O Cento e Quatroº, no Atrium Saldanha, tem um conceito, pois claro, uma ideia pensada por um chef (Francisco Magalhães, ex- Taberna 2780 e ex-Apicius), que até é engraçada, mas cuja execução fica aquém dos bons fast foods de Lisboa. Vem na maré da cozinha saudável, dirigese aos intolerantes a x e y, pede um valor baixo pela refeição (8€ em média), e parte da ideia que aos 104 graus, quando a água é vapor, “o sabor dos alimentos é mais verdadeiro”, lê-se no Facebook do restaurante. E verdadeiro, no caso, não quer dizer melhor.
O pedido é feito ao balcão, frente a frente com os cestinhos da comida, antes de entrarem para a vaporeira. No caso do salmão com laranja e funcho, preferi o aspecto pré-vapor. Em termos de sabor, laranja a mais, salmão sensaborão, e uma mistura de quinoa e legumes na base apagada pelo citrino e afogada em água. No caso do frango com caril e sementes, preferi o aspecto pós-vapor. Feliz a combinação, com rebentos de soja, pevides e goji, infeliz e seco o resultado, com arroz mal cozido e frango, tal como o salmão, sensaborão. Dos ravioli de requeijão com pêra e noz, o aspecto é igual e o resultado é indiferente e algo insosso.
De certa forma , apesar do esmero das receitas, tudo faz lembrar a comida de avião. Com a desvantagem de não estar a voar para lado nenhum.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.