de arte dentro, para que os visitantes pudessem apreciar na sua plenitude este projecto de Álvaro Siza. Agora é altura de o edifício ter o uso para o qual foi pensado, ou seja, para acolher exposições", explicou Ana Pinho, presidente da Fundação de Serralves, numa visita às duas exposições. 

O novo edifício, projectado por Álvaro Siza, tem três pisos e permitiu aumentar a área expositiva do Museu de Serralves. O arquitecto diz ter aguardado "com alguma ansiedade" pela inauguração destas exposições, que serão agora "uma primeira prova de funcionamento da nova ala enquanto espaço expositivo das três artes plásticas: arquitectura, pintura e escultura". 

Uma colecção em diálogo

Passando de um início marcado pelo som para um espaço em que a imagem predomina, desde logo com Misdirected Kiss, de Martine Syms, estamos na primeira exposição da Ala Álvaro Siza. Esta ala vai acolher todas as mostras da colecção de Serralves, ou exposições dedicadas à arquitectura e aos vários arquivos depositados na Fundação.

Em "Anagramas Improváveis" não há percursos definidos e obrigatórios e as colecções podem dialogar entre si. A própria arquitectura da nova ala o proporciona, uma vez que a sucessão de galerias permite ao visitante poder ver em simultâneo o conteúdo de diferentes salas. E escolher a que quer visitar. 

A exposição "Anagramas Improváveis" contem obras da Colecção de Serralves
@nvstudioA exposição "Anagramas Improváveis" contem obras da Colecção de Serralves

Aqui, desafiam-se relações, apostando-se em diálogos inéditos e improváveis entre artistas relativamente jovens (como Juliana Huxtable, Martine Syms, Korakrit Arunanondchai, Zanele Muholi, entre outros) e artistas pertencentes a gerações mais antigas ou considerados históricos (como por exemplo Joan Jonas, Lourdes Castro, Lothar Baumgarten, Cabrita, Julião Sarmento, Paula Rego, Lygia Pape, entre muitos outros).

A exposição contempla a ancoragem da Colecção de Serralves nos movimentos artístico-literários dos anos 1960-70, bem como na mítica exposição portuguesa "Alternativa Zero" (1977) e na exposição-manifesto que inaugurou o Museu de Serralves, "Circa 1968" (1999). A curadoria esteve a cargo de Marta Almeida, Isabel Braga, Inês Grosso, Ricardo Nicolau e Sónia Oliveira e Philippe Vergne.

A colecção de Serralves é, segundo Ana Pinho, "a alma do museu" e, por isso, era importante ter um espaço definitivo para a acolher, guardar e mostrar. "Era um objectivo nosso já há alguns anos poder ter um espaço onde a colecção é apresentada em permanência, embora em exposições que se sucedem, levando a colecção ao contacto e ao conhecimento dos muitos visitantes que aqui passam todos os anos.”

Álvaro Siza ao longo do tempo

Ao longo de um piso inteiro, entramos no mundo de Álvaro Siza. A exposição "C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza, Arquivo" conta com nove segmentos – um para cada década da vida do arquitecto. Recuamos até aos primeiros desenhos de Siza, incluindo banda desenhada, e conhecemos de perto os vários edifícios que projectou.

São as várias casas de Siza: Serralves, as casas de cultura, de conhecimento, de fé, de lazer, de comércio, de família, do povo e de trabalho. A curadoria desta exposição esteve nas mãos do arquitecto António Choupina. Siza Vieira disse que teve "pouca intervenção" nesta exposição: "Confiava inteiramente no arquitecto encarregado disso, que já organizou várias exposições minhas. Foi confiança e também pouco tempo para me ocupar disso".

“C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza, Arquivo” é uma das exposições da nova Ala Álvaro Siza
@nvstudio“C.A.S.A. Coleção Álvaro Siza, Arquivo” é uma das exposições da nova Ala Álvaro Siza

"Tenho a esperança de ter respondido de forma apropriada ao programa que me foi indicado e, já agora, de não ter molestado o parque e as árvores classificadas, que quase me fizeram o favor de desenhar o projecto. As árvores que espreitam pelas poucas, mas intencionais, janelas", terminou Álvaro Siza na apresentação. 

Para assinalar as duas exposições inaugurais da nova Ala Álvaro Siza, as visitas ao Museu de Serralves são gratuitas durante todo o dia de sábado, 24 de Fevereiro.

Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Rua Dom João de Castro, 210 (Porto). Seg-Sex 10.00-18.00, Sáb-Dom 10.00-19.00. 13€

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