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Luminosa By Furnas

  • Restaurantes
  • Lisboa
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Restaurante, Luminosa By Furnas, Mariscos
    ©Manuel MansoLuminosa By Furnas
  2. Restaurante, Luminosa by Furnas, Marisqueira
    ©Manuel MansoLuminosa by Furnas
  3. Luminosa by Furnas
    Fotografia: Manuel MansoLuminosa by Furnas
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Crítica Pode uma cozinha com várias falhas ter a melhor sapateira recheada da cidade? Alfredo Lacerda não tem dúvidas: pode sim

Perante uma casca de sapateira, toda a a gente se torna caprichosa. O recheio nunca está perfeito. Ou tem maionese a mais ou o problema é a pimenta, ou tem cerveja a mais ou falta-lhe sapateira (acontece muito), ou está líquida ou está sólida. Para os humanos, não há uma casca de sapateira perfeita.

Ou antes, não havia.

Devo dizer o seguinte. Que me lembre, a sapateira recheada que comi neste Luminosa na semana passada foi a melhor de que me lembro. Foi tão boa tão boa que aos 20 minutos de jantar já me tinha esquecido do nome foleiro do restaurante. Assim que eu e a minha companheira levámos à boca o primeiro bocado de pão barrado com o recheio, percebemos que desta vez não ia haver reparos.

- Excelente!
- Caramba, está deliciosa. Nada de mais, nada de menos.

Fresca, com bocados de carne de sapateira grandes, o molho com amargos, acidez e um doce muito leve. Ficássemos por aqui e ficávamos bem. Mas não ficámos, não podíamos. Uma marisqueira está longe de ser uma casca de sapateira, sobretudo se tiver a história da Luminosa, nascida e crescida na Avenida da Liberdade e há uns anos transferida para a Almirante Reis. Na última encarnação, em Novembro de 2016, a casa foi comprada pelos donos do restaurante Esplanada Furnas, na Ericeira, o que dá garantias de peixe e marisco frescos.

E fresco estava tudo, nalguns casos demasiado. É que fresco é bom, gelado não.

Os camarões de Espinho, com que se abriu a refeição, tinham um aspecto magnífico, sal grosso por cima. Assim que lhes pusemos o dente percebemos que o frio excessivo dera cabo da carne e do sabor. Com a traineira de marisco aconteceu o mesmo. A embarcação
mais pequena (55€, para
 duas pessoas ou três) vinha bem equipada com búzios, canilhas (espécie de búzios com espinhos), percebes, camarão de tamanho médio, a casca de sapateira e suas patas carnudas – quase tudo uns graus abaixo da temperatura ideal.

Outro problema foi o sal, frequentemente insuficiente. Comer marisco sem sal é como comer chocolate sem cacau. Sofreram com isso os camarões de Espinho e o camarão médio, sobretudo, mas também as canilhas.

Nas carnes, provou-se um prego do lombo (4,50€) e outro de carne de vaca Barrosã (9€) em bolo do caco. Nenhum
 dos pregos estava bem frito, faltando lume, sal e alho. Mas
 o pior foi a carne Barrosã ter sido batida como se fosse sola de sapato e ter acabado num farrapo insosso. Quanto ao bolo do caco era o pão insípido e seco que se vende por aí.

A terminar, comeu-se uma só sobremesa, vendida como bestseller da casa: a tarte de maçã com gelado de baunilha. De tarte tinha pouco, mas tinha uma maçã saborosa e estava morninha e soube bem (4€).

Aos almoços servem-se pratos de cozinha portuguesa, como o cozido ou os rissóis de peixe, e a célebre muamba de galinha. Há também sempre peixes de mar para grelhar, do pregado ao robalo. Em todo o caso, as traineiras de marisco são o prato forte, e são um bom negócio (ao contrário de tudo o resto, com preços quase sempre inflacionados).

Sobre o espaço, o restaurante está bem mais bonito, luminoso e confortável, e tem duas salas no piso de cima, uma delas para fumadores.

Dizer ainda que o serviço 
é simpático embora pouco conhecedor e que padece da síndrome então-está-tudo-bem. Por nove vezes os dois empregados que nos serviram perguntaram se estava tudo bem. Por oito vezes mentimos. A exceção, já se sabe qual é.

E vale a viagem
.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Avenida Almirante Reis, 166 C
Lisboa
1000-053
Preço
30 a 35€
Horário
Seg-Dom 12.00-23.00.
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