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Excluída dos apoios financeiros da DGArtes, Júlio Cardoso, fundador da histórica companhia do Porto, e Jorge Castro Guedes, seu director artístico, falam da revolta que sentiram, da necessidade de uma Lei do Teatro e de uma urgente valorização da cultura.
O pesado pano da cortina desceu sobre a Seiva Trupe – Teatro Vivo. Apagaram-se as luzes dos holofotes que iluminavam uma das mais antigas e importantes companhias de teatro do Porto, mas as vozes não se calaram. A histórica companhia, fundada em 1973 por Júlio Cardoso, Estrela Novais e António Reis, e que este ano celebra 50 anos, foi excluída dos apoios financeiros do Programa de Apoio Sustentado, para a área do teatro e para o quadriénio 2023-2027, subsidiado pela Direcção Geral das Artes. Apesar de ter recebido uma avaliação positiva, de 66%, que a tornava elegível, a não atribuição dos fundos colocou a sobrevivência da Seiva Trupe em risco.
Mas não foi a única. Com a vida em suspenso, porque as verbas esgotaram antes de todas as companhias elegíveis terem sido contempladas, ficaram também grupos como a Jangada – Cooperativa de Teatro Profissional, de Lousada; a Filandorra – Teatro do Nordeste, de Vila Real; a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve; ou a Associação Lendias d'Encantar, do Alentejo. Na modalidade bienal, a Barraca e a Companhia Cegada, ambas da região de Lisboa, também ficaram de fora.
Este é mais um duro revés na vida da Seiva Trupe, que nos últimos dez anos tem lutado por um espaço físico onde apresentar as suas produções, depois de ter sido despejada do Teatro Campo Alegre, em 2013, tendo por base o incumprimento no pagamento de uma dívida, e onde foi companhia residente durante 13 anos.
Em Março de 2022, depois de quase uma década a representar em outros espaços da cidade, é acolhida pela Sala Estúdio Perpétuo. Aqui recomeçam um novo ciclo que, oito meses depois, a 28 de Novembro, foi interrompido abruptamente pela notícia que fez levantar o Porto. A cidade (e o país) saiu em defesa da sua histórica companhia e organizou protestos e petições – porque a cultura é importante e o Teatro Vivo não pode morrer.
A Seiva Trupe faz 50 anos. Como foi criar uma companhia de teatro numa altura em que ainda vigorava uma ditadura em Portugal e em que a censura andava à perna dos espectáculos que se faziam? O que é que, naquela altura, vos moveu?
Júlio Cardoso: Você faz uma pergunta que, aparentemente, é fácil de responder, mas, ao mesmo tempo, é complexa. Na altura, eu era um tepista, estava no TEP [Teatro Experimental do Porto, a mais antiga companhia de teatro portuguesa em funções, fundada em 1951], e o TEP, efectivamente, estava a cumprir o seu papel. Foi um grupo que se agarrou muito à cidade e que ficou agarrado à cidade. Então, começámos a pensar, várias vezes, em fazer um teatro que fosse ao encontro das pessoas. Havia, nessa altura, mais ou menos, duas ou três companhias que faziam teatro ambulante. A itinerância não era a finalidade da Seiva Trupe, mas seria uma sua extensão. Naquela altura, a gente via o Norte pujante, havia muita gente, muita gente a ir ao teatro. Trabalhávamos na itinerância de terça-feira a domingo, o que hoje é quase impossível, só mesmo ao fim-de-semana. Muitas vezes, vinham-nos pedir por favor para irmos a determinados lugares com os nossos espectáculos. Onde não existe teatro, vai lá o teatro, pensámos. Onde o público não vai ao teatro – porque fica longe, porque não tem transportes – vai lá o teatro. Mas, em contrapartida, a cidade começava a levantar-se e a fazer filas para vir aos espectáculos da Seiva Trupe. Fazíamos 120, 130 espectáculos por ano.
Jorge Castro Guedes: Mais, Júlio, mais. Cento e oitenta.
