★★★☆☆
Uma série espanhola da Netflix que, não inventando nada, cumpre com o que se propõe: entreter, intrigar e, finalmente, surpreender o espectador.
★★★★★
Um agente secreto (Patrick McGoohan) que quer deixar a profissão é drogado, manietado e levado para uma prisão que parece uma estância de férias costeira, onde toda a gente tem um número e não nome (ele é o Número 6), e é rigorosamente vigiada com meios de alta tecnologia. O agente está sempre a tentar evadir-se, mas nunca consegue. Esta é a premissa de The Prisoner (YouTube), que foi transmitida originalmente na Grã-Bretanha entre 1967 e 1968 e é considerada por muitos a melhor série da história da televisão, ou “a” série de culto de entre todas as séries de culto. Além de ser o principal intérprete, McGoohan foi também o seu criador e co-argumentista, tendo ainda realizado alguns episódios. Alegoria política sobre o totalitarismo, distopia de ficção científica, thriller de cores surreais, enredo de espionagem com uma dimensão kafkiana, The Prisoner permite todas estas interpretações e algumas mais. Foi rodada com meios de produção dignos do cinema, tem qualidades intemporais e nem uma só ruga. Mais de meio século após a estreia, continua a ser de uma enorme modernidade, no gesto formal, no discurso narrativo e nas múltiplas e intrigantes propostas de leitura e decifração. E a personagem do Número 6, o homem que nunca se submete e jamais desiste de manter a sua individualidade e de se evadir, “colou-se” para sempre à pele de Patrick McGoohan. Incrivelmente, O Prisioneiro nunca passou em Portugal, nem antes nem depois do 25 de Abril. Felizmente, podemos vê-la na íntegra e sem pagar nada no YouTube.
