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Paula Lovely anima noites Sing it Out no 49 da ZDB

Escrito por
Clara Silva
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A personagem criada pelo italiano Paolo Gorgini é a protagonista das noites de karaoke Sing It Out no 49 da ZDB e uma das novas figuras drag da cidade. Fomos conhecê-la antes da próxima festa já esta quinta.

“Não sou nem serei a mais bonita, nem a mais bem maquilhada e provavelmente também não sou a mais ágil a dançar.” Foi assim, quase como num concurso de drag queens, que Paula Lovely se apresentou no 49 da ZDB em Junho com a ideia de organizar uma noite de karaoke no bar do Bairro Alto cada vez mais queer. “Cantar ao vivo é a minha marca”, deixou bem claro.

Antes de se fazer ouvir na noite alfacinha, a personagem criada pelo italiano Paolo Gorgini, de 31 anos, só costumava aparecer de vez em quando em festas de amigos em que lhe pediam para cantar – Paolo estudou canto lírico no conservatório em Bolonha. “O nome Paula veio de quando fiz Erasmus em Lisboa, em 2008”, conta em português na cozinha de sua casa, ainda com as roupas de Paula, mas já sem a peruca. “As minhas amigas bichonas diziam-me vários nomes que eu podia ter à portuguesa e surgiu Paula.”

Quase uma década depois, de volta à cidade, Paula renasceu o ano passado, desta vez em Carnide, “num projecto de teatro comunitário com idosos”, recorda o artista e activista. Num espectáculo dedicado a António Torrado no Dia Mundial do Teatro, Lovely surgia como uma mistura entre uma personagem inventada por Torrado, “a cantora de cabaret francesa que vai distrair o jovem rei”, e o próprio escritor, “depois dos rumores que nos tinham chegado aos ouvidos de que fazia drag enquanto estava na tropa”.

“A coisa”, que é como quem diz Paula Lovely, “ficou numa gaveta” mais uns tempos até chegar um “impulso artístico” de Alfama, com o bar FavelaLx do brasileiro John Kalagary e as suas noites performativas abertas a novos talentos underground e queer da cidade. “O John convidou-me a ter uma noite minha no bar e foi aí [há uns meses] que Paula Lovely começou a ter uma vida independente”, continua.

“Activista, feminista, wannabe artista, sandes mista, poetisa, guerreira e cantora”, lê-se no Facebook. Lovely é tudo isto e o que mais surgir numa das suas performances. Na Marcha do Orgulho LGBT, antes de cantar, Paula aproveitou para discursar e tirar a máscara. Uma maneira de “apresentar as afinidades com o Paolo, o criador, um activista seropositivo que está há anos a levantar questões de visibilidade das pessoas que vivem com VIH”.

Mais recentemente, às quintas (não todas), no 49 da ZDB, o discurso sério é substituído por canções divertidas nas noites Sing It Out, sempre com temática diferente. Na quinta-feira passada, em Postcards from Italy, mostrou-se que a música italiana “não é só Laura Pausini e Andrea Bocelli”. Esta quinta, 12 de Outubro, há mais música de divas, de Shirley Bassey a Tina Turner, numa playlist com centenas de músicas, e outras surpresas que passam por leituras de peças de teatro, poesia, performances e até um “artivista” a pintar a plateia, como já aconteceu.

“Os pedidos mais complicados de músicas podem ser feitos com antecedência na página da Paula Lovely do Facebook”, continua Paolo, que no dia seguinte a estas noites tem um trabalho mais… normal, digamos assim, num escritório onde chega de manhã ainda com vestígios de maquilhagem. Ninguém se importa com isso. Já se sabe que quem canta seus males espanta.

Quinta, a partir das 22.00, no 49 da ZDB. Rua da Barroca, 49 (Bairro Alto). Grátis

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