Sob Controlo
Jean-Claude LotherSob Controlo
Jean-Claude Lother

Sim, senhora ministra

‘Sob Controlo’ (Filmin) é uma sátira às disfunções, aos absurdos e aos contorcionismos políticos e mediáticos do poder e da diplomacia.

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★★★☆☆

Marie Tessier (Léa Drucker) é uma competentíssima e muito popular médica e directora de uma ONG com trabalho demonstrado em muitas zonas problemáticas – e perigosas – do mundo. No dia em que aceita a inesperada oferta do Presidente da República para substituir o ministro dos Negócios Estrangeiros, que sucumbiu às pressões do cargo, um grupo terrorista islâmico faz cinco reféns na região do Sahel, entre os quais três franceses. Marie não percebeu que não só aceitou o lugar na pior altura possível, como também que as suas capacidades enquanto clínica e benemérita não lhe garantem que irá conseguir fazer no governo aquilo que fazia na sociedade civil.

Assim resumida, Sob Controlo (Filmin) parece uma série dramática de muita actualidade. Mas tal como a concebeu e escreveu o seu criador, Charly Delwart, Sob Controlo serve-se dessa mesma actualidade para fazer uma sátira às disfunções, aos absurdos e aos contorcionismos políticos e mediáticos do poder e da diplomacia. Quanto mais Marie procura resolver o problema dos reféns e libertá-los rapidamente, mais vai colidindo com os protocolos, a burocracia, os paradoxos e os constrangimentos de políticos e diplomatas, bem como os melindres e as exigências dos peritos em “comunicação”, percebendo a pouco e pouco que não tem a autonomia que julgava poder ter, não se pode comportar como pensava, e que o escrutínio interno e externo é implacável. E começa a perder o apoio do Presidente da República, a popularidade e a simpatia junto dos cidadãos e mesmo a confiança da filha (e também a testar a paciência do namorado, que a certa altura “invade” uma conferência de imprensa que ela está a dar). 

Mantendo-se num registo de comédia burlesca temperada de ironia (logo a começar pelo título), desenvolta e bem ritmada, Sob Controlo evita enveredar quer pelos caminhos do nonsense demolidor à inglesa, quer da farsa escancarada à americana. É gozona mas nunca cínica, não poupando o poder em França (a começar pelo vaidoso Presidente da República e a acabar nos ultra-zelosos assessores), as hipocrisias e a língua de pau da “união” europeia (as sequências com os homólogos de Marie em Bruxelas são certeiras) e muito menos os raptores em África, cujo líder quer pôr o grupo a funcionar em moldes de startup e anda sempre preocupado com a contabilidade (os próprios reféns são algo apatetados). A interpretação de Léa Drucker na esbaforida Marie Tessier é quase metade da série, e os seis episódios de meia hora cada passam num abrir e fechar de olhos e chegam perfeitamente para o que se quer contar. Sim, senhora ministra!

Mais críticas de televisão

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  • Filmes

★★★☆☆

‘O Túnel do Tempo’, criada por Irwin Allen em 1966, transformou-se numa série de culto, apesar de ter apenas uma temporada.

 

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