A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
007 - Ao Serviço de Sua Magestade
007 - Ao Serviço de Sua Magestade

Ver Lisboa no cinema dos outros em 14 filmes

A capital portuguesa já foi cenário de muitos filmes estrangeiros. Seleccionámos 14, entre alguns bastante conhecidos mas também outros mais surpreendentes e mesmo muito obscuros

Escrito por
Eurico de Barros
Publicidade

Cineastas famosos com Sam Fuller, Henri Verneuil, François Truffaut, Alexander Sokurov ou Wim Wenders estão entre os autores desta dezena de obras rodadas em Lisboa, onde surgem intérpretes como Jerry Lewis, Maureen O'Hara, Ray Milland, Eddie Constantine, Françoise Dorléac, Keith Carradine ou Patrick Bauchau.

Ver Lisboa no cinema dos outros em 10 filmes

'Os Amantes do Tejo', de Henri Verneuil (1955)

Apesar de se passar em Lisboa e de fazer muito bom uso cinematográfico da cidade, este filme de Henri Verneuil, baseado num livro de Joseph Kessel, praticamente não tem personagens portuguesas, e, tirando Amália Rodrigues, já então uma vedeta internacional, os poucos actores nacionais que nele aparecem, caso de Artur Ramos, fazem-no em papéis muito secundários. Daniel Gélin interpreta um taxista francês que se veio instalar na capital portuguesa, depois de ter sido julgado no seu país de origem pelo assassinato da sua mulher adúltera. Françoise Arnoul, Trevor Howard e Marcel Dalio também estão no elenco de Os Amantes do Tejo, onde se pode ver com muito detalhe como era Lisboa em meados da década de 50.

'Lisboa', de Ray Milland (1956)

A capital portuguesa tem honras de título neste thriller de espionagem da Guerra Fria realizado e interpretado por Ray Milland. Por um pouco que não tivemos cá Nicholas Ray e Joan Crawford, pois foram as primeiras escolhas para realizar e interpretar o principal papel feminino da fita, mas acabaram por ir fazer Johnny Guitar, tendo sido substituídos por Milland e por Maureen O’Hara. Esta recordou nas suas memórias que, além de ter gostado muito da sua personagem, ficou com as melhores recordações de Lisboa. A rodagem da fita passou pelos estúdios da Tobis e por muitos daqueles que são ainda hoje marcos turísticos obrigatórios da capital, como a Torre de Belém, a Baixa ou o Castelo de São Jorge.

Publicidade

'Eddie em Lisboa', de Pierre Montazel (1960)

Poucos se recordarão disso, mas o popularíssimo Eddie Constantine rodou em Lisboa um dos muitos filmes policiais de acção da sua longa carreira, embora neste não personifique o célebre detective particular Lemmy Caution, que se tornou como que na sua segunda pele. Eddie em Lisboa é uma co-produção franco-italiana, tão indistinta que dela não restam o trailer ou sequências soltas. Constantine interpreta John Lewis, um agente do FBI que se desloca à capital portuguesa para tentar localizar um outro agente desaparecido, de posse de informações muito importantes, envolvendo-se com um grupo de criminosos. Entre outras zonas de Lisboa, surgem no filme as Avenidas Novas e os bairros mais populares.

'Angústia', de François Truffaut (1964)

Foi com o apoio técnico das Produções Cunha Telles, do realizador e produtor António da Cunha Telles, que François Truffaut veio a Lisboa em 1963 rodar algumas sequências deste Angústia, um drama de adultério. Jean Desailly interpreta um escritor, director de uma revista literária francesa e especialista em Balzac, casado e pai de uma filha, que se envolve com uma hospedeira de bordo (Françoise Dorléac, a infortunada irmã de Catherine Deneuve), quando vem à capital portuguesa dar uma conferência. A maior parte de Angústia foi filmada em França, mas Lisboa ficou com a medalha de ter sido pano de fundo para uma fita assinada por um realizador da estatura de Truffaut.

Publicidade

'Jerry, Pescador de Águas Turvas', de George Marshall (1969)

Jerry Lewis já tinha estado em Lisboa um ano antes, a filmar algumas sequências de Jerry em Londres e voltou para rodar uma parte desta comédia em que interpreta um chefe de família a quem o médico, e seu melhor amigo, revela que sofre de uma doença terminal e tem pouco tempo de vida, devendo por isso aproveitar ao máximo o pouco que lhe resta, divertindo-se e indo correr mundo. A rodagem em Portugal decorreu não só em Lisboa como também em Loures e em Sesimbra. Mas Jerry, Pescador de Águas Turvas foi vaiado quando passou cá, porque os portugueses aparecem a falar espanhol e “portunhol”.