Isso é muita produção…
JC: Felizmente, depois veio uma altura em que a Secretaria de Estado ou o Ministério da Cultura disseram: ‘Para as companhias serem subsidiadas anualmente, o mínimo que têm de fazer são 90 espectáculos. Aquelas que fizerem espectáculos individuais, têm de fazer 30’. Isso era naquela altura em que ainda havia um bocado de vergonha na organização teatral. Hoje é o caos. Fazem-se os espectáculos que aparecerem. Nós fizemos aqui, ainda há pouco tempo, um espectáculo em que tivemos uma média de 140 e tal [espectadores]. E achámos pouco. E todos os nossos colegas diziam: ‘Como?’ Isto porquê? Porque sempre estudámos e apresentámos produções teatrais com o maior rigor. E com os actores da Seiva Trupe houve sempre a preocupação da formação. Não foi por acaso que durante cinco ou seis anos tivemos um protocolo com a Universidade de São Paulo, em que eles nos dispensavam durante meio ano bons professores de interpretação, que vinham para Portugal e nós, durante meio ano, fazíamos cursos intensivos de iniciação à prática teatral. Há por aí grandes actores que deram os primeiros passos na Seiva Trupe. Preocupamo-nos sempre com o rigor e com a parte artísticas. Os nossos actores tinham que ter um mínimo de conhecimentos sobre teatro e um bocadinho de fogo sagrado, que é um bocadinho de jeito. Hoje, infelizmente, a maior parte dos espectáculos – que até são feitos por indivíduos com formação –, é quase tudo a copiar, tudo a debitar texto. Nós tínhamos de ir ao encontro da exigência do Porto.
O que é que isso quer dizer? Que o público do Porto é mais exigente?
JC: Na história do teatro português consideram a plateia do Porto a mais exigente. Qualquer companhia que vinha de Lisboa ao Porto, quando cá chegava, tremia sempre.
JCG: Diziam, até, “vamos fazer o exame ao Porto”.
JC: Todas as pessoas têm os seus defeitos. Há muita parolice no Porto? Há! Como há muita saloiada em Lisboa. Agora, a gente do Porto é fantástica. Quando nós começámos a falar, a aparecer, o Porto começou a identificar-se connosco. Houve uma altura em que o TEP tinha cinco mil e tal sócios. A seguir ao Futebol Clube do Porto, era a colectividade que mais sócios tinha cá na cidade. Nós não tínhamos sócios, mas chegámos a ter 1300 elos, que eram os amigos da Seiva, que se cruzavam connosco na rua e faziam questão de nos dizer que eram elos. Nós éramos realmente uma grande companhia do Porto. E hoje quero dizer-lhe o seguinte (e vou dar um salto de 50 anos), não admito que uma companhia do Norte, uma companhia do Porto, uma companhia que tem âmbito nacional e internacional, como é o caso da Seiva Trupe, uma companhia com estrutura, com esta dimensão, uma companhia que tem público e com o que nos têm feito [quebra na voz emocionado]... O que se passa agora é imperdoável, é inacreditável. Eu tenho vergonha de dizer que entrei naquele concurso, porque aquilo não é concurso nenhum.
JCG: Independentemente de a gente saber que os júris são constituídos, todos, por pessoas do mesmo gosto, do mesmo mesmo tipo de meio, que se conhecem uns aos outros, é-lhes de facto humanamente impossível avaliarem 400 candidaturas, mesmo com todas as reservas que possamos ter pessoalmente. E não tenho medo nenhum de dizer que as tenho.
A Seiva Trupe obteve, do júri, uma pontuação final positiva, superior a 60%. Nada fazia prever que fosse excluída dos apoios quadrienais da DGArtes. Como é que receberam a notícia?
JCG: Eu soube porque alguém me telefonou e me disse: “Ouve lá, então vocês não tiveram subsídio?” Nós ainda não tínhamos sido notificados, porque eles puseram no Facebook antes de comunicarem aos próprios interessados. O que é uma coisa completamente patética. Como é que é preciso ter tanta lata? Mas, por outro lado, não me espantou. Perante a degradação em que isto está, se não fossem as consequências que tem, eu diria até que era um elogio. Um elogio nós não fazermos parte dessa porcaria toda. Estamos noutro sítio e, portanto, se não fossem as consequências materiais que isso traz, seria um elogio. Agradeço que os senhores fulanos tal achem que a Seiva Trupe não merece ter subsídio, porque eu acho que os senhores não merecem sequer ir ao teatro, não sabem ver teatro. Não estou a falar do ministro, que é um homem inteligente, é um homem culto e esclarecido, mas dos membros do júri e essa gente.
