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Rio de Prata

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  • Marvila
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A Time Out diz

3/5 estrelas

O restaurante bandeira do Prata Riverside Village é um catavento gastronómico. Alfredo Lacerda comeu lá bem e mal, em menos de 48 horas.

A vida de um restaurante é instável. A de um crítico de restaurantes também. 

Vejamos. 

Dia da semana, almoço. 

É tudo lento, muito lento. As bebidas demoram 20 minutos, os dois croquetes de carne (na verdade, de alheira) de entrada 40 minutos, os pratos principais uma hora. 

De resto. O tornedó “médio passado” vem cozido por dentro. As batatas fritas aparecem amolecidas e húmidas. E o arroz cremoso de tamboril do dia, ainda que excelente, é rapidamente ofuscado por um leite creme que parecia um pudim.  

A sala está bem composta de pessoas que aproveitaram o sol primaveril de Inverno para almoçarem junto ao rio. O Rio de Prata está todo virado para o Tejo, de costas para Marvila, só vidros amplos e um jardim entre a sala e a água. 

A sala é bonita, sóbria, a cozinha aberta e bem equipada, com os cozinheiros calmos, porventura demasiado calmos. 

O empregado acorre no fim da refeição a pedir clemência. Não é bem um pedido de desculpas, é mais uma justificação. “Esperaram muito, não foi? Não contávamos com tanta gente ao almoço”. 

O rapaz tanto oficia no balcão como na sala. Ora dá conta de um cocktail, ora vem entregar a açorda de carabineiro. A seu lado, uma acartadora de pratos, apática e lenta como um Tesla a meio caminho do Algarve. 

No final do almoço, balanço e contas: mau serviço, um arroz óptimo, um tornedó com problemas, uma sobremesa que não devia ter sido servida. 

Segunda oportunidade. Dia da semana, jantar. 

Só uma mesa de seis pessoas, já a ser despachada. 

Chego às 20.29. Às 20.32 faço o pedido. Às 20.40 tenho à minha frente um polvo à lagareiro, um tentáculo tenro e tostado acompanhado de puré de batata doce, batatinhas em cunha assadas e uns grelos deliciosos.

Assim que termino o polvo, chegam as bochechas de atum. Mas, espera! As bochechas não cheiram a atum. Não parecem atum. Não sabem a atum. Ups. O empregado – um gabiru simpático e educado e com excesso de confiança – confundiu-se.

“Como pediu bochechas, eu achei que eram as de porco”, explica. 

“Mas eu disse bochechas de atum”, explico. 

“Como toda a gente pede de porco, eu ouvi de porco, peço desculpa”, contrapõe. 

Havendo dois pratos de bochecha no menu, diria que convém ouvir bem. Quem sabe, até – talvez –, apontar num papelinho.

Estão excelentes as bochechas de porco, com os legumes crocantes, glaceados, perfeitos. 

A meio, pergunta-se pelos vinhos a copo e só há três, sendo a carta bem feita e diversa. Ora, ao almoço, tinham-nos dito que tudo podia ser servido a copo. Era só querermos. Alguém se confundiu, outra vez. 

Tudo baralho e dado, como se avalia um restaurante assim?

Podíamos ter sido felizes, com um menu de almoço de 13 euros e o arroz de tamboril. Podíamos ter sido felizes com as bochechas de atum que eram de porco ou com o tentáculo de polvo. Mas é tudo tão instável que temos medo de voltar. 

Estamos sempre a ouvir isto dos chefs e restauradores: a consistência é a coisa mais difícil de se conseguir num restaurante. 

Neste Rio de Prata, falta isso e, eventualmente, também falta Carla Sousa, a chef que inaugurou o restaurante há pouco mais de um ano e que já lá não mora.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Prata Riverside Village, 8 loja 6
Lisboa
1950-132
Preço
20-40€
Horário
Seg-Sex 12.30-15.30, 19.00-22.30
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