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Bruno Vila Lobos aprendeu a cozinhar com a avó e com a mãe. Agora está a aprender a ter um restaurantes com ares de casa de chá sozinho. “Passava aqui de carro todos os dias para ir levar a minha filha à escola”, conta dentro da pequena loja em Alvalade, com uns quantos vasos pendurados no tecto. “Um dia mandei uma mensagem de Facebook aos donos [do espaço], marquei uma reunião e na segunda-feira seguinte pedi uma licença sem vencimento”, lembra. Não lhe deram a licença, despediu-se do cargo de engenheiro do território, e agora a engenharia é fazer andar para a frente um casa com menos de 20 lugares e uma cozinha pequena e sem gás onde só ele cozinha.
Também é Bruno a servir às mesas e a pensar no menu, e ainda a gerir todo o lado burocrático. Está a aprender tudo do zero, não tinha experiência em restauração e vale-lhe a ajuda da mulher e da mãe, que de vez em quando faz uns bolos que se comem no Lobos à fatia ou que ajuda a criar receitas como o trio de chocolate, um gelado cortado à fatia com uma cama de chocolate amargo, outra de chocolate branco e uma última de chocolate de leite (3,50€) – uma ideia intuitiva e vencedora.
Mais difícil foi chegar à fórmula do restaurante. Neste primeiro mês tentou entrar na onda saudável, tentou o copo ao fim do dia com qualquer coisa para comer e tentou fixar um menu, mas no bairro residencial onde nasceu e sempre viveu nada disso resultou. “As pessoas vêm e gostam mas só voltam se tiverem alguma coisa diferente”. Com isto acabou-se a ementa fixa e mantiveram-se só uma ou duas receitas que saem bem e não se veem em muitos sítios, como o rolo de salmão – torta salgada feita com uma massa de espinafres e recheada com salmão fumado. De resto, todos os dias há pratos do dia ao almoço como rolo de porco preto, alho francês à brás ou o rolo de bacalhau. O forte são os brunchs ao fim de semana, quando se pode passar mais tempo na sala aconchegante e com ilustrações de lobos humanizados aqui e ali, enquanto os miúdos têm espaço lá fora para se pendurarem nas árvores enquanto alguém os vê do interior. Há uma quantidade de ovos considerável, dos expectáveis ovos mexidos (3,50€), aos ovos rothko (4,50€), croque madame (5,50€) ou croque monsieur (5€) e menus combinados que incluem, entre outras coisas, ovos mexidos com bacon e croissant, ou tosta de salmão ou abacate e panqueca doce.
Para jantar no Lobos só em grupo: Bruno fecha o restaurante para 14 pessoas e pede para ser desafiado na ementa – digam-lhe com tempo e ele estuda as hipóteses. Com este aluguer do espaço e do cozinheiro ainda vem o bónus de escolher a decoração da casa e a banda sonora para a noite.
Rua Alfredo Cortês 1A (Alvalade). Ter-Sex 10.00-19.00, Sáb-Dom 10.00-17.00.