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A arte circense do Trengo nasceu há 10 anos na Invicta e está para ficar – cada vez mais próxima do público. O Festival de Circo do Porto, organizado pela companhia Erva Daninha, está de volta com 12 espectáculos em vários espaços da cidade, de parques a teatros, a partir desta quinta-feira, 25 de Junho, e até domingo, dia 29. Nesta décima edição, o evento estende-se também a Viseu e Penafiel, em parceria com o Teatro Viriato e o Ponto C.
Do Parque do Covelo ao Teatro Rivoli, passando pelo Teatro Campo Alegre, pelo Coliseu do Porto e ainda pelo Clube Erva Daninha, não faltam espaços para os espectáculos destes cinco dias, tanto para famílias como para um público mais velho. Já os artistas chegam de vários cantos do mundo: Portugal, França, Brasil, Argentina e, em especial, da Catalunha, com quem o Trengo volta a estabelecer uma parceria.
“Numa altura histórica de grande instabilidade política, nesta décima edição sentimos que há muitos espetáculos que trazem técnicas de circo com um olhar de equilíbrio e desequilíbrio. É um lugar comum, mas por vezes temos que voltar ao básico e perceber que a democracia e a vida são um exercício muito grande de equilíbrio e que temos que estar com a máxima atenção para não cair do arame, para tomarmos bem conta uns dos outros e que, de facto, temos que estar muito atentos e saber viver em comunidade. Espero que o Trengo possa contribuir também para esse espírito de comunidade e ser um espaço de encontro”, sublinha à Time Out Julieta Guimarães, directora artística do festival e da Erva Daninha, que este ano celebra 20 anos de existência.

O Trengo arranca no dia 25 no Parque do Covelo (18.30), com o espectáculo de mastro chinês Look Inside of Your Pocket, do artista Fernando Nogueira, vencedor da Bolsa Trengo 2025. Segue-se, às 19.15, Pocket Loop, de Stoptoï, um concerto que cruza dois malabaristas e um baterista com um repertório que abrange desde o jazz ao rock e a canções de amor. Ainda no mesmo dia, no Clube Erva Daninha a partir das 21.30, acontece o Ensayo de una Catástrofe, da companhia argentina de circo político A Tope.
Na programação destaca-se ainda QOROQ, da companhia catalã Kolectiv Lapso Cirk, que convida a uma reflexão entre corpo e matéria. Realiza-se no Teatro Campo Alegre, nos dias 26 e 27 de Junho (21.30 e 19.30, respectivamente). Directamente de Espanha, o Coliseu do Porto recebe, nos dias 28 e 29, Campaña, de Xampatito Pato, um espectáculo dedicado às famílias, com direito a marionetas e malabarismo.
Já o Teatro Rivoli vai ser palco de Piano Rubato, um espectáculo de Melissa von Vépy, que acontece nos dias 27 e 28 de Junho, às 21.30. No Parque do Covelo haverá também vários espectáculos, como How Much We Carry?, do Cirque Immersif, na sexta-feira e no sábado, a partir das 17.00.

A programação completa está disponível na página do Trengo e os espectáculos ao ar livre, no Parque do Covelo, são de entrada gratuita. Já os bilhetes para os restantes espectáculos custam entre 5€ e 9€.
Um circo próximo e a crescer
A assinalar dez edições do Trengo, Julieta Guimarães destaca a evolução de um festival que começou a ser feito em 2016 com poucos apoios e muita vontade em divulgar o circo, aproximando-o de todos. “Procuramos muitos espectáculos de média dimensão, que se integrem bem no parque, que tenham paisagens cuidadas, bonitas, e que tenham uma relação particular com a natureza. E mesmo nos espectáculos de interior as plateias são diferentes do habitual, portanto, trazem uma proximidade entre o artista e o público”, destaca.
As performances do Trengo, continua a directora artística, nem sempre são direcionadas a crianças, até porque o objectivo é mostrar que o circo pode ser para todos, tanto ao ar livre como em espaços fechados. “O circo no espaço público é óptimo, é democrático e misturar as pessoas é excelente, mas o circo em interior também é necessário por várias questões: por questões técnicas, porque há espectáculos de circo que não dão mesmo para a rua, porque são para públicos muito específicos e porque precisamos também de valorizar esta área e mostrar a parceiros e programadores que há circo que é muito experimental, que é para adultos e que, inclusive, é feito em Portugal e que está a ser exportado”, sublinha Julieta Guimarães.

Já Vasco Gomes, também da direcção da Erva Daninha, sublinha a relação internacional desenvolvida este ano: “Foi um crescimento lento, mas agora temos relações interessantes”, refere, destacando ainda a evolução do festival, juntamente com as propostas artísticas e a sua relação com a cidade e o espaço público, mas que manteve sempre "a essência e a proximidade, as plateias baixinhas, a proximidade dos próprios artistas e dos espectáculos com o público”.
Vários locais (Porto). 25-29 Jun, Qua-Dom. 5€-9€ (os espectáculos no Parque do Covelo são de entrada gratuita)
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