Sentem que estes 50 anos de história e trabalho, dedicados à cidade, mas também à itinerância, não foram valorizados na hora da atribuição dos subsídios? O facto de serem uma companhia histórica não foi tida em conta?
JC: Fomos pioneiros em muita coisa. Não foi só na produção teatral, não foi só nos cursos de teatro que dávamos, foi também porque fizemos ciclos de teatro amador com uma nova roupagem, em que no final de cada espectáculo havia debates e reuniões de grupos de teatros amadores, para discutirmos uns com os outros o ciclo que estava a acontecer. Nós fizemos conferências às dezenas, jornais falados, ciclos de autores portugueses. Fizemos o Tratado das Paixões da Alma do António Lobo Antunes e trouxemos o Lobo Antunes ao teatro. O teatro estava cheio, havia pessoas de pé por todo o lado. Fizemos ciclos de música africana, fizemos ciclos de cinema de qualidade, fizemos o primeiro espectáculo de rock em português, pelo qual fomos insultados, porque foi um escândalo naquela altura [risos]. Quando fizemos o Amadeus, que foi o último espectáculo da Capital Europeia da Cultura [em 2001], estivemos dois meses em cartaz no Teatro do Campo Alegre, de terça-feira a domingo com enchentes todos os dias. São espectáculos que ficaram na História do Teatro Português, como o Péricles, Príncipe de Tiro [de William Shakespeare], que foi a primeira vez que se fez a peça na Península Ibérica. E, depois, agora, acontece isto assim. Porquê? Mas porquê? Já o Eça dizia que, às vezes, há portugueses que são pequeninos, que têm uma perspectiva de paróquia, que são invejosos. Tem de ser isso. Somos uma companhia histórica, com 50 anos. Isto não é política, não é nada, isto é pequenez. Porque enquanto não houver uma coisa tão simples, como a Lei do Teatro…
Em que medida uma Lei do Teatro poderia resolver (alguns) problemas?
JC: Um dos graves problemas é a situação caótica do teatro. Não vou falar em dinheiro, porque o dinheiro, desde que nasci, já era um problema, por isso, para mim, o que falta é a organização do teatro. O que é um grupo de amadores? O que é um grupo de estudantes? O que é um grupo universitário? O que é um grupo de teatro? O que é uma companhia de teatro? O que é ser profissional de teatro e como é que se obtêm uma carteira profissional? E, claro, os concursos têm de ser regulamentados e ter lá dignos representantes do teatro.
JCG: E para se poder fazer parte do júri tem de se ter estas e aquelas habilitações próprias e suficientes. Um júri que julga as artes em Portugal é constituído ad hoc por vontade do senhor director-geral das Artes, pelo senhor ministro da Cultura. Portanto, quando é dito que se não fossem os concursos havia arbitrariedade, estão a faltar à verdade. A arbitrariedade mantém-se, porque não há nenhum critério com rigor para dizer quem é que pode fazer parte do júri.
É essa desregulamentação, essa falta de apoios que torna difícil fazer teatro em Portugal?
