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SUD Lisboa Terrazza

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    ©Arlindo CamachoBurrata do Sud Lisboa Terrazza
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    ©Arlindo CamachoPizza do Sud Lisboa Terrazza
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A Time Out diz

4/5 estrelas

O grupo Sana renovou os edifícios da antiga discoteca BBC e do Piazza di Mare, na vizinhança do MAAT. No espaço da BBC nasceu um local para receber grandes eventos privados e festas temáticas, o SUD Lisboa Hall; no Piazza di Mare está o Sud Lisboa Terrazza, com uma piscina  e pool bar à noite no primeiro andar, e um restaurante com dois espaços diferentes, esplanada e quiosque no rés-do-chão. A sala gigante do restaurante é gigante – são 240 lugares e cerca de 30 pessoas na cozinha. À entrada há um forno com os pizzaiolos ao lado e um bar onde se bebe qualquer coisa enquanto se espera ou se faz tempo até ao jantar; há uma sala com um ambiente mais calmo e recolhido e outra com muita luz e com o tecto coberto de folhas.

Na cozinha está Carlo di Nunzio que veio de Itália e construiu uma carta mediterrânea onde as influências italianas não são discretas, a começar pela burrata fresca que chega de avião de Andria, na região de Puglia, três vezes por semana (15€).

Crítica: 

É tudo grande, tudo com muita luz, muitos menus, muitos espaços, por isso foram precisos dois críticos.

Carta Italiana - 3 Estrelas

O sururu em torno do SUD tem sido grande. Primeiro, foram as obras a juntar dois ícones da beira-rio, o Piazza di Mare e o BBC, num projecto do grupo SANA que envolveu uns milhões. Depois, foram as fotografias da esplanada e da piscina, que começaram a ser partilhadas em catadupa nas redes sociais assim que as portas abriram no Verão – uma espécie de “eu já lá fui, embrulhem”. E daí veio, nos restantes meses, a grande questão: então, o SUD é bom?

Prontifico-me a respondê-la, à luz de um jantar feito à base dos pratos mais italianos da já de si mui mediterrânica ementa, nos próximos parágrafos. Mas não sem antes gastar uns caracteres naquela que é uma experiência requintada em Lisboa.

Uma hostess sorridente recebe-nos à porta (prática cada vez mais comum na cidade), senta-nos numas confortáveis cadeiras de pele castanha e de imediato aparecem três empregados. Um traz a ementa, outro traz o azeite e o balsâmico para o pão, o terceiro a senha do bengaleiro. Eles e elas fardados num casual chic, aventais a atirar para o moderno, deslocam-se num silêncio absoluto (andam de ténis) e sorriem sempre que lhes é pedido algo. É fim-de-semana, o restaurante está cheio, há música ao vivo sem ser intrusiva, uma lareira acesa, mesas com grupos, alguns casais, há gente famosa, um bar no primeiro andar, popular no pós-jantar... resumindo: o SUD é uma experiência.

Para arrancar o jantar, uma óptima focaccia húmida que desapareceu num ápice, depois de embebida num bom azeite. De entrada pediu-se um carpaccio black angus (14€), também ele a voar num tirinho. Carne excelente, numa espessura mais alta do que é costume, com espuma de parmesão DOP, rabanetes laminados, alcaparras de Pantelleria (ilha siciliana) e flores comestíveis – óptima combinação.

Veio depois uma pasta, de nome pachero di Gragnano (14€), tubos largos e grandes de massa, do município de Gragnano, na Campânia – o que não falta na ementa são referências geográficas –, com um ragout de tomate cherry, beringela e ricotta. Molho demasiado ácido, com o tomate a sobrepor-se a tudo o resto, a massa cozinhada al dente, mas sem se ligar bem com o molho. A pizza Capricciosa (16€), feita em forno de lenha, revelou-se enjoativa com tanto produto junto: salame picante, presunto (aquecido, ohh), cogumelos, alcachofras e azeitonas pretas. Três fatias e estava arrumada. O cannolo siciliano (7,50€) de sobremesa foi pelo mesmo caminho. A massa feita com frutos secos, por dentro era forrado a chocolate e o creme interior com pedaços de laranja. Muito aparato, resultado mediano.

Aliás, essa é, a meu ver, a melhor forma de resumir a experiência SUD.

Por Marta Brown

Carnes e Peixes

Mal nos sentámos percebemos que metade da experiência estava garantida. A mesa ficava junto à janela, com o rio Tejo a meia-dúzia de metros – e ainda que estivéssemos na sala de fumadores (há outra, bem bonita também, para não fumadores), com Francisco Balsemão nas nossas costas dando grandes baforadas (devida vénia), o ar parecia límpido e luminoso.

Mas faltava a verdadeira
 prova. A grande maioria dos restaurantes à beira-rio servem má comida, não era adquirido que a coisa no prato corresse bem.

A abrir, sem pedir licença, chegou uma focaccia leve e fofa e uma rodela de baguete com sementes para ensopar numa molheira com azeite e vinagre balsâmico. Não sendo original, nem sendo o azeite identificado (“é da nossa marca”), foi um começo prometedor. O nível subiu depois com uma fritturina mista. Maravilhosa fritada de peixe, das melhores que comi: pequenas argolas de lula,
 leves e crocantes, bacalhau e camarões suculentos por dentro, estaladiços por fora, e uma boa maionese de iogurte e alho.

Até aqui o serviço esteve impecável, informal mas competente e estiloso, eles e elas de branco e sapatilhas Lacoste.

Demoraram a chegar depois os pratos principais, mas chegaram e quentes e com muita comida. Da carta de carnes, escolheu-se o cordeiro da Nova Zelândia com crosta de cacau, um carré com osso (costelas) talvez demasiado grande para um ovino bebé, mesmo que da Oceania; mas estava saboroso e vinha acompanhado de troços de legumes crocantes e batatinhas aos cubos.

Da carta de peixes escolheu-se a garoupa cozida. O nome engana porque o prato tinha muitos elementos, demasiados. Um gratinado de queijo de cabra com legumes e anchovas convivia com pequenas azeitonas, misturadas com alcaparras, misturadas com tomates assados (óptimos), mais uns rabanetes para decorar, mais o peixe num manto de molho branco.

Por fim, seguimos a sugestão de sobremesa. A empregada chamou-lhe mousse mas ninguém diria. Era sim um
doce em forma de gelado de pauzinho, com uma capa de chocolate branco por fora e recheio de chocolate preto, peta zetas, flores, chantilly, doce de frutos vermelhos. Como noutros pratos, nada era mau mas talvez houvesse muita coisa a acontecer ao mesmo tempo.

A minha amiga comentou, a propósito, que o restaurante era um pouco o espelho do que vinha no prato. Tudo muito, tudo em grande, tudo vistoso – e nessa altura ela ainda não tinha ido ao WC, onde as portas se abrem com um sensor e parece que vamos entrar numa nave espacial.

Paguei 55€ por cabeça.
 Não é barato, mas sobretudo 
é desequilibrado: a fritada de entrada é um óptimo negócio para o cliente; mas cobrar 5 euros por pão com azeite que ninguém pediu já me parece excessivo, o mesmo da água Acqua Panna (5€), importada da Toscânia. Dito isto, não há outro sítio assim em Lisboa. O SUD merece uma visita. Nem que seja pelo factor uooouuu!


*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Alfredo Lacerda
Escrito por
Alfredo Lacerda

Detalhes

Endereço
Pavilhão Poente
Avenida Brasília (Belém)
Lisboa
1300-598
Preço
40-50€
Horário
Todos os dias 08.00-02.00
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