Irmão

Não foi o primeiro clube de praia na Costa da Caparica, muito longe disso, mas foi talvez aquele que criou uma dinâmica que é hoje bem representativa do que é a Costa: um destino boémio e com pinta, que vive para lá do Verão. Chamar-lhe clube pode até ser redutor, acredita Nicolas Sainte-Claire Deville, que abriu o Irmão em 2020, com os dois irmãos, Nini e Romain. “Hoje, o Irmão é um destino, mais do que um bar, um restaurante ou uma discoteca. Não é um sítio onde vens só para almoçar ou jantar, é onde vens passar o teu dia e talvez parte da noite, é um lugar onde tens várias possibilidades”, conta, descontraído, de pé na areia. “Não temos background no meio. Seguimos o nosso sonho”, continua, explicando que, apesar de todas as adversidades que a pandemia trouxe ao negócio, que acabara de arrancar, foi também o que permitiu aos três irmãos começarem devagar. “Tivemos a oportunidade de aprender em condições mais tranquilas”, acredita, com a certeza de que o Irmão está melhor hoje. “Estamos sempre atentos ao que podemos fazer para melhorar e inovar, não podemos parar.” Há qualquer coisa de Burning Man ali. Pode ser o camelo em pleno areal, ou a tenda do DJ com uma bola de espelhos numa paisagem de praia, mas também o tecto repleto de plumas coloridas no restaurante, ou as mesas baixas e sofás com motivos étnicos. A carta, essa, é servida em qualquer lado, a qualquer hora, destacando-se as pizzas – uma escolha à partida inusitada para um restaurante de praia. “Quando chegámos aqui e fizemos a pesquisa para ver o que os outros estavam a fazer, ninguém estava a fazer pizzas. Achámos estranho, mas os portugueses não gostam de pizza?” A resposta não tardaria a chegar: gostam e não é pouco. Nas mesas ou no areal, há sempre pizzas a passar, até dentro de caixas, já que é possível pedir para take-away. São pizzas de fermentação lenta, que podem ter base de tomate ou de queijo. A bestseller, garantem, é a que junta stracciatella, manjericão e tomate-cereja com azeite de trufa (20€). Mas também há sugestões frescas, como o sashimi de melancia (12€) ou o wrap Caesar, que acompanha com batatas fritas (12€), e pratos principais, que tanto podem ser uma beringela assada com burrata, tomate-cereja e romã (18€), ou um hambúrguer de carne maturada com batatas fritas (22€). Nicolas menciona ainda o programa nocturno, cuja fama se estende para lá da Caparica. Há concertos e actuações de DJs, festas que fazem furor nas redes, quase sempre ao fim-de-semana. É ficar atento porque nem no Inverno este Irmão acalma.