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Salas e clubes com programação própria juntam-se para pedir apoios estatais

Salvar a música ao vivo em Portugal: eis a missão da associação Circuito, que promove uma fila-manifestação já este sábado.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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Em 2019, as 27 salas que integram o Circuito contabilizaram um total de 7537 actuações musicais para uma audiência de mais de um milhão de pessoas. Agora, impedidas de funcionar nos mesmos moldes desde Março, manifestam-se contra a falta de apoios estatais, numa acção concertada em quatro cidades do país. Sob o lema #aovivooumorto, apelam por medidas e estratégias públicas de protecção e valorização do sector. E relembram: “Ninguém fazer nada por nós também mata.”

Neste sábado, 17 de Outubro, quem passar às 15.00 pelo Lux Frágil, em Lisboa, pelo Maus Hábitos, no Porto, pelo Carmo 81, em Viseu, ou pela Sociedade Harmonia Eborense, em Évora, poderá juntar-se às “filas-manifestações” que vão realizar-se à porta destes espaços independentes de concertos e DJ sets. “Não para abrirmos as portas já, porque não nos compete a nós a avaliação técnica de uma questão tão complexa como a da pandemia, mas para o podermos fazer em condições quando for possível”, esclarece ao telefone Gonçalo Riscado, porta-voz do movimento e director do Musicbox, em Lisboa, e da CTL, empresa de gestão e produção cultural independente.

A necessidade de criar uma associação já vinha a ser discutida há quase três anos, revela Gonçalo. Mas foi a “emergência da sobrevivência” a dar o impulso final ao Circuito, composto por salas e clubes independentes de concertos e DJ sets que não fazem parte da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, ou seja, que estão fora da esfera das salas de espectáculos municipais – caso das Damas e do Titanic Sur Mer, em Lisboa, ou do Plano B, no Porto. “Os temas para debater eram já muito importantes, mas, como é fácil de perceber, esta crise forçou-nos a dar vida à ideia.”

O objectivo passa, por um lado, por sensibilizar para a importância do circuito de salas independentes e alternativas de programação própria de música, “posicionando-o como um circuito fundamental para a indústria da música e para o sector cultural”. Por outro, para chamar a atenção para a falta de investimento nesta rede de palcos, que dinamiza a vida cultural das cidades. “É através deste circuito que jovens artistas têm oportunidade de iniciar as suas carreiras, mas é também um circuito que, por promover a diversidade e a experimentação, atrai artistas já reconhecidos.”

Além da criação de um programa imediato de investimento, “válido até ser autorizada a retoma sustentável da actividade e que garanta a compensação do prejuízo mensal provocado pelos custos fixos de exploração das salas”, propõem-se várias medidas globais, desde um reforço substancial do orçamento para a cultura até estratégias locais de valorização da economia nocturna. “É preciso perceber onde podemos actuar cirurgicamente para que o ecossistema não se desmorone.”

Lux Frágil (Av. Infante D. Henrique, Cais da Pedra, Armazém A, Santa Apolónia, Lisboa). Maus Hábitos (Rua de Passos Manuel, 178, 4.º piso, Porto). Carmo 81 (Rua do Carmo 81, Viseu). Sociedade Harmonia Eborense (Praça do Giraldo, 72, Évora). Sáb 15.00.

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