A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar

Local: o novo restaurante de André Lança Cordeiro só tem mesa para dez

Escrito por
Catarina Moura
Publicidade

Não são 18 metros quadrados para confeccionar pastelaria francesa, gravlax, emulsões, carnes confitadas ou foie gras em vinho do Porto. São 18 metros quadrados para cozinhar tudo isto (e mais) e servi-lo a uma única mesa. O Local é o novo restaurante de André Lança Cordeiro, acabado de abrir no Príncipe Real, onde as bases francesas da cozinha se mostram, mas apenas a dez pessoas de cada vez.

Durante o jantar se André Lança Cordeiro e Leonor Sobrinho se desentendem, o melhor é guardar tudo para dentro e nem dizer nada. Entre a cozinha e a sala não há separação de nenhum tipo e cada refeição pode quase ser uma sessão de show cooking: os dois estão sozinhos, a trocar peças entre si sem dizer nada. “Basta olhar para o que ela está a fazer e já sei o que precisa”, diz André que começou a trabalhar com Leonor no restaurante do hotel Palácio do Governador, em Belém. O chef veio dos seus cinco anos de trabalho em Paris para chefiar essa cozinha e dois anos depois mudou das cozinhas “onde se tem de dar 200 por cento” para um modelo em que consegue ter tempo para pensar, olhar para o que está a fazer, rodar a carta com frequência e pensar no que vai fazer a seguir.

As sobremesas têm a técnica da pastelaria francesa
© Francisco Santos

No Local servem-se 20 jantares por dia. Cada par ou pequeno grupo que chega tem de partilhar uma mesa corrida e comer o que se está a cozinhar a dois passos: cozinha de base francesa, com sabores simples e claros. Numa das entradas adivinha-se um toque nórdico: um gravlax feito em 48 horas servido com crème fraiche e óleo de estragão (7€). Nas restantes é técnica e ideias francesas por todo o lado, dos cogumelos selvagens com gema de ovo trufada (9€) ao foie gras cozinhado em vinho do porto servido com pão brioche e figo (10€).

Toda esta carta pode mudar num instante se o melhor peixe da época é outro que não o robalo de mar (servido com cogumelos e batata fondant). No dia em que passámos peelo Local, o prato de peixe era pregado com alcachofras, pimento e uma emulsão do caldo das alcachofras. Se há muito tomate no armazém ali ao lado — o restaurante não tem congeladores — substitui-se o creme de agrião com sapateira por um salmorejo com sapateira (8€).

Ao final da refeição há toda a experiência de André com a pastelaria francesa, do Paris Brest com espuma de laranja (6€) ao mil folhas que não vai ter de pôr de forma mais permanente na carta por ser tão pedido, explica.

Para já não há preocupações com a rentabilidade de um restaurante tão pequeno ou com o facto de a cozinha francesa não estar na trend list do Instagram. É descer a rua de O Século com atenção porque também ainda não há letreiro. Nem número de telefone. Vamos com calma que são só 20 refeições por dia.

Rua de O Século, 204 (Príncipe Real). Ter-Sáb 20.00-00.00.

Últimas notícias

    Publicidade