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“Água fria, da ribeira, água fria que o sol aqueceu”: Beatriz Costa pôs em verso uma das tradições populares há muito perdidas – lavar a roupa à mão. As avós faziam-no em tanques, esfregavam-nas com sabão azul e punham tudo ao sol em estendais comunitários. Em Carnide, ainda há um lavadouro público a funcionar e o Teatro do Silêncio tenta trazer de volta a tradição com visitas guiadas e dramatizadas ao local. Acontece aos últimos domingos do mês, a começar já neste, até Junho.
“Este espaço é património municipal e continua a estar de portas abertas para quem quiser vir aqui lavar a roupa durante a semana, ainda que, infelizmente, é uma tradição que foi morrendo”, conta-nos Maria Gil, uma das directoras artísticas do Teatro do Silêncio, que ocupa o Lavadouro Público de Carnide desde 2011, como um espaço site specific de apresentação de performances, instalações, concertos ou residências artísticas.
“Já tínhamos feito estas visitas em 2013. Agora decidimos retomar o projecto para trazer cá as famílias”, refere. À Descoberta do Lavadouro é uma visita guiada participativa com interpretações de Jessica Lopes e Mariana Marques, e acompanhamento dramatúrgico de Maria. “A Jessica e a Mariana são alunas da ESAD e convidámo-las a desenvolver esta visita, já que estão envolvidas em projectos sobre a ideia de memória de espaços, que é isso que estamos a recuperar aqui: a memória do lavadouro”, aponta Maria.
Depois de cada visita há um workshop sobre como lavar roupa à mão, para se esquecer que existem máquinas e voltar atrás no tempo uns valentes anos. “É uma actividade que junta gerações. As crianças hoje em dia não fazem sequer ideia que antes as pessoas lavavam a roupa em lavadouros. Não conhecem outra realidade além da máquina de lavar.”
Estrada da