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Tendinha

  • Restaurantes
  • Baixa Pombalina
  • preço 1 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado
  1. Tendinha do Rossio
    Fotografia: Manuel Manso
  2. Tendinha do Rossio
    Fotografia: Manuel Manso
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A Time Out diz

4/5 estrelas

“Isto aqui é como se fôssemos uma família”, diz Alfredo Gramaça, que trabalha na tasca do Rossio há 20 anos. A fisionomia do espaço é a mesma “há uns 100 anos”, mas a localização turística fez com que as opções crescessem – além das sandes de panado e das bifanas grelhadas no pão, há agora também sandes de bacalhau – assim como os episódios caricatos, como um turista a pedir para aquecer um queijo fresco. Há rissóis
 de leitão, de camarão, pastéis de bacalhau e croquetes para comer com um copinho de vinho ou de ginja.

Crítica 

Cresci fora de Lisboa e o meu mapa mental da cidade testemunha isso. Para um gaiato da margem sul, o Terreiro do Paço será sempre a porta da frente
 do resto do mundo e se tiver de indicar o centro da capital aponto para a Baixa. Resumindo, sou um pombalino. Isso está também marcado na minha geografia afectiva dos apetites, uma espécie de carta onde se inscrevem as coordenadas de tudo aquilo que, consoante o lugar, me dá na gana comer se acaso estou esganado. Pois bem, se a fome aperta no centro, é provável que acabe na Tendinha.

Serve este longo intróito para justificar a forma pouco crítica como salivo cada vez que me especo diante deste balcão de inox. Hoje, como quando aqui chegava pela mão da minha mãe depois de uma ida ao oftalmologista, sinto a indecisão voraz de quem quer tudo da vitrine. Mas vou tentar racionalizar.

Comecemos pela sopa, que só me conquistou com a idade. Na Tendinha, há sopa todos os dias. De quê? De legumes, raio de pergunta. Um dia com feijão, noutro 
com grão, sempre com couve portuguesa, cotovelos de massa a entulhar e um apuro comovente no tempero (1,40€). É, para mim, um exemplar da sopa. Já provei muitas mais interessantes, mais ricas, mais inteligentes. Mas se acaso me perguntam se quero sopa, é esta que imagino. O meu menu-tipo segue com uma de duas hipóteses: ora a bifana, sempre fina, enxuta de outra gordura que não a da própria carne e a extravasar muito os limites do pão (2,50€); ora o filete de bacalhau, também no pão, também enxuto, o polme fino e um tempero sempre seguro de louro (2,40€). O filete é, aliás, o exemplar perfeito de um dos grandes méritos deste balcão cheio de coisas feitas a alta temperatura que arrefecem na perfeição: os fritos não exigem Omeprazol antes nem Kompensan depois. Os panados de porco – fininhos, claro – são de um tempero certeiro onde encontro sempre cravinho (2,40€); a omelete pré-feita, com aroma de salsa, também é para enfiar no pão (2,40€).

Mas lá está, aqui vou a todas: ovos cozidos, torresmos prensados, postas de bacalhau frito, rissóis de leitão e pastéis de bacalhau. O tinto é daquele que antigamente dava má-fama ao vinho mas que hoje não engana nem deixa ficar mal. E o pão, vá, tem dias, nem todos bons. Já lá apanhei bolas de mistura a preceito, já me zanguei com farináceos que dão má fama ao papo-seco. Tudo isto servido por gente com cara de poucos amigos, mas que suspeito que tenha muitos. Eu, por exemplo, já me vou sentido um deles.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

José Margarido
Escrito por
José Margarido

Detalhes

Endereço
Praça Dom Pedro IV, 6
Lisboa
1100-200
Preço
Até 10€
Horário
Seg-Sex 07.00-21.00, Sáb 07.00-19.30
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