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Sítio

  • Restaurantes
  • Avenida da Liberdade
  • preço 3 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Restaurante, Sítio, Hotel Valverde
    ©DRSítio, Hotel Valverde
  2. Sítio Valverde
    Alex Del Rio
  3. Restaurante, Sítio, Hotel Valverde
    ©DRSítio, Hotel Valverde
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Cá fora, o porteiro dá-nos as boas-vindas e indica o caminho. É um rapaz espadaúdo e elegante, com sapatos Oxford picotados e fato completo, bonito mas intimidante.

Se o porteiro é assim, como será o empregado de mesa? E o preço? Não será melhor agarrarmos nos nossos euros e irmos ali à Gina, do outro lado da Avenida da Liberdade, comer um bitoque?

Chegados ao hall, apanhamos um elevador para o subsolo, atravessamos o pátio e lá ao fundo temos então o Sítio. Já tinha estado no hotel Valverde há uns anos, mas não me lembrava deste recanto. “Fizemos uma mudança no espaço”, há-de explicar a empregada. O restaurante tem um ambiente à parte, como uma gaiola em madeira. Dentro da gaiola há depois pequenas boxes de madeira rendilhada, que nos dão privacidade, mas ao mesmo tempo permitem-nos espreitar a vizinhança, a maioria executivos da Avenida da Liberdade.

Do lado da parede, um sofá cheio de almofadas adorna-nos e predispõe-nos a esperar sem lamentos. Olhando para a carta, há poucas opções. Três entradas, dois peixes, duas carnes e um vegetariano – nada que apoquente, com soluções capazes de agradar a todos, incluindo vegetarianos.

Come-se o couvert, que só peca por ter pão fraquinho, desse pré-cozido industrial. Demora 25 minutos até que apareçam as entradas, uma de rosbife e maionese de açafrão e morangos, outra uma salada de beterraba e rabanetes, com folhas de pacote pelo meio.

Logo aterram os principais, um deles incluído no menu de almoço do dia, um saborosíssimo pato no forno com esmagada de batata, comidinha de conforto que nos faz enterrar ainda mais nos assentos. O outro prato foi sugestão do empregado, lula com tagliattelli negro, tudo bom e saboroso sem ser topo de gama, nem na frescura do molusco nem na da massa (da seca comercial).

Directos para as sobremesas, dizem-nos que há pasteleira nova na cozinha. Saem então dois exemplares: uma tarte de chocolate com o dito forte e ácido e uns adornos de mirtilos, não particularmente sofisticados; e o ex-líbris da casa, um mil-folhas (mil?!) com creme de pistáchio que tinha tudo para ser espectacular, mas falhou na massa, já sem vida.

O serviço revezou-se em três pessoas, de três níveis distintos. Primeiro apareceu o subchefe de sala a dar as boas-vindas, depois o estagiário, no fim a chefe, para as despedidas protocolares e apresentação da casa. Muita simpatia, algumas coisas por afinar. Tem acontecido muito isto em restaurantes já com alguma ambição. A apresentação é feita por alguém qualificado, mas depois, como há falta de mão-de-obra, o resto da refeição fica nas mãos de um juvenil que desconhece a diferença entre massa fresca e massa seca.

À noite, há mais escolha e mais requintada, aparecendo espargos com trufa, atum dos Açores e um carabineiro em vez da lula, no tagliatelle.

À frente do restaurante está Carla Sousa, já com anos de experiência em fine dining e hotéis, tendo passado pelo Bairro Alto Hotel e pelo Penha Longa, e trabalhado com chefs como Vítor Sobral ou Henrique Sá Pessoa. A sua ascendência é cabo-verdiana, pelo que seria interessante vê-la trazer essa memória e essa tradição familiar para uma cozinha mais sofisticada.

Em síntese. Gostei do Sítio. A comida é genericamente bem feita, mas a força está no conjunto. Os críticos têm a mania de olhar só para o prato. Ora, um restaurante é mais do que isso. Este Sítio tem ambiente, tem conforto, faz-nos sentir bem. Com mais consistência, menos florzinhas e mais produto, tem espaço para ser ainda melhor.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Hotel Valverde
Avenida da Liberdade, 164
Lisboa
1250-096
Preço
30-40€
Horário
Seg-Dom 07.30-00.00
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