Novos livros: da criação do universo à última aventura de Lucky Luke

Gérard Denizeau

Com um gosto e conhecimento bastante eclécticos, o francês Gérard Denizeau, musicólogo, historiador de arte e especialista em património e civilizações, debruça-se sobre um dos mais lidos, vendidos e admirados livros do mundo: a Bíblia. No entanto, apesar de muito estudado ao longo dos séculos, este continua, ainda hoje, a levantar dúvidas ao comum dos mortais. “Quem são as personagens aos pés de Cristo no momento da Crucificação?” “Como se identifica Judas nas pinturas da Última Ceia?” Estas e outras questões são abordadas e interpretadas à luz dos retratos, de episódios da obra, feitos por grandes pintores da História. A Última Ceia por Salvador Dali e Leonardo Da Vinci; O Juízo Final de Miguel Ângelo; A Torre de Babel de Bruegel, o Velho; A Fuga para o Egipto de Rembrandt ou a Travessia do Mar Vermelho por Chagall ganham aqui ainda mais significado.

Círculo de Leitores, 37€.

Guido Tonelli

Físico de partículas, um dos protagonistas da descoberta do Bosão de Higgs, e cientista do CERN – Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, o italiano Guido Tonelli é, seguramente, uma das melhores pessoas para responder a uma complexa questão: “De onde vem isto tudo?”. Neste livro com sete capítulos – um paralelismo com a versão bíblica da criação do mundo em sete dias – explica o que aconteceu nos primeiros instantes da vida do universo. “Da formação das partículas, da matéria, das estrelas, dos humanos e do seu pensamento simbólico”. A narrativa, aqui exposta de uma forma simples, é acompanhada por relatos de mitos ancestrais sobre a origem de tudo, transmitidos de geração em geração, e de histórias de cientistas que devotaram as suas vidas ao estudo do cosmos: de Galileu Galilei a Stephen Hawking.

Objectiva, 15,93€

Alain Corbin (org.)

1Depois do primeiro volume História da Virilidade – A Invenção da Virilidade. Da Antiguidade às Luzes, editado em 2018 e comandado por Georges Vigarello, a segunda parte (de três) de um trabalho que “traça a genealogia da identidade masculina e a sua transformação ao longo dos séculos nas sociedades ocidentais”, chegou recentemente às bancas. Se no primeiro se abordava, por exemplo, o ritual grego de lavar os recém-nascidos em vinho, acreditando-se que “sob o efeito do vinho puro os que são propensos à epilepsia e à doença morrem de convulsões, ao passo que os que têm uma constituição sã ganham melhor têmpera e maior vigor”, agora acompanhamos de perto o século XIX, onde a virilidade é exacerbada através da expansão colonial e industrial. Um livro que ajuda a compreender os moldes em que a sociedade evoluiu até aos dias de hoje.

Orfeu Negro, 18€

Stefano Mancuso

Pare de ignorar as plantas que lhe imploram por um pouco de água à varanda. Este livro de Mancuso, autoridade mundial da Neurobiologia Vegetal, vai fazer com que passe a olhar para estes seres vivos, que exigem muito pouco de si e do seu afecto, com outros olhos. O mesmo é claro logo no prólogo do livro: “Sem as plantas os animais não existiriam; a própria vida no planeta, provavelmente, não existiria, e, no caso de existir, seria algo de terrivelmente diferente. Graças à fotossíntese, as plantas produzem todo o oxigénio livre no planeta e toda a energia química consumida pelos outros seres vivos. Existimos graças às plantas e só poderemos continuar a viver se estivermos na sua companhia.” Se é um apaixonado da ecologia, aqui tem uma ode à mais importante e forte nação – a das plantas –, bem como uma reflexão alarmante sobre a fraca protecção ambiental que ainda praticamos.

Pergaminho, 12,96€