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 Cartas da Guerra
©IMDBMiguel Nunes em Cartas da Guerra

Os dez melhores filmes sobre o 25 de Abril (e a guerra colonial)

O regime, a revolução e a guerra colonial foram retratados pelo cinema. Estes são alguns dos filmes sobre o 25 de Abril e os seus protagonistas.

Escrito por
Eurico de Barros
,
Rui Monteiro
e
Tiago Neto
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Os cineastas nacionais não são muito dados a escavar o passado, nem mesmo a desenterrar e autopsiar o salazarismo. Mas as excepções existem, e tanto a revolução como a guerra acabaram por chegar ao grande ecrã, em filmes mais ou menos aproximados da realidade, muito ou pouco romantizados, baseados em livros ou em factos. Seja como for, a revolução dos cravos marcou uma página incontornável da história portuguesa, por isso, e porque também o cinema lhe prestou homenagem, elencamos os melhores filmes sobre o 25 de Abril para que respire a liberdade através da sétima arte.

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Os melhores filmes sobre o 25 de Abril

‘Bom Povo Português’, Rui Simões (1981)

O documentário, que estreou nos cinemas Estúdio e Quarteto, em Lisboa, fixa-se em diversas situações que decorreram ao longo de mais de um ano no Portugal pós-revolução. Entre os acontecimentos, estão, por exemplo: as manifestações do PS e do PCP, o direito à greve, a luta de classes, os actos de repressão pela GNR, os retornados, as manifestações pela descolonização ou António de Spínola e o "bom povo". 

‘Um Adeus Português’, João Botelho (1986)

Poucos filmaram a resignação e o fatalismo perante a perda com a emoção de João Botelho. Ao seu segundo filme, o realizador arregimentou Ruy Furtado, Isabel de Castro, Maria Cabral, Fernando Heitor, Cristina Hauser e João Perry para o elenco do que é a primeira longa-metragem de ficção sobre os efeitos da guerra colonial na sociedade e nos portugueses em particular.

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‘‘Non’, ou A Vã Glória de Mandar’, Manoel de Oliveira (1990)

Manoel de Oliveira foi outro realizador que não fugiu ao confronto com a memória da guerra. Neste filme construído em quadros, episódios da história militar portuguesa são contados por um oficial aos seus soldados em missão de combate em África, um ano antes do 25 de Abril. Luís Miguel Cintra, Diogo Dória e Miguel Guilherme interpretam as principais personagens desta espécie de fábula sobre a história de um país agarrado a um sonho de passado e hesitante sobre o futuro.

‘Cinco Dias, Cinco Noites’, José Fonseca e Costa (1996)

O clima de opressão política que se vivia em Portugal é bastante bem retratado neste filme de José Fonseca e Costa, adaptado do texto homónimo de Manuel Tiago – o pseudónimo literário de Álvaro Cunhal. Ao contrário de Até Amanhã, Camaradas, Cunhal, com muita fidelidade e apoio de Vítor Norte e Paulo Pires, não esmiúça a vida aventurosa e perigosa de um funcionário político clandestino, mas antes a fuga, a salto, para o estrangeiro, de um militante perseguido pela PIDE.

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‘A Hora da Liberdade’, Joana Pontes (1999)

 

Para saber como foi a operação militar do 25 de Abril, passo a passo, momento a momento, mais coisa menos coisa, a reconstituição realizada para a SIC por Joana Pontes, com argumento seu, de Emídio Rangel e Rodrigo Sousa e Castro, é um exemplo de precisão e didactismo. E ainda de algum sentido de humor na descrição dos planos de deposição do regime e das contrariedades e peripécias da sua execução.

‘Capitães de Abril’, Maria de Medeiros (2000)

O objectivo de Maria de Medeiros ao abalançar-se para a realização de uma longa-metragem era reflectir sobre o idealismo por detrás do movimento dos Capitães, mas, principalmente, homenagear o capitão Salgueiro Maia, o mais humilde dos revolucionários e durante tempo de mais o mais esquecido entre os mentores e executores do golpe militar. Stefano Accorsi, Joaquim de Almeida, Luís Miguel Cintra, a própria Maria de Medeiros e Pedro Hestnes integram o elenco desta obra singela e honesta.

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‘Amanhã’, Solveig Nordlund (2004)

‘Amanhã’, Solveig Nordlund (2004)

Nesta fantasia de Solveig Nordlund, um rapaz de nove anos, cansado de discussões entre mãe e padrasto, dá em fugir e logo na noite de 24 de Abril de 1974. Procura o pai, mas não sabe a morada. Além de que há uma certa convulsão nas ruas de Lisboa e o gaiato, para escapar a um polícia, esconde-se num grande edifício Nem mais nem menos do que a sede da PIDE, então a ser evacuada em grande velocidade.

‘As Ondas de Abril’, Lionel Baier (2013)

No início de Abril de 1974 a direcção do canal francês da rádio estatal da Suíça tentou impor ao seu director de informação, Philippe de Roulet, reportagens menos anti-sistema que o habitual. Roulet não gostou. No entanto, para aliviar a pressão, resolveu enviar dois jornalistas para Portugal, “um país subdesenvolvido mas simpático” onde não acontecia nada. 

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‘Cartas da Guerra’, Ivo Ferreira (2016)

Cabem muitas histórias em Cartas da Guerra de Ivo Ferreira, adaptação da correspondência trocada entre António Lobo Antunes e a sua mulher, Maria José, durante a guerra colonial, ao longo de dois anos. Há a inevitável história de amor de um homem de 28 anos que parte para o desconhecido e amadurece ao longo desse processo, e de uma mulher que, embora não tenha saído da sua realidade, enfrenta várias novidades.

‘Salgueiro Maia – O Implicado’, Sérgio Graciano (2022)

O capitão Salgueiro Maia foi fundamental para o triunfo do golpe militar de 25 de Abril de 1974 e recebeu a rendição de Marcello Caetano no Quartel do Carmo. A seguir, e ao contrário de muitos dos seus pares, não se meteu na vida política, não se envolveu com partidos, nunca aceitou cargos e permaneceu um militar de vocação sem apetite para a vida pública, acabando por se transformar no símbolo suprapartidário da revolução. Em Salgueiro Maia – O Implicado, Sérgio Graciano mostra a vida e a intimidade do homem por trás do ícone, e para lá dele.

25 de Abril sempre

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Eis algumas das mais marcantes canções revolucionárias portuguesas de antes (como a Grândola, Vila Morena de José Afonso ou a Trova do Vento Que Passa, pela voz de Adriano Correia de Oliveira) e depois (no caso, por exemplo, de A Cantiga É Uma Arma do GAC) do 25 de Abril de 1974. É a playlist perfeita para celebrar e gritar: 25 de Abril sempre!

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