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Mezcaleria

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  • Bairro Alto
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Como se sabe, jantares de surfcamp em Lisboa costumam acabar aos urros no Jamaica ou com a rapaziada a regurgitar numa sarjeta do Cais do Sodré, enquanto a boazona do grupo e o professor de surf praticam o take off num beliche de hostel ou numa carrinha velha a cheirar a neoprene mofento e a cannabis. 

Ora, ao nosso lado, no Mezcaleria, estava uma turma transcontinental de mortiços aprendizes das ondas. Nem shots de mezcal, nem festa rija. Ao fim de 60 minutos, dispersavam amorfos e eu senti que parte do problema terá sido o professor de surf fazer-se acompanhar da namorada portuguesa e que a outra parte pode ter sido mesmo culpa do restaurante. 

Assim que lá entrei senti uma espécie de déjà vu. Parecia tudo igualzinho ao Queimado, falecido neobistrô com comida de fogo, que não me convenceu a mim e, aparentemente, a mais gente, apesar do hype. 

Terá convencido, todavia, Paulina Gallardo, mexicana estabelecida em Lisboa, dona do Mezcaleria. 

Paulina Gallardo manteve tudo como estava e o que estava não era brilhante e resultou ainda mais deslocado numa casa de inspiração mexicana. Não peço folclore, sombreros e habaneros na parede, mas deixar na mesma um espaço, na origem, já sem alma e sem conforto, é errado. 

Lá dentro, só há uma dúzia de lugares e sentimo-nos quase sempre ou demasiado perto da porta da rua, ou demasiado perto da porta da casa de banho – ainda por cima forçados a mesas e bancos altos, que nos deixam curvados ao fim de dez minutos. 

Quanto à comida, o registo é o de menu fixo, por 28€, com direito a quatro comidas, sobremesa incluída. A ideia é mudar-se de menu de três em três semanas. E há a possibilidade simpática de o menu ser para partilhar, e de se repetirem alguns pratos. 

Experimentaram-se frijoles refritos (puré de feijão) a abrir, com uma tostada fina, e polvilhado de chorizo caseiro mexicano. Boa abertura, que caiu bem com o cocktail da casa. 

Seguiu-se o pambazo, um papo seco recheado com batatas, envolvidas em pasta de guajillo (malagueta seca mexicana, não picante) e em chorizo (o mesmo que apareceu nos frijoles). Tudo bem, mas pouco intenso, o que nos levou à prateleira de molhos picantes self service, entre eles vários clássicos comerciais mexicanos, como os gulosos Valentina e Cholula. 

Por fim, eis então a gordita de carnitas, com recheio de porco e salsa verde, entaipado por duas tortilhas de milho branco não particularmente bem construídas. 

A sobremesa de bolacha era fresca e cítrica, mas não ficou na memória. 

Há ainda uma lista de marcas de Mezcal, infinitamente maior do que as comidas.

Em síntese. Devo dizer que tinha boas expectativas para o Mezcaleria. O projecto pertence a Paulina Gallardo, responsável pela Casa Mexicana, um dos poucos sítios onde podemos encontrar ingredientes mexicanos em Lisboa. 

Paulina sabe do receituário e é apaixonada por cozinha. O que me parece é que falta investimento pessoal no restaurante. O menu é demasiado curto, o restaurante é curto, o ambiente é curto. Falta porventura mais Paulina Gallardo. Não que o empregado que nos serviu tenha falhado, antes pelo contrário. Mas, por agora, tudo pareceu assim-assim. A mim e à malta do surfcamp. 

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Rua Luz Soriano, 44
Lisboa
1200-247
Horário
Ter-Sáb 19.00-00.00
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