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Três filhas, uma mãe, comida com pouco desperdício e unicórnios

Escrito por
Catarina Moura
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A mãe de Madalena, Cristina e Inês esteve para abrir um restaurante quando as filhas ainda eram miúdas. Ia ser na Graça, provavelmente com comida tradicional portuguesa, mas o sonho nunca chegou a acontecer. Entretanto as garotas cresceram, uma tornou-se vegetariana, foi passando esta forma de comer às outras mulheres da família (o pai é, ainda hoje, mais resistente), e a mãe reformou-se. Aperceberam-se todas que era altura de concretizar o sonho de Maria José, que se levantava às seis da manhã para lhes pôr almoços acabados e fazer no termos. E está resumida a história do My Mother’s Daughters, o café e restaurante do Largo de São Sebastião onde se comem pratos sem produtos de origem animal, tendencialmente biológicos, com super alimentos à mistura e muita atenção ao desperdício.

my mother's daughters
A entrada não deixa dúvidas sobre o interior: quem manda é a mãe, com-se biológico e essencialmente vegetais
Francisco Santos

Quase sempre há na carta uma entrada que se vende pelo nome “desperdício zero” (3€): o que sobrou do prato do dia de ontem é a entrada de hoje. Já houve beterrabas temperadas a transformarem-se num creme, ou cogumelos a entrarem em pastéis com maionese de caju, ou ainda lentinhas metidas em rolos com tofu. “Começámos a apercebermo-nos do momento que vivemos, da escassez de recursos e queríamos que todo o espaço estivesse de acordo com isto”, explica Madalena sentada a uma das mesas do pequeno espaço. Lá ao fundo, na cozinha aberta, estão a mãe, Inês, Cristina e uma das cozinheiras.

my mother's daughters
O pudim de chia com carvão activado, granola e manteiga de amendoim caseiras
Francisco Santos

Na decoração esforçaram-se por não estragar as ideias ecológicas e naturais que têm à mesa – “queremos ter propostas plant based e com os ingredientes o mais próximos possível de como estão na natureza”, diz Madalena. As paredes são forradas a um aglomerado de azulejos que de outra forma iriam para o lixo; as mesas são da Zanat, feitas a partir de madeiras sustentáveis, com uma técnica de gravação bósnia; os candeeiros, todos diferentes, são de Martinho Pita, o artesão lisboeta que trabalha com mestres vidreiros da Marinha Grande; e as almofadas são da Shanti, feitas de algodão e tingidas com pigmentos naturais.

Fotografia: Francisco Santos

Alguns dos pratos do dia (9€) já tiveram de fixar-se na semana com um dia específico para serem servidos, de tão pedidos que são. O ragu de banana é agora à terça: foi uma dica das cozinheiras brasileiras do My Mother’s Daughters que já sabiam confeccionar casca de banana para reduzir o desperdício desta fruta. Noutros dias há pratos que ao longo dos últimos anos Maria José foi adaptando, como a feijoada vegetariana, por exemplo.

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Bowl fresca com couve kale, vegetais assados, arroz negro e chucrute
Francisco Santos

A ideia é que o menu fixo vá mudando de três em três meses. Isto vai significar mudanças nas bowls fresca (com couve kale, pesto, legumes assados, arroz negro e chucrute) e da terra, uma taça com mais corpo (por agora com lentilhas, arroz de couve-flor e batata doce assada). Nem as bowls doces se livram de mudanças – por agora há a de pudim de chia com carvão activado, granola caseira e manteiga de amendoim (4,5€), ou a smoothie bowl com açaí, granola e fruta.

My mother's daughters
A tosta unicórnio vem acompanhada com couve kale
Francisco Santos

De resto, ao longo do dia, bebem-se lattes "de bem estar", com bebidas vegetais e super-alimentos, e comem-se snacks que têm ganho fama com o movimento da comida saudável – embora Madalena não queira ser associada “a estes rótulos”: vai encontrar bolinhas energéticas (1,5€) e barrinhas de cereais (2€). Mais originais e com grande potencial ao nível das redes sociais é, por exemplo, a tosta unicórnio (4,5€), uma fatia de pão barrada com cores entre o azul e o cor de rosa. E nada de corantes artificiais, só pasta de feijão tingida com chá azul e beterraba. Por cima, o vidrado de limão dá mais sabor e as sementes de abóbora tostadas o crocante que falta.

Largo de São Sebastião da Pedreira, 49. Seg-Sex 8.30-19.00; Sáb-Dom 10.00-17.00.

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