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Há sempre alguém que resiste, há sempre Abril em Lisboa

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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O local de apresentação da programação EGEAC "Abril em Lisboa" não podia ser mais apropriado. No Museu do Aljube, antiga prisão política da ditadura militar, falou-se de resistência e liberdade. E também de concertos, conversas e até um speed dating com deputados nacionais.

“Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”, lembra o poema escrito por Manuel Alegre em 1963. Mas difícil vai ser resistir à programação que promete animar a cidade de 19 a 25 de Abril, em que destacamos alguns momentos.

Operação Condor – Exposição de fotografia de João Pina
O fotógrafo João Pina entrou no Aljube pela primeira vez na apresentação do programa "Abril em Lisboa". Ao contrário do avô, lembrou, que aqui passou uns anos. Também pela primeira vez chega a Portugal esta exposição que roubou o nome a uma operação secreta chilena e que já deu a volta ao mundo. Um projecto desenvolvido entre 2005 e 2014 directamente relacionado com as seis antigas ditaduras da América Latina. O resultado é uma espécie de mapa de repressão política em imagens que poderá ver de 21 de Abril a 18 de Julho no Torreão Poente da Praça do Comércio.

João Pina

Festival Política
É uma modalidade festivaleira que já tem décadas de existência noutros países, como o Reino Unido ou Itália. Sob o tema Abstenção, chega pela primeira vez a Portugal um certame cheio de debates, workshops, conversas e cinema, em que destacamos o Cara a Cara com Deputados: durante cinco minutos os participantes podem conversar com Mariana Mortágua (BE), André Silva (PAN), Rita Rato (PCP), Heloísa Apolónia (PEV), Ana Rita Bessa (CDS), Isabel Moreira (PS) e Sérgio Azevedo (PSD). Dia 21 de Abril, pelas 18.30, no Cinema São Jorge. No mesmo local, mas no dia seguinte, terá lugar a iniciativa artística Abstenção de 0 a 25, onde cinco autores vão fazer, imprimir e vender serigrafias sobre o impacto da abstenção. São eles André da Loba, Carolina Maria, Miguel Januário - ± maismenos ±, Sara Maia e Alberto Faria.

Jorge Matos, sobre imagem arquivo DN

Censura: alguns cortes. Filme de Manuel Mozos
O festival vai revelar um espaço secreto de Lisboa: a sala privada de visionamento do antigo edifício da Rank Filmes, contíguo ao Cinema São Jorge, recentemente recuperada. Aqui terão sido visionados vários filmes pela Comissão de Exame e Classificação dos Espectáculos. Agora, e de 22 a 24 de Abril, será visionado o filme Censura: alguns cortes, de Manuel Mozos, uma obra encomendada pela Cinemateca ao realizador a propósito do 25º aniversário da Revolução dos Cravos. O filme de 75 minutos inclui cortes feitos pela censura a cerca de 50 fitas produzidas entre 1950 e 1972 e será passado em loop.

José Frade

Canções para Revoluções
A noite de 24 de Abril será de festa na Praça do Comércio. Com a curadoria de Luís Varatojo, ao palco sobe um repertório que em comum tem as ditaduras de Portugal, Espanha, Argentina ou Chile, das quais nasceram artistas que produziram um enorme número de canções de intervenção. Todas terão arranjos feitos especialmente pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e o coro Lisboa Cantat, que vão acompanhar um elenco de peso, de António Zambujo a Vitorino.

Zeca Afonso, Cabrita Gil, SPA, 2017

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