A ópera cantada em línguas eslavas estará sempre em desvantagem perante as óperas em italiano, francês, alemão e inglês e a genialidade de Mussorgsky, Janácek ou Bartók dificilmente alcançará reconhecimento similar ao de Mozart e Verdi, mesmo numa época dotada de dispositivos de legendagem. No caso de O Castelo do Barba Azul, de Béla Bartók, a língua não é o único obstáculo, pois o compositor, trabalhando sobre libreto de Béla Balázs (inspirado no conhecido conto de Charles Perrault), criou uma obra tenebrosa e inquietante, cuja tensão e angústia nunca conhecem resolução ou alívio – quem associe ópera apenas a entretenimento poderá ficar assarapantado, mas estamos sem dúvida perante uma das mais magistrais criações musicais do século XX – ou de qualquer época.
Tratando-se de uma ópera breve, será complementada por outra famosa ópera breve do século XX: La Voix Humaine (1959), de Francis Poulenc, a partir da peça homónima de Jean Cocteau. Tem uma única personagem (Elle), que será desempenhada por Alexandra Deshorties. Em Bartók, Marcell Bakonyi será Barba Azul e Allison Cook, Judith, e o Coro do TNSC e a Orquestra Sinfónica Portuguesa terão direcção de Joana Carneiro; a encenação é de Olga Roriz.