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Do romance à literatura de viagens, do teatro à literatura infantil e em tudo com uma consciência social activa e denunciadora. Raul Brandão está a fazer 150 anos e uma das prendas é o site com o seu nome onde se vão reunir algumas obras de acesso livre, espólio cedido pela Fundação Martins Sarmento e pesquisa sobre o autor. Mais eficaz do que uma rua em seu nome, o site pode vir a ser uma ferramenta de divulgação de um dos mais importantes escritores da viragem do século XIX para o século XX e, ainda assim, não muito lido.
O site, projecto da Câmara Municipal de Guimarães, cidade onde o republicano viveu boa parte da sua vida, tem alguns instrumentos básicos, como links para o projecto Gutenberg — onde se podem descarregar Húmus, Os Pobres, As Memórias e algumas peças de teatro —, reúne a bibliografia e dados biográficos, elenca os lugares a que esteve ligado e revela um pouco do amor que o unia a Maria Angelina, sua mulher, de quem beija as cartas "muitas vezes, como beijo tudo o que de ti provem", lê-se na sua correspondência.
A par de uma boa ajuda a académicos, ao ordenar todas as referências bibliográficas sobre o autor nascido na Foz do Douro a 1867, há espaço para os mais pequenos leitores numa área dedicada ao livro Portugal Pequenino, escrito a meias com Maria Angelina, e encabeçado pelo Brandinho, uma espécie de alter ego com seis anos do escritor. "Sabem que me juntei a um grupo com um nome difícil: os Nefelibatas? Ne-fe-li-ba-tas. Eu e outros escritores andámos à luta com as regras literárias e gramaticais", ensina o boneco que nos trata por petizes.
O autor de Ilhas Desconhecidas ou História de um Palhaço, e que tem edições da sua obra na Quetzal e na Relógio d'Água, vai ser ainda homenageado com a primeira edição do festival Húmus, em Guimarães. A programação vem decorrendo desde o ano passado e terá o seu ponto alto de 8 a 11 de Março.