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Luvas, máscaras e lenços de papel não são recicláveis
© Marco Duarte

Sabe o que acontece ao seu lixo? Conheça o percurso da reciclagem na Lipor

Escrito por
Bárbara Baltarejo
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O relógio marca 11.30 e pelo portão do Centro de Triagem entram várias carrinhas para descarregar lixo. Mais de 1500 toneladas por dia, mais coisa, menos coisa. O som da descarga junta-se ao som dos tapetes rolantes e das máquinas a trabalhar. Estamos na Lipor, em Baguim do Monte, Gondomar, a empresa de gestão de resíduos intermunicipal do Grande Porto. É nestas instalações que é tratado o lixo de oito municípios: Porto, Matosinhos, Gondomar, Valongo, Maia, Espinho, Póvoa de Varzim e Vila do Conde. 

A Lipor tem várias actividades abertas à população
Marco Duarte

O ciclo da reciclagem começa quando os cidadãos depositam os plásticos, os vidros e os papéis nos ecopontos ou os entregam na recolha selectiva. Em relação aos materiais recicláveis que são colocados no lixo comum “não há nada a fazer. Esses resíduos seguem para a valorização energética, ou seja, para a incineração, por isso é que só se deve colocar no lixo comum aquilo que não pode ser reciclado”, esclarece Patrícia Carvalho, engenheira do ambiente e técnica da Lipor.

A separação e a selecção

As descargas sucessivas das carrinhas criam uma pequena montanha de plásticos, com altura suficiente para subirem por um tapete rolante até à área da triagem. A separação e selecção dos materiais começa com a ajuda de diferentes máquinas, como separadores balísticos ou de um electroíman para apanhar metais. Desengane-se, no entanto, quem pensa que o processo é 100% mecânico: 101 colaboradores asseguram que não há materiais não recicláveis nos tapetes rolantes.

No departamento que recebe o ecoponto amarelo, por exemplo, os funcionários encarregam-se de separar os diferentes tipos de plásticos: PET (usado principalmente em garrafas) e PEAD (em embalagens de detergentes ou champôs), entre outros. “Funcionamos como uma fábrica em que se inspecciona e se verifica a qualidade da matéria-prima, porque precisamos que corresponda às nossas expectativas”, explica Patrícia.

Cabos de vassouras, paletes de cerveja ou meias de vidro são alguns dos materiais que aparecem por engano, assim como pedaços de cartão ou vidro, encaminhados para o respectivo departamento. Já seleccionados, os materiais seguem para as máquinas que os separam consoante a forma – embalagens espalmadas ou objectos rolantes – para, no fim, serem colocados em compartimentos e espalmados por uma prensa. O resultado é um aglomerado de plástico que se assemelha a um fardo de palha.

Assim, estão prontos a servir de matéria-prima uma vez mais. A transformação é feita por empresas independentes, como a “Eco Ibéria, que recebe PET, a Ciplast, que recebe filme plástico, ou a Micronipol, que recebe PEAD”, descreve a engenheira do ambiente.

De resíduos orgânicos a adubo

A poucos passos do Centro de Valorização Multimaterial – que recebeu quase 60 mil toneladas de resíduos em 2019 – fica o Centro de Valorização Orgânica. Trata-se de um sistema que recebe as sobras de espaços de restauração, as flores de cemitérios e os resíduos verdes das autarquias para os transformar em adubo natural, evitando que acabem num aterro ou sejam incinerados.

O processo acontece num complexo composto por 18 túneis, com capacidade para produzir um saco de 70 litros em cerca de três meses. Em 2019, este centro deu uma segunda vida a quase quatro mil toneladas de resíduos orgânicos. 

Se este texto despertou a sua curiosidade, saiba que também pode visitar a Lipor. Além das visitas guiadas (que pode agendar através online), há um trilho ecológico de quatro quilómetros, aberto das 08.00 às 20.00, e um Parque Aventura pensado para os mais novos, onde decorrem também campos de férias e outras actividades. Uma curiosidade: estes espaços funcionam hoje numa área que serviu de aterro, entretanto transformada e aberta à população.

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