Crítica
É preciso coragem para abrir uma hamburgueria na curva descendente da moda em Lisboa. Os anos gloriosos dos hambúrgueres já lá vão, quem tinha de vingar vingou, quem tinha de tentar a sua sorte e bater com a cabeça na parede, tentou e bateu. Dúvidas haja, basta desafiar alguém para ir comer um hambúrguer e ver a reacção. “Porque não vamos antes comer uma tosta de abacate ao Poço dos Negros?”
Foi assim, com alguma descrença, que entrei no The B Temple, restaurante de hambúrgueres no Chiado. Sítio na onda norte-americana – e como eu gosto de uma mesa com parte da gama da Heinz e outros bons molhos – e decoração na linha industrial a conseguir transformar uma cave num sítio apetecível e fresco. Boa música, empregados simpáticos, serviço rápido e atento.
Quanto aos hambúrgueres, entram directamente para a lista dos melhores da cidade. Cheia de sabor a carne Black Angus, óptimo o pão de brioche, fresquíssimo e aquecido (era só mais um minuto na chapa e chegaria à perfeição), muito bons os ingredientes que compõem o hambúrguer. Do Pecado, com cebola caramelizada, bacon, tomate, cogumelos, cheddar e ovo estrelado, só o bacon podia vir mais tostado; do Gluttony, com curgete e tomate grelhados, cogumelos, queijo edam e rúcula, nada a apontar.
Nota média para as batatas fritas de palito, amolecidas, e para as chips doces, pouco crocantes. Nota alta para os sumos e para o bolo de chocolate e Nutella com nozes caramelizadas, uma bomba gulosa. Nota final para o preço: almoçar numa hamburgueria já não é barato. Não saí com fome, mas pagar 18€ por pessoa é demasiado – batatas doces fritas a 3€? Valem mais os hambúrgueres que tudo o resto.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.