'007 – Ao Serviço de Sua Majestade', de Peter Hunt (1969)

Este foi o único filme de James Bond a ser rodado parcialmente em Portugal. Infelizmente, logo calhou ser interpretado por George Lazenby, o pior 007 da história, que ainda por cima deixou por cá fama de muito antipático. As sequências portuguesas de 007 – Ao Serviço de Sua Majestade foram filmadas em Lisboa, no Estoril, em Sesimbra, em Palmela e no Guincho, e referem-se essencialmente ao encontro de James Bond com a condessa Tracy di Vicenzo (Diana Rigg), ao seu romance, casamento e ao assassínio desta pelo homens do vilão Blofeld. Como não podia deixar de ser, Bond hospeda-se no Hotel Palácio, por onde também passou o seu criador, Ian Fleming, durante a II Guerra Mundial.

Publicidade

'Los Mil Ojos Del Asesino', de Juan Bosch (1973)

Um filme policial hispano-italano com o canastrão Antony Steffen no papel de um polícia inglês que se desloca a Lisboa para investigar a morte de um colega, Los Mil Ojos Del Asesino não teria o menor interesse, não fora o ter sido rodado na capital pouco antes do 25 de Abril, mostrando-nos como ali se vivia nesses primeiros anos de uma década de 70 que viria a ser histórica para os portugueses. O filme começa à noite num Parque Mayer então pujante, com várias revistas em cartaz e onde as pessoas se acotovelam para comprar bilhetes e irem aos restaurantes, e depois o enredo leva-o a muitos e variados locais da cidade. Curiosamente, a fita nunca se estreou em Portugal.

'O Estado das Coisas', de Wim Wenders (1982)

O alemão Wim Wenders é um dos realizadores estrangeiros que mais vezes filmou em Portugal. E o melhor filme que cá fez é sem dúvida O Estado das Coisas. É uma fita sobre cinema, no qual uma equipa que está no nosso país a rodar um filme de ficção científica de série B fica sem dinheiro e sem produtor, porque este desaparece. Os trabalhos são interrompidos, enquanto o realizador (Patrick Bauchau) vai à procura do produtor (interpretado pelo realizador americano Sam Fuller). As rodagens decorrem na zona da Praia das Maçãs e a Lisboa desse início dos anos 80, em especial a zona do Cais do Sodré, aparece com destaque. O hoje desaparecido Texas Bar foi um dos sítios eleitos por Wenders para filmar.

Publicidade

'A Cidade Branca', de Alain Tanner (1983)

Quem já ouviu falar na luz da cidade branca (uma expressão que alguns líricos gostam de usar), mesmo sem saber, ouviu-a a propósito do filme de Alain Tanner. Apaixonado pela luz e pelo casario, o realizador suíço usou o lado terceiro-mundista da cidade para filmar o amor amalucado entre as personagens interpretadas por Bruno Ganz e Teresa Madruga. A crítica na generalidade gostou. O público lá foi em número razoável. Da história do marinheiro que abandona o navio e, no meio do tédio, se apaixona por uma modesta criada, disso, já ninguém se lembra. Mas ficou a expressão “cidade branca”, lá isso ficou.

'Rua Sem Regresso', de Sam Fuller (1989)

A última longa-metragem realizada pelo carismático e truculento autor de Mãos Perigosas, Quarenta Cavaleiros e O Sargento da Força Um foi inteiramente filmada em Lisboa no final dos anos 80, embora a cidade nunca seja referida como sendo a capital portuguesa. Ela serve apenas como cenário urbano utilitário e “anónimo” para esta história policial de um cantor de rock (Keith Carradine) cuja carreira foi arruinada por causa do amor de uma mulher e se tornou num vagabundo. Sérgio Godinho e Filipe Ferrer são dois dos nomes conhecidos que surgem no elenco de Rua Sem Regresso, uma produção franco-portuguesa.

Cinema em português

25 filmes portugueses obrigatórios
  • Filmes

Nas várias fases do cinema português, há filmes e realizadores de se lhes tirar o chapéu, alguns, e mais do que uma vez, reconhecidos internacionalmente. Há nomes que se repetem, claro, porque como o resto na vida há realizadores melhores do que outros. Como estes 25 filmes portugueses.

  • Filmes

Apesar da crise, motivo de boa parte dos filmes que se seguem, a produção cinematográfica persiste. É desequilibrada, é certo. Nem sempre grande coisa, é verdade. Mas só a má vontade pode ignorar a evolução. Aliás, muito reconhecida internacionalmente, o que faz de Portugal um cliente habitual dos melhores festivais de cinema.  

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade