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Núcleo A70
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Prédio do Núcleo A70 foi vendido e associação pede ajuda para novo espaço

O contrato termina em Fevereiro do próximo ano e, até lá, o Núcleo A70 procura um novo local para albergar o projecto cultural que tem desenvolvido até aqui.

Escrito por
Francisca Dias Real
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O prédio onde está instalado o actual pólo cultural Núcleo A70 já foi vendido e a associação, conhecida por promover concertos, feiras, exposições e ter um espaço para residentes e artistas, está agora à procura de um novo espaço na cidade que continue a albergar o projecto. Abriram um crowdfunding e esperam conseguir mudar de sítio até o contrato terminar.

“Tudo o que foi, o que é e será” lê-se em letras garrafais numa das fachadas do edifício, agora vendido, que já foi muita coisa e que passou por algumas mudanças nos últimos anos. A Feira das Almas foi o ponto de partida para o nascimento de um dos maiores pólos culturais da cidade, no número 70 do Regueirão dos Anjos. Catarina Querido organizava a feira religiosamente e acabou a criar uma referência no roteiro dos mercados da cidade. Mais tarde Catarina acaba por alugar o espaço e dá-lhe o nome de Anjos70, pelo qual é comummente conhecido. 

No Verão passado, Catarina saiu da Associação "por divergências com a actual direcção", conta-nos a própria, agora entregue a Susana Rechestre, a presidente, José Torres, Manuel Rechestre, Miguel Baltazar e Sara Mota que tomam actualmente as rédeas do espaço. O rebranding aconteceu e o Anjos70 passou a chamar-se Núcleo A70 e a trabalhar na mesma linha do que já era feito antes.

“Quando fizemos o contrato foi de cinco anos, mas há cerca de dois anos ela já nos tinha dito que havia essa possibilidade de venda”, explica Susana. “Essa venda efectivou-se durante a pandemia e nós vimo-nos numa situação complicada de termos de levar um núcleo como este para outro lado”

Ao Núcleo A70 resta-lhes um ano de contrato, até Fevereiro de 2022, mas encontrar um espaço que tenha as mesmas condições que este e permita levar o projecto avante “não se encontra do pé para a mão”, confessa Susana. “Decidimos pedir ajuda para continuarmos de pé, para continuarmos a levar às pessoas o que temos feito até agora e começar já à procura de um novo espaço, sermos precavidos. Não queremos ter um período de pausa”.

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O edifício onde estão instalados, no Regueirão dos Anjos, é espaçoso e tem capacidade para albergar mercados com dezenas de bancas – é habitual receber por lá o Art & Fleamarket –, concertos, exposições, performances, workshops, aulas de dança, residências artísticas, um bar e até uma cantina industrial de produção, que apoia várias causas sociais.  

“O nosso papel sempre foi o de casa para muitos artistas, muitos deles emergentes que não têm espaço noutras instituições culturais da cidade, sempre apoiámos os artesãos e quem quer fazer”, conta. “Queremos continuar a ser o palco de todas essas pessoas e para um público que se tornou cada vez mais abrangente, somos uma fusão de artistas e público, e precisamos de tempo para encontrarmos a nossa nova casa”. 

Susana e os restantes membros da equipa não querem uma mudança abrupta, querem que haja uma transição de espaços e que o público perceba que o projecto não vai acabar aqui. “Não queremos prescindir de nenhuma das nossas actividades num cenário ideal, porque não vamos deixar ninguém para trás e temos noção que temos muitas valências dentro de um único espaço”, diz. 

O crowdfunding já está aberto e tem o objectivo de angariar 20 mil euros para ajudar a manter a renda do espaço actual e o novo espaço que virá a dar casa ao Núcleo A70. “É triste sabermos que quem comprou o espaço não vai fazer dele nada semelhante ao que fazemos aqui, parece que estamos a apagar parte da história cultural da cidade. É como se ficasse aqui um buraco do qual as pessoas vão sentir falta, mas de facto o dinheiro governa tudo e os sítios acabam por ficar despojados de valor”, refere.  

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No futuro breve, quando as instituições culturais voltarem a abrir portas pós-confinamento, Susana quer continuar a fazer tudo aquilo pelo qual são conhecidos – voltar a ter concertos, voltar a ter uma feira, workshops, voltar ter aulas de forró, samba ou contemporâneo, voltar a receber pessoas na esplanada e conseguir dar casa aos residentes. Residentes esses como o Estúdio Bulhufas, o Ad Studio, Oficina Loba, o ateliê Tornelli e Onofre, e os artistas Akacorleone, Andrea Paz, Raha Ansari, João Alves, Madalena Pequito, Florence Champ, Eduardo Calvo, Elizabeth Prentis ou Ruud Raams. 

E o Anjos70?

Normal será ainda muito boa gente chamar ao número 70 do Regueirão de Anjos70, apesar deste mesmo projecto, que pertence a Catarina Querido, ter saído do Núcleo Criativo do Regueirão em Junho de 2020. Numa publicação de Instagram, o projecto refere que a única relação ao actual espaço passava pelo mercado mensal que continuaram a organizar, ainda que não pretendam retomar aquando da reabertura dos espaços culturais.

“Nos últimos oito anos procurámos dinamizar este espaço dedicado à cultura emergente, aliámo-nos a várias causas comunitárias (cedendo os nossos recursos a diversos eventos de angariações de fundos), fomos rampa de lançamento e casa de centenas de artistas, artesãos, músicos, djs”, referem nessa mesma publicação. “Em Junho de 2020, preocupações/prioridades incompatíveis e divergências com a associação levaram o Anjos70 a sair do ‘Núcleo Criativo do Regueirão’”. Apesar disso, o Art & Fleamarket tem intenções de continuar a decorrer, ser itinerante, mas em novos espaços da cidade.

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