JCG: É tão difícil, tão difícil quanto isto: o teatro em Portugal foi-se degradando. Abril ficou por cumprir no teatro. De todos os sectores, aquele que mais sofreu, aquele que mais padeceu, foi a cultura, a quem foi dada menos importância. A cultura tem servido para, de vez em quando, pôr na lapela, na véspera das eleições e, de resto, é completamente esquecida. E a cultura é, neste momento, no meu ponto de vista – nos anos 80, sim, havia outras prioridades, não nos podemos esquecer que havia aldeias sem água salubre –, mas neste momento, em Portugal, para podermos dar um salto, precisamos de conhecimento, educação, ciência e cultura. Enquanto não virmos estas como coisas prioritárias, até para a repercussão económica do desenvolvimento do país, Portugal não chega a lado nenhum. E, portanto, a vida de uma companhia de teatro é uma vida de sobrevivência, mais do que a vivência. E só por um amor muito grande é que as pessoas podem continuar a fazê-lo. Isto, aqueles que querem mesmo fazer teatro profissional, porque, depois, hoje há outro fenómeno: há uma série de grupos, grupinhos e grupelhos, que aparecem e desaparecem, e que fazem teatro como quem toma uma cerveja. Isto é tão verdade que, quando se deu o problema da Covid, a senhora ministra da Cultura criou um programa, chamado Garantir Cultura, em que qualquer um podia concorrer – havia limites de verbas – e vários grupos que tinham concorrido a subsídios sustentados não apareceram para ir buscar o dinheiro. Porquê? Porque já se tinham desfeito, nunca tinham existido, eram uma mentira. E é nesta mentira que vive o teatro português. Costumo dizer que há profissionais de teatro em Portugal, alguns muito bons, mas não há teatro profissional. O teatro está completamente desprofissionalizado.
Mas não está esquecido. O Porto fez questão de o demonstrar publicamente. A Seiva Trupe faz parte da memória colectiva da cidade?
JCG: Ainda no outro dia estava a ler uma coisa do [Rui] Reininho, em que ele falava que se não fosse a Seiva Trupe provavelmente ele nunca teria começado. Foi a Seiva que lhe abriu as portas, no tal concerto de rock. O João Lóio, outro músico, também já disse algo parecido, que quem lhe abriu as portas pela primeira vez foi a Seiva Trupe. O Joaquim Benite, encenador extraordinário que deixou uma herança, a Companhia de Teatro de Almada, dizia que a Seiva Trupe era a companhia que mais público tinha em Portugal. A Seiva Trupe teve uma fase muito difícil, que foi quando foi posta fora do Teatro do Campo Alegre, porque é muito difícil manter este fluxo de público sem as pessoas terem uma referência de onde a companhia está. Quando, na altura em que a Seiva Trupe reconquista uma sala [a Estúdio Perpétuo, onde se encontra actualmente], reabre a sala e logo no primeiro espectáculo tem médias de 150/160 espectadores, com domingos ao fim da tarde, segundas à noite…
JC: E numa casa fechada há 30 anos…
JCG: …fazemos isto tudo e é precisamente nessa altura que um júri, meia dúzia de carolas que se juntam uma vez por ano, resolve não atribuir subsídio à Seiva Trupe, no ano em que ela vai fazer 50 anos… Isto é uma coisa completamente incompreensível, a não ser à luz da mais pura mediocridade.
Estavam à espera deste levantamento do Porto?
JCG: Para nossa surpresa, ainda maior do que a dos patetas do júri não nos atribuírem subsídio, foi de repente aparecer um movimento cívico que, sob minha palavra de honra, não resultou sequer de eu estar no café a dizer para quem me quisesse ouvir: “Ah, se houvesse um movimento a favor da Seiva Trupe…” Não, foi um movimento espontâneo que apareceu e que recolheu em 33 dias 5391 petições que o senhor ministro, até à data, ainda não quis receber. Não sei se tem medo de ser afogado pelos papéis. Vou citar nomes e vou ser muito injusto, porque quando é assim esquecemo-nos sempre de muita gente, mas, por exemplo, a Fátima Carneiro, que é um prémio internacional de investigação científica, o professor Manuel Sobrinho Simões, o professor Arnaldo Saraiva, o bispo do Porto, o Jorge Nuno Pinto da Costa, a Isabel Pires de Lima… De Lisboa, o Rui Vieira Nery, o José Jorge Letria, a Maria do Céu Guerra, o Carlos Avilez, o João Mota… Isto foi um movimento de solidariedade extraordinário à volta da Seiva Trupe e vai continuar.
Entretanto avançaram com um requerimento hierárquico ao Ministério da Cultura. Já houve alguma reacção?
