O grande acontecimento da fotografia na cidade já começou: a primeira exposição do Imago Lisboa, “Invisible Borders”, abriu portas este mês na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA). Em cena até 4 de Outubro, com curadoria de Rui Prata, mostra-nos como as fronteiras mais difíceis de atravessar não estão inscritas em nenhum mapa – são as da invisibilidade, traçadas por séculos de colonialismo global, silêncio e exclusão social, agora registadas pelo olhar de Alina Zaharia, Gloria Oyarzabal, Grace Ribeiro, Patrick Rastenberger, Omar Victor Diop e Wendel A. White. Mas há muito mais para ver até ao final do ano.
Nesta sétima edição, sob o mote “Quebrar o Silêncio – Caminhar Juntos”, são as questões do racismo e da xenofobia a enformar a curadoria das exposições, que convidam à escuta e à partilha, “num momento em que a convivência entre culturas e experiências se torna imperativa”. “Conscientes de que este não é um tema novo, achamos que continua a ser, todavia, pertinente e oportuno, dado que consideramos que não está de modo nenhum esgotado, e que esta é uma problemática que tem evoluído, e que vale a pena reexaminar no quadro de uma sociedade cada vez mais multicultural”, lê-se no dossiê de imprensa do festival.
Além de “Invisible Borders”, na SNBA, a programação inclui mais dez exposições, no Museu da Água – Estação Elevatória dos Barbadinhos, na Galeria de Santa Maria Maior, nos Jardins do Bombarda, no Arquivo Municipal de Lisboa, nas Carpintarias de São Lázaro, na Galeria Imago Lisboa, no Imago Garage, na Procurarte e no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC). Destaca-se desde já, por exemplo, “The Journey: From Then to Now”, com curadoria de Anne Nwakalor, que aborda desde o colonialismo e o seu impacto nas crenças ancestrais até à exploração e mercantilização dos corpos das mulheres negras. A inauguração está prevista para 16 de Outubro, às 18.00, nas Carpintarias de São Lázaro, onde a exposição ficará até 9 de Novembro, para que possa ver os trabalhos de Adiam Yemane, Giya Makondo-Willis, Jono Terry, KC Nwakalor, Obayomi Anthony e Tayo Adekunle.
À vista por entre as diferentes propostas, salta ainda “Emotional Encounters”, com curadoria de Elina Heikka, que reúne projectos de Aline Motta, Sofia Yala e Yassmin Forte, cujas histórias familiares estão, de diferentes formas, marcadas pelo colonialismo português no Brasil, em Angola e em Moçambique. Inaugura a 20 de Novembro, às 18.00, no MNAC, e pode ser visitada até 1 de Fevereiro do próximo ano. Mas também “Histórias do Povo Cigano”, uma iniciativa do Movimento de Expressão Fotográfica em parceria com a Costume Colossal, que usa a imagem como ferramenta de expressão e visibilidade cigana. Inaugura ainda antes, a 10 de Novembro, às 18.00, nos Jardins do Bombarda.
“A investigação do tema foi alvo de profunda análise e diálogo por parte dos comissários envolvidos (Anna Fox, Anne Nwakalor, Elina Heikka e Rui Prata) e com a participação de alguns investigadores da área da sociologia”, lê-se também no comunicado à imprensa. “O racismo, embora toque mais próximo às comunidades afro-descendentes, é também exercido sobre outras minorias, tais como, por exemplo, ciganos e asiáticos. Um número cada vez maior de estudos confirma que tem efeitos nefastos sobre a saúde física e mental das suas vítimas. Tal como qualquer fardo, desgasta quem o carrega.”
Quanto às actividades paralelas, estão previstas arrancar a 20 de Setembro, com um passeio fotográfico guiado por João Goes, das 15.00 às 18.00, e a agenda inclui oficinas, debates, projecções e leitura de portfólios, bem como visitas guiadas nos dias 17 e 18, na Galeria de Santa Maria Maior e nas Carpintarias de São Lázaro, respectivamente. A programação completa está disponível no site do Imago Lisboa.
Vários locais. Set-Dez, vários horários.
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