Destinos que o surpreendem em todos os sentidos: Amarante

Bem-vindo a Amarante, cidade da doçaria, do vinho verde, da boa gastronomia e da arte popular, do rio e das serras. De tudo o que lhe damos como aperitivo para os 5 sentidos, e de tudo o resto que aqui não cabe e só dá para viver e sentir de perto. A viagem começa inevitavelmente neste postal de um centro histórico rasgado pelo Tâmega. Do lado de lá, a Igreja de São Gonçalo, erguida em 1540, por ordem de D. João III, sobre o lugar onde se acredita estar a sepultura do beato a quem se pedem milagres de casamento. Ao meio, a ponte fortificada que durante séculos fez a passagem entre o Douro litoral e Trás-os-Montes e que foi cenário decisivo nas Invasões Francesas.

Para ter um cheirinho da natureza em estado puro não tem de ser um explorador de bússola na mão. Basta querer mexer o corpo e soltar o espírito de aventura nas serras do Marão e Aboboreira, fazer um passeio no Tâmega ou apenas esticar as pernas e abrir os pulmões num trilho pedestre como o PR6. Este percurso pedestre de 14,3 km ao longo do rio Marão faz-se sem grande preparação, mas há um alerta para uma “subida chata” antes das minas do Ramalhoso. O PR6 apresenta-se como um trilho circular de dificuldade baixa a moderada, que começa e termina no centro de Anciães. Pelo caminho, oferece das mais bonitas paisagens da região. Bosques encantados, levadas secretas, miradouros, riachos e até um viveiro de trutas com visitas guiadas são algumas das maravilhas naturais com que se vai cruzar. De resto, vale a pena demorar-se nos lugares de Eido, Peso e Coval para respirar o ar puro da serra.

Boa parte das tradições de Amarante consagram o beato que aqui teve a sua última morada e que, reza a lenda, desencalha gente de qualquer idade ou condição. O povo retribui os favores casamenteiros com uma homenagem em forma de falo. Chamam-lhe ferramenta, quilhõezinhos ou mesmo caralhinho (pode ter tanto nomes como a figura que reproduz) e ganhou forma na doçaria. A Confeitaria Tinoca, a Confeitaria da Ponte e a Confeitaria Lailai, todas na Rua 31 de Janeiro, no centro histórico, são sítios perfeitos para provar a coisa. Se quiser tirar teimas, experimente as três.

Um hotel com restaurante ou um restaurante com quartos? A dúvida, sendo inteiramente justa, é absolutamente irrelevante. Porque o restaurante merece bem a estrela que o distingue e o hotel faz plena justiça às cinco que o classificam. E embora cada um por si valha a viagem até Amarante, juntos criam uma experiência perfeita no palácio quinhentista que ocupam. Bem-vindo então à Casa da Calçada, pequeno grande hotel de luxo onde tem morada o Largo do Paço, restaurante que desde 2004 apenas por uma vez escapou à atenção da Michelin e que agora segue em grande forma, sob direcção do chef Tiago Bonito. Nada disto sai barato, mas também não há-de sair da memória. Se tiver oportunidade de jantar ou dormir aqui, não hesite. Se for abençoado com a hipótese de fazer ambas as coisas, nem pestaneje.

Casa da Calçada. Largo do Paço, 6. 25 541 0830. Quartos desde 150€. Preço médio da refeição: 80€.

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