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Toli César Machado
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No cinema de Toli César Machado: “Não resisto a uma boa canção”

Segundo álbum a solo do compositor dos GNR vai ser apresentado este domingo na Casa da Música. ‘Noir’ é uma viagem cinematográfica.

Escrito por
Ana Catarina Peixoto
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Foi no estúdio cuidadosamente montado em sua casa, no Porto, que Toli César Machado produziu grande parte do seu mais recente disco a solo. É lá que o também músico e compositor dos GNR tem vindo a preparar o concerto de apresentação de Noir, que vai acontecer este domingo, 18 de Fevereiro, na Casa da Música.

Noir é um disco “intuitivo, que foi acontecendo”, com a palavra como prioridade e inspirado numa viagem pelo estilo cinematográfico que marcou os anos 40 e 50. “O nome deste álbum surgiu por causa dos instrumentais que estava a fazer, que me remete sempre para bandas sonoras. Também cheguei a estudar cinema e gosto muito do filme noir. O disco não é totalmente demonstrativo do género, porque acaba por seguir outros caminhos, mas tem qualquer coisa, daí o nome”, explica à Time Out o músico de 62 anos, acrescentando que pensar no nome do disco chega a ser o trabalho mais difícil. “Por vezes é mais difícil fazer isso do que fazer uma canção”, remata.

O segundo álbum a solo foi editado em Dezembro do ano passado e é o sucessor de Espírito – Contrário da Escuridão, o disco de estreia em nome próprio, lançado em 2018. O mais recente trabalho conta com a participação de vários artistas nacionais, quer na autoria das letras quer nas vozes. A cantora Ela Vaz dá voz ao single de estreia deste disco, “Calipso Amor”, e Helder Moutinho foi a voz convidada para o single “Sul”. Participam ainda músicos como Marisa Liz, Valter Lobo, Marcela Freitas, Zeca Medeiros e Ricardo Parreira.

“Sou muito esquisito com as letras”

Noir, acrescenta Toli, “é a continuidade do primeiro disco, mas mais evoluido”. Em que sentido? “O outro talvez seja um pouco mais experimentalista. Neste disco foquei-me mais nos pormenores e na perfeição das canções”, responde. Se a ideia inicial do projecto era fazer apenas instrumentais, o músico acabou por mudar o rumo e percebeu que o caminho contaria também com a música cantada. 

“Não resisto a uma boa canção e quando vejo que as músicas têm hipótese de passarem a canção… O caso da música que a Marisa Liz canta, por exemplo, era um instrumental que sempre tive, que estava guardado. E foi uma experiência que se fez: fiz uma melodia em cima e ela gostou”, conta, acrescentando que “por vezes, quando as coisas são cantadas, é mais fácil chegar às pessoas”. 

Ainda assim, ressalva, uma das músicas mais ouvidas deste disco é o instrumental “Noir” e há a vontade de, num futuro trabalho, apostar mais no conteúdo instrumental. Até porque, explica, Toli é exigente com as letras das músicas. “Sou muito esquisito com as letras. Ou são coisas muito boas ou prefiro não ter. Para ser palavra tem de ser muito bom, se não não vale a pena”, alerta.

Gerir um projecto a solo enquanto continua a trabalhar com os GNR não tem sido uma tarefa difícil, diz. O maior desafio é conciliar agendas: “Acho que consigo separar as coisas. Sei que há pessoas que não o conseguem fazer – conheço pessoas que têm bandas pop e projectos pop. Aquilo é quase a mesma coisa, mudam só os músicos e as canções. Aqui quis fazer uma coisa um pouco diferente. Ando com algumas pessoas ligadas ao fado, outras da chamada old music… tento sempre fazer uma coisa diferente. Não tenho bateria ao vivo, tenho percussionista. Penso que consigo ver isso de maneira diferente”.

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O concerto de apresentação na Casa da Música está marcado para as 21.30 e vai ser, em simultâneo, um concerto de apresentação também do primeiro disco, uma vez que nunca chegou a ser apresentado “por questões de logística e de agenda”. Para este espectáculo, Toli César Machado vai partilhar o palco com músicos que participaram tanto no primeiro como no segundo disco – Adolfo Luxúria Canibal, Ela Vaz, Marcela Freitas, Ricardo Parreira, Valter Lobo, Wallow Choir e Hélder Moutinho.

Casa da Música. 18 Fev, Dom 21.30. 18€-20€

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