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Um brinde à arte. Adega Quanta Terra leva obras de Vhils, HelioBray e Paulo Neves a Alijó

A adega Quanta Terra é mais do que um espaço de armazenamento e venda de vinho. É um lugar aberto à arte. Até ao final do ano é possível admirar a exposição 'Quanta Terra Quanta Arte'

Mariana Morais Pinheiro
Escrito por
Mariana Morais Pinheiro
Directora Adjunta, Porto
Quanta Terra recebe obras de Vhils, HelioBray e Paulo Neves
© Alexandra Brites | Quanta Terra recebe obras de Vhils, HelioBray e Paulo Neves
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Numa outra vida foi a Destilaria nº7 de Favaios. O tempo condenou-a ao abandono para depois se arrepender e a colocar, em 2015, no caminho de Celso Pereira e Jorge Alves, os enólogos da Quanta Terra, que procuravam um espaço onde instalar a sua adega. Mas o potencial do edifício gritava muito mais. “Ficou logo claro que isto não poderia ser só uma adega. Teria de ser um espaço cultural, onde a arte, o prazer, o vinho e a música se misturassem”, explicou Celso em entrevista à Time Out.

A cultura nas suas mais diversas formas não tardou a entrar-lhes pelas portas. Já receberam obras de arte da portuguesa Joana Vasconcelos e da artista plástica holandesa Leni van Lopik, radicada no Douro há mais de 20 anos. Agora é a exposição Quanta Terra Quanta Arte, com curadoria da Galeria Contagiarte, que ocupará o espaço até ao final do ano. Conta com sete obras de Alexandre Farto, aka Vhils, 11 de HelioBray e mais sete de Paulo Neves.

“A ideia desta exposição nasce da valorização do material e do seu contexto. Vhils escava camadas que revelam a história, como um pintor na tela. HelioBray mistura técnicas e pigmentos, que levam a formas que se conectam à natureza e, por sua vez, Paulo Neves une a escultura e a arte, com uma forte ligação à madeira e materiais orgânicos”, adianta Rui Pedro, responsável pela curadoria da Contagiarte. E acrescenta: “Desejamos estender este privilégio ao interior do país, possibilitando o usufruto de obras de arte impressionantes no cenário espectacular e histórico da região do Douro, não só pelos visitantes como, acima de tudo, pelos residentes, caminhando em prol de mais cultura gratuita para as comunidades”.

Vhils na Adega Quanta Terra
ALEXANDRA BRITESVhils na Adega Quanta Terra

Cada visita vem acompanhada de uma prova de vinho – e de uma espécie de tour privado pelo espaço, já que tanto Celso Pereira, como Jorge Alves não se coíbem de o mostrar orgulhosos e entusiasmados. E têm razões para isso. A remodelação da antiga destilaria – que em 2023 e em 2025 recebeu a distinção de Best of Wine Tourism, na categoria Arte e Cultura, atribuída pela Great Wine Capitals – só ficou pronta em 2020 e à vista ficaram expostos 90 anos de histórias. As traves do tecto são originais, de 1934, e por todo o lado há painéis explicativos sobre a importância das destilarias no Douro. 

“Esta divisão aqui era uma cuba que levava 140 mil litros de aguardente e nós transformamo-la numa espécie de bar, onde são servidos os nossos vinhos e onde se podem comer alguns petiscos acompanhados de pão de Favaios”, diz Celso sobre o wine bar. No piso inferior há mais cubas, estas revestidas a vidro. “Isto é um achado arqueológico. Eram revestidas a vidro porque, ao contrário do cimento, o vidro não absorvia a aguardente”, diz, acrescentando que também não tinham cantos para poderem ser mais facilmente limpas. “E quando era preciso lá entrar, as pessoas enfiavam-se pelas pequenas portas de descarga”, ri. 

Escultura de Paulo Neves
ALEXANDRA BRITESEscultura de Paulo Neves

Rua da Casa do Douro (Favaios). Qua-Dom 10.00-17.30. Entrada livre por marcação: reservas@quantaterradouro.com ou 93 590 7557

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