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La Mafia se sienta a la Mesa

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  1. La Mafia se sienta a la Mesa
    Francisco Romão Pereira
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    Francisco Romão Pereira
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A Time Out diz

3/5 estrelas

É um conceito estranho, vagamente italiano, com os escritórios em Espanha. Alfredo Lacerda não vai aderir ao franchising.

Esclareça-se já. Os críticos não gostam de restaurantes de cadeias, nem de franchisings. Gostar disso é gostar de fórmulas. E, se os restaurantes fossem todos fórmulas, os críticos deixavam de ser necessários. 

Este La Mafia quer ser uma fórmula com 800 funcionários e umas dezenas de restaurantes em Espanha, onde nasceu. Por cá, estreou-se em 2022 com um restaurante no Parque das Nações e outro, mais recente, nas Avenidas Novas, que visitei. O plano é ter 15 espaços no país, até 2027, estando a decorrer convites para abertura de franquia, no site. 

A avaliar pela experiência recente que lá tive, todavia, não vai ser fácil. Dia de semana, jantar, a sala com mais de 200 metros quadrados, na esplanada turistas tristonhos, empregados a repetir a cartilha, atabalhoados, a despropósito. 

“Tem reserva?”, perguntaram-me na recepção, a sala mais vazia do que uma miss universo. Importava só cumprir o protocolo, dar aquela pala de que “cuidado, isto é hotspot, isto é só para alguns, isto é top”. 

Lá dentro, o espaço estava reservado a mesas assim num estilo sem estilo, vergas e veludos, praia e cidade, mármores e azulejaria vintage (falsos), balcão iluminado, Santorini meets Benidorm meets bar de hotel da República Dominicana. 

Mas o que impressionava mais eram os candeeiros, muitos, perto de uma centena, contagem por alto – boa parte dos 600 mil euros investidos devem ter sido gastos aqui, pensei. 

Para além de candeeiros, a fórmula do La Mafia dita também que haja muitos pratos. Contei 115, numa miscelânea mediterrânica, que junta ovos rotos e pizzas, tagliatelli e húmus. Em parte, essa diversidade é uma ilusão, porque frequentemente trata-se de baralhar e voltar a dar. 

O foie gras está por todo o lado, as reduções de Pedro Ximénez idem, a sardinha marinada também se repete, o mesmo para as alcaparras e para a trufa nas suas várias modalidades: raspada, em óleo ou maionese. 

É uma carta engenhosa, mas ainda assim imagino o terror do cozinheiro do La Mafia, com tantos ingredientes para juntar. Veja-se, por exemplo, a entrada de “sardine marinate”. 

São de compra, previsivelmente, ou seja, o peixe vem já curado em vinagre de fábrica, mas depois é preciso fazer a assemblage de muita coisa: palitos de focaccia (de compra, também), vinagrete, Grana Padano ralado, molho de tomate, frutos secos, rebentos, mel... 

Devo dizer que é um prato guloso e bem pensado, como são muitos outros. O meu infante, aliás, comeu as sardine como quem come ovos Kinder. Tem tudo: acidez, crocância, umami, docinho, muito docinho. E tem muito, seis filetes, sobre seis palitos de focaccia. Sendo uma entrada, podia ser um prato, e sendo um prato, é um prato barato (10€). 

De resto, a abundância é uma marca da fórmula, que se repetiu no tagliatelle alla putanesca. Outra vez tudo bem e muito, o molho de tomate equilibrado, a massa só um pouco cozida demais, Grana Padano em abundância. Faltaram os anunciados manjericão fresco e as alcaparras, mas para compensar o prato vinha com 15 azeitonas. 

Quem quiser compor as suas massas também pode. Há a possibilidade de escolher o tipo de massa e depois o molho. Foi o que fiz com os panzerotti di foie gras, meias luas recheadas de algo que só muito vagamente sabia a fígado de ganso. Melhor o molho de boletus e natas. Imenso. 

Mesmo sabendo que o preço médio dos pratos andará nos 16€, e que o maior volume é de pasta, matéria-prima barata e segura, é um preço sensato para o sítio onde o restaurante está, para a qualidade da comida, para as quantidades e para os tempos que vivemos. Uma entrada e uma massa dão perfeitamente para duas pessoas. 

Ou seja, duas pessoas podem comer por 40€, e ficarem bem, e até com uma garrafa de vinho, que as há a partir de 12€, coisa difícil de encontrar hoje em dia nos restaurantes de Lisboa. 

Em síntese. O La Mafia é uma marca com o dedo de alguém que sabe do negócio e de cozinha e de truques. Como em todos os restaurantes de cadeia, o maior problema é parecer um restaurante de cadeia. 

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Av. Duque de Ávila 66B (Avenidas Novas)
Lisboa
1050-066
Horário
Seg-Qui 12.30-16.00, 19.30-23.30. Sex-Sáb 12.30-23.30. Dom 12.30-16.00, 19.30-23.30
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