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Toalhas Torres Novas
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Torres Novas: as toalhas de sempre voltam a entrar em casa das famílias portuguesas

A Torres Novas voltou a respirar em 2020, com mão do seu criador e de jovens com vontade de não deixar morrer a tradição. O relançamento faz-se, para já, com três gamas.

Escrito por
Francisca Dias Real
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Atravessou gerações, foi-se abaixo e agora volta à vida melhor do que nunca. É um pequeno resumo daquilo que a portuguesa Torres Novas, a marca histórica de turcos de banho, passou até aos dias de hoje, altura em que é relançada depois da falência. Surge de cara lavada e com jovens a tomarem-lhe as rédeas, mas as jóias desta coroa continuam as mesmas: as toalhas de sempre, com a qualidade do antigamente.

O trio maravilha Inês Vaz Pinto, Miguel Castel-Branco e Nuno Vasconcellos e Sá dão a cara e o corpo às balas desde 2018, altura em que decidiram relançar a antiga marca conhecida pelas suas toalhas, muito pela ligação de Nuno ao seu tio-avô Adolfo de Lima Mayer, o maior acionista da Companhia de Torres Novas. Mas a história começou antes, muito antes.

A empresa nasceu em 1845 e, na época, dedicava a sua produção à fiação de linho, juta e algodão, e também à confecção de lonas de algodão, tendo-se tornado uma das maiores empresas da indústria transformadora. Já em meados do século XX passou por um processo de modernização e foi baptizada de Torres Novas. Em 1972 começou o fabrico de toalhas de banho e de outros artigos turcos que lhe deram fama. Mas depois a concorrência da produção têxtil asiática fez-lhe frente e acabou por perder clientes, sendo apanhada na crise económica de 2008. Em 2011, abriu falência e viu a sua morte anunciada. Até hoje.

Toalhas Torres Novas
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“O meu tio estava lá quando a Torres Novas nasceu, e desde a falência da fábrica que ele manteve a actividade, mas afastado do cliente final. Percebemos que, talvez com a nossa experiência profissional, pudéssemos trazer de volta uma marca que era muito querida das mães e das avós, adaptando-a aos novos tempos”, conta Nuno. “A Torres Novas é daquelas marcas que faz parte da memória colectiva das famílias portuguesas. Acabou por desaparecer do mercado, mas estamos aqui para reerguê-la.”

A ideia desta equipa é recuperar essa memória, com a promessa da qualidade de sempre e ajustada ao consumidor final. “Há pessoas que falam connosco e falam nos enxovais e nestas toalhas que têm há anos e anos e continuam impecáveis”, diz. Não queremos mudar isso, é um legado importante, mas temos outra visão e é possível chegarmos a mais gente agora, sobretudo jovens que se lembram dos pais ou avós terem as toalhas Torres Novas lá em casa”, descreve. 

Neste processo, Adolfo está sempre presente. Os seus 82 anos não o impedem de fazer o que quer que seja: ensinar estes jovens, sentar-se ao computador a fazer orçamentos, movimentar-se freneticamente pelo actual escritório em Lisboa (que fica num antigo armazém da Torres Novas) e acompanhar as produções. “Foi o meu tio que nos ensinou ao longo dos últimos dois anos tudo o que sabemos, ele é uma peça fundamental da história da marca e, neste relançamento, tem um valor a acrescentar enorme”, diz Nuno. 

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A fábrica, desmantelada aquando da falência, deixou de servir de centro de produção da Torres Novas. As toalhas são agora feitas em fábricas já dantes parceiras e com alguns funcionários-chave que já trabalhavam as malhas noutros tempos. “Procurámos manter a produção em locais de confiança e onde o meu tio sabia que o produto ia ser igual ao que sempre foi”, explica Nuno. E neste relançamento uma coisa ficou assente: nada mais que algodão na produção de toda a roupa de banho, ou fibras naturais e biodegradáveis, sem nunca meterem ao barulho poliésteres ou outros plásticos. “Os negócios se quiserem ser sustentáveis ao nível do negócio, economicamente falando, têm de ser sustentáveis ao nível do ambiente”, explica, acrescentando que os recursos agora usados na produção, como a água, são muito mais reduzidos do que outrora.

Para já, a Torres Novas traz de volta três das suas linhas mais famosas: a Almonda, a Luxus e a Elegance, estando prevista para um futuro próximo a Royale, que será o primeiro dos vários lançamentos de desenhos históricos da Torres Novas. A Almonda (4,49€-47,99€) tem o seu nome inspirado no rio Almonda, afluente do Tejo, e representa a tradição têxtil portuguesa com uma barra em espinhado e 500 g/m2, sendo durante décadas o desenho mais vendido da Companhia de Torres Novas. A colecção Luxus (550 g/m2; 3,49€-57,99€) tem um aspecto mais clean, com barras nas extremidades em quadrículas de baixo relevo. Como a gramagem é maior, estas toalhas secam mais rápido. A linha Elegance (5,99€- 69,99€) é a mais premium das três (650 g/m2), sendo considerada o topo de gama da marca centenária.

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A história antiga – e a nova que começa a ser contada com este relançamento – muda também o modo de vender. Se dantes a Torres Novas estava apenas em lojas mutimarca, agora tem direito a uma loja online para responder, sobretudo, aos consumidores mais jovens e internacionais. Mas não deixam quem sempre lhes deu casa, como é o caso das lojas lisboetas Paris em Lisboa, Gallery House, Pollux, Teresa Alecrim e Turcos e Bordados, a Mandrágora em Oeiras, a Helena Lavores, em Elvas, e a Casa de Pano, em Beja. 

Como em qualquer marca, há sobras de tecidos e exemplares com defeito aqui ou ali. Para evitar o desperdício, a Torres Novas dá as mãos à Comunidade Vida e Paz e entrega à instituição os excessos de produção e os produtos com pequenos defeitos, mas que estão em perfeitas condições de serem usados.

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