JCG: Não, e agora há um período muito grande que o ministro tem para responder. E nós temos evitado tomar outras acções públicas. Suspendemos uma série de acções públicas que temos previstas, porque aquilo que se passou até agora, se este problema não for resolvido, ainda a procissão não saiu do adro, como se costuma dizer. Mas entendemos que era altura de fazermos uma paragem, para que todos serenássemos e pudéssemos pensar, para que o ministro pudesse olhar para o recurso hierárquico sem dizer que estava sob pressão ou que estava a ser insultado, coisa que nunca aconteceu. Estamos num compasso de espera. Há momentos em que se diz que se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro, e nós estamos num desses momentos e vamos ver o que acontece a seguir. Mas não estamos quietos, estamos a preparar tudo o que for preciso. A DGArtes nem sonha o que vem para aí se o problema não for resolvido.
Acreditam que a Seiva Trupe sobreviva a isto?
JCG: Estou convencido, seja a DGArtes, seja a autarquia ou outra instituição qualquer, até privada, que alguém vai valer à Seiva Trupe e que a Seiva Trupe não vai desaparecer. Agora, não pode é continuar, permanentemente, nestes sobressaltos. Tem de ser reconhecida, de uma vez por todas, de uma forma institucional. Porque se quisermos reduzir o Porto a três símbolos, eles são o Futebol Clube do Porto, o Mercado do Bolhão e a Seiva Trupe. Esta é a realidade.
O que é que se perde quando se perde o teatro?
JC: O teatro faz parte dos nossos sentidos e dá mais sentido à vida. O teatro é conhecimento.
JCG: Há um grande teórico italiano, chamado Gramsci, que dizia que a arte é educadora enquanto arte e não enquanto arte educadora. A arte, por si mesma, é educadora: da sensibilidade, do gosto, das coisas que comunica, do facto de as pessoas estarem presentes no mesmo sítio, à mesma hora, a respirarem o mesmo ar, a verem a mesma coisa. Portanto, a arte, no caso do teatro, claro, por si mesma, é um elemento da educação, não é por acaso que, por exemplo, em Inglaterra, existe a disciplina de Teatro praticamente desde os primeiros graus de ensino. Não é para as pessoas irem fazer teatro. É para aprenderem a ver teatro e para usarem os instrumentos de comunicação que o teatro dá, de percepção, da realidade do outro, nas suas diversas profissões. E, portanto, uma sociedade sem arte, não sei, recuamos antes das cavernas e nas cavernas já havia pinturas rupestres, que é arte. Uma sociedade sem arte é uma sociedade sem humanidade, porque a arte está intimamente ligada à humanidade. A humanidade cria a arte e a arte é a representação da humanidade. Sem ela caminhamos, evidentemente, para uma sociedade de ignorância e a ignorância abre a porta aos totalitarismos e a todas as coisas piores que a humanidade tem.
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A Seiva Trupe nasceu no Porto em 1973. Em 1993 foi reconhecida como entidade de utilidade pública e em 2010 foi condecorada pelo Presidente da República com o grau de membro honorário da Ordem do Mérito. Em 2013, cinco dias antes de terminar o seu mandato na Câmara Municipal do Porto, o então presidente Rui Rio ordenou o despejo da Seiva Trupe do Teatro do Campo Alegre (onde era a companhia residente), tendo por base o incumprimento no pagamento de uma dívida. Volvidos quase nove anos, a companhia encontrou finalmente um porto de abrigo na cidade. O antigo Cinema Estúdio, inaugurado em 1966 e renascido em 2021 como Sala Estúdio Perpétuo, é a sua nova casa.
O Batalha é imortal. Assistiu à passagem do tempo através das grandes janelas rasgadas na sua fachada. Resistiu estóico, quando monarquias caíam e se implantavam conturbadas repúblicas; insurgiu-se contra ditaduras, pintando murais subversivos nas suas paredes; semeou felicidade, espanto e sonho no rosto de todos quantos assistiram aos filmes que, durante décadas, mostrou à cidade. É tão icónico, tão enraizadamente ligado à Invicta, que esta devolveu-lhe a fidelidade em forma de expressão. “Vai no Batalha!”, ouve-se, por vezes, quando alguém não acredita no que lhe acabaram de dizer.
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