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 Bruno Gascon
©Luís Sustelo Bruno Gascon, nas filmagens de Irreversível

Drama, crime e saúde mental. Vai ser assim a estreia de Bruno Gascon em televisão

Com a Figueira da Foz como pano de fundo, a série 'Irreversível' é o primeiro trabalho de Bruno Gascón realizado especificamente para televisão. Fomos a um dia de rodagem.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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É realizador, argumentista e destacou-se nos últimos anos com os premiados filmes Carga (2018, hoje disponível na Filmin e na HBO Max) e Sombra (2021), este último adaptado a série de televisão para a RTP. Bruno Gascón aventura-se agora na realização do seu primeiro argumento escrito para televisão, mais uma vez na companhia da produtora Caracol.

Pedro Laginha, Rafael Morais, Ana Cristina Oliveira, Soraia Chaves, Laura Dutra, Margarida Vila-Nova e Paula Magalhães são os actores que integram o elenco de Irreversível, uma história de drama, crime e saúde mental. Ambientado numa pequena cidade costeira portuguesa, o enredo está envolto em mistério, com um inspector e uma psicóloga empenhados em resolver o caso de um homicídio. “O que vão descobrir vai pôr a descoberto intrincados segredos que envolvem toda a comunidade. A partir do momento em que são revelados tudo se torna irreversível”, divulga a RTP, a estação para a qual a série está a ser produzida (com o apoio da Câmara Municipal da Figueira da Foz).

“Esta série tem a ver um bocadinho com as temáticas de que venho falando ao longo dos filmes que fui fazendo. Tem uma temática que para mim é muito importante, que fala sobre problemas sociais e sobre o lado em que o passado influencia muito as personagens”, explica Bruno Gascon aos jornalistas que assistiram a um dia de gravações na Figueira da Foz, junto à Lagoa da Vela. O realizador promete prender os espectadores, desafiando-os a cada episódio a encontrar pistas que denunciem o assassino. “Provavelmente vão errar”, diz confiante. Mas sublinha que não é tarefa simples escrever uma trama recheada de puzzles. “Temos de ter muito cuidado, porque qualquer pista errada, ou que revele demasiado, estraga logo a série. E aqui o cuidado foi exactamente esse”, sublinha. “A ideia foi tentarmos chegar ao fim sem que as pessoas percebam quem foi o assassino.”

Joana Domingues, produtora e co-fundadora da Caracol Studios, revela que este é um projecto desenhado para se internacionalizar noutros mercados. “Os temas abordados dizem respeito a todos nós como seres humanos, globalmente. Dá-lhe um potencial de circulação mais elevado. E este trabalho conjunto da RTP com os municípios acaba por ser uma mais-valia para todos. Conseguimos construir projectos com mais solidez, trazer novos rostos para a ficção, juntando rostos mais conhecidos dos portugueses, e construir projectos que efectivamente podem chegar aos portugueses e internacionalizar.”

Laura Dutra e Margarida Vila Nova
©Luís SusteloLaura Dutra e Margarida Vila-Nova durante as filmagens

O elenco de Irreversível tem caras bem conhecidas dos portugueses. Margarida Vila-Nova veste a pele de Júlia, uma psicóloga atormentada pela perda da filha que se envolve na investigação do crime, e também com o inspector Sousa, interpretado por Rafael Morais. Este último adianta que a sua personagem, “devido à profissão que tem, cria muitas camadas nele próprio como forma de protecção e, à medida que a série vai evoluindo, essas camadas vão ter de cair”. Vila-Nova fala assim sobre a abordagem ao seu papel: “Estes temas são sempre importantes de se trazer ao ecrã. É uma forma de trazer a discussão sobre o luto, a dor, a perda de um filho, a saúde mental”. De destacar que Margarida Vila-Nova irá ainda integrar o elenco da futura série da RTP Matilha, um spin-off de Sul, na qual regressa como Mafalda ao lado de Afonso Pimentel (Matilha). Segundo a RTP, esta série, também realizada por Edgar Medina, "acompanha a jornada de redenção de Matilha que abandona a vida de marginal e luta para não perder o amor de Mafalda".

Voltando a Irreversível, Soraia Chaves – que também podemos ver na segunda temporada da série Operação Maré Negra – é a professora Laura e uma mãe super-protectora em relação à filha Sara (Laura Durta), que estuda na mesma escola. “É daquelas pessoas cujo mundo gira à volta da filha. Uma relação talvez um pouco obsessiva pelo extremo cuidado”, adianta a actriz. Por outro lado, a filha lida com problemas de integração, ao mesmo tempo que deixa de ser acompanhada pela psicóloga Júlia, regredindo no seu processo. “A série apela bastante ao cuidado pela saúde mental, que é imprescindível. É cada vez mais importante abordar isso, sem preconceitos nem tabus. É um guião bastante intrigante que me deu vontade de ler do início ao fim”, defende Dutra. Nele encontra-se ainda o casal Anabela (Ana Cristina Oliveira, que também participou em Carga e Sombra) e Henrique (Pedro Laginha), pais de Luísa (Paula Magalhães), que se mudam para esta pequena cidade. “Temos um casamento que foi feliz até determinada altura. E aconteceu uma coisa que não podemos revelar, mas irreversível, que mudou a nossa vida a partir daí”, diz Laginha, deixando no ar algum mistério.

A data de estreia ainda não está definida, mas José Fragoso, director da RTP1, aponta para o final deste ano, início de 2024. E elogia o investimento das autarquias no audiovisual. “O nosso país todo é fantástico para filmar. E temos de aproveitar a diversidade da nossa geografia para as produções de ficção. Isso soma-se a uma outra questão: nos últimos anos temos sentido uma vontade de muitas autarquias em Portugal de investirem neste tipo de produções. A série quando passar na televisão vai chamar a atenção para o facto de ter sido rodada nesta região e depois vai, provavelmente, fazer o caminho internacional, passar noutros mercados, seguramente. Estas produções são o registo que fica para o futuro, são património audiovisual do país, da cultura portuguesa, que ficará para as gerações futuras. Hoje ainda muita gente vê o Zé Gato, que tem mais de 40 anos”.

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