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“Queremos continuar a história”. Sete anos depois, o mítico Pacha Ofir reabriu com uma nova vida

Ver este espaço fechado "era um crime" e, por isso, um grupo de empresários recuperou a lendária discoteca de Esposende, agora chamada Ups Ofir.

Ana Catarina Peixoto
Escrito por
Ana Catarina Peixoto
Jornalista, Porto
O Ups Ofir abriu no dia 5 de Julho
DR | O Ups Ofir abriu no dia 5 de Julho
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O símbolo da cereja permanece na entrada do Lugar das Pedrinhas, em Esposende, e é difícil não saber onde estamos. Há cerca de 30 anos nascia aqui uma das discotecas mais lendárias do país – o Pacha Ofir –, que recebeu nomes como o DJ Carl Cox, Marco Carola, Black Coffee ou Boney M e colocou a zona de Ofir no mapa da animação nocturna. O maior Pacha do mundo fechou portas há cerca de sete anos, deixando um legado inapagável em diversas gerações. Mas a história não acaba aqui: o espaço foi reabilitado e ganhou uma nova vida em Julho, com a abertura do Ups Ofir, um clube nocturno que quer recuperar a essência do mítico Pacha, mas dando-lhe uma nova energia e uma nova cara. 

João Rodrigues, Nuno Pontes, Pedro Lobo, Pedro Oliveira e Marco Gomes, cinco empresários do Minho com experiência na organização de eventos e na gestão de espaços nocturnos, estavam de olho na recuperação deste espaço há mais de dois anos, fruto do significado que o Pacha Ofir teve na sua juventude, mas também por sentirem que era necessário devolver um espaço nocturno à zona. “Temos projectos dinâmicos nas nossas cidades e sentíamos que faltava aqui na zona litoral do Norte uma casa com capacidade emergente de absorver o máximo de clientes possível. Então pensamos: porque é que não nos juntamos e agarramos este projecto?”, explica Nuno Pontes à Time Out.

Assim foi. Com um investimento de cerca de 350 mil euros, os empresários de Braga e de Guimarães recuperaram o espaço que acolheu a discoteca Pacha Ofir e que em 1999 chegou a ser considerada uma das 21 melhores discotecas do mundo pela revista britânica Musik. Agora, o projecto chama-se Ups, tal como o nome do clube privado que João e Nuno chegaram a ter em funcionamento aqui. O proprietário do antigo Pacha Ofir, José Manuel Vieira, confiou no trabalho destes empresários para recuperar o espaço: “Ele abriu isto há 30 anos e ver este espaço, com tanta história, fechado, era um crime". 

O espaço foi renovado
DRO espaço foi renovado

Uma casa de Verão

Entre a grandeza do pinhal de Esposende, entramos neste renovado espaço. O branco que antigamente cobria as paredes deste edifício foi substituído por uma cor mais quente – terracota , com texturas e materiais de influência marroquina. Tudo aqui tem ar de Verão, desde a vegetação que cobre os bares aos camarotes que fazem lembrar passadiços na praia com as suas tábuas de madeira à volta. E é impossível não ficar impressionado pela dimensão de cada canto. “São cinco mil metros quadrados de edifício coberto”, explica Nuno, enquanto nos guia pela discoteca.

O Ups Ofir tem capacidade para receber mais de 3500 pessoas e está dividido em dois espaços distintos: o Instante, uma parte exterior com um restaurante para comer, descontrair e beber um copo antes de entrar na pista e que está aberta das 21.00 às 00.00; e a sala principal, aberta das 23.00 às 06.00, que acolhe um espaço amplo com vários bares, uma pista de dança enorme, caixas de pagamento, a zona dos DJs e uma a área VIP com acesso independente aos vários serviços. 

O Ups Ofir conta com uma zona exterior
DRO Ups Ofir conta com uma zona exterior

A iluminação é um dos aspectos que mais chama à atenção de quem entra nesta sala, com mais de sete quilómetros de LEDS que cobrem o tecto na zona da pista e quatro bolas espelhadas penduradas umas a seguir às outras. “No Verão, as pessoas preferem espaços ao ar livre. Queremos que estejam aqui dentro e sintam um pouco desse ambiente, algo que seja mais fresco. Quando entram aqui, a casa é confortável, não é uma casa fria. É de Verão”, destaca o empresário.

Apesar de grande parte da decoração ser nova, houve pormenores do Pacha Ofir que se mantiveram, além da mítica cereja. “Os bares, tirando um que é novo, são todos originais do Pacha e algum mobiliário também foi aproveitado. A nível estrutural, o projecto estava bom, mas tivemos que fazer aqui algumas intervenções a fundo e outras mais decorativas”, destaca Pedro Lobo, empresário.

A sala principal da discoteca
DRA sala principal da discoteca

“Queremos que o Ups esteja aqui tantos anos como o Pacha”

O Ups Ofir vai funcionar durante os meses de Verão, até Setembro, às quartas, sextas-feiras e sábados, mas também noutros momentos durante o ano, como o Halloween e o Carnaval. A oferta musical é variada, com um foco especial em afro-house, house, hip-hop e outras sonoridades contemporâneas, sendo que o programa é sempre revelado nas redes sociais da discoteca.

“Passamos um pouco de tudo da actualidade. Trabalhamos com muitos DJs e produtores locais, mas queremos também trazer alguns internacionais para marcar e para também nos colocar no mapa”, destaca Pedro Lobo, acrescentando que a ideia é manter a essência que esta discoteca sempre teve, mas adaptando-a aos novos tempos, novos públicos e a uma nova procura. Até porque, acrescenta, “já não é fácil encher uma discoteca só pelo nome. É preciso ter algo mais e cada vez mais é preciso programar a casa”. 

O Ups Ofir abriu oficialmente no dia 5 de Julho com casa cheia e com o encontro de várias gerações, recordam os empresários. “Muitos clientes já vieram a esta casa. É um espaço mítico e será sempre. Queremos continuar esta história de forma válida e adaptada”, destaca Nuno Pontes.

Ups Ofir
DRUps Ofir

No final, o objectivo é dar uma nova vida àquela que, em tempos, chegou a ser uma das melhores discotecas do mundo. “Esta região, há 32 anos, foi reconhecida porque houve uma pessoa que se lembrou e criou este espaço. Esta casa colocou Ofir no mapa e acredito que nestes últimos seis anos Ofir desapareceu um pouco do horizonte das pessoas que consomem este tipo de projectos. Mas acho que o Ups vai trazer novamente um impacto. Vamos criar o nosso cunho, o nosso carimbo. É um novo capítulo. As paredes vão contar histórias, naturalmente, mas queremos que o Ups esteja aqui tantos anos como o Pacha esteve”. 

Lugar das Pedrinhas (Esposende). Seg, Qua, Sáb 20.00-06.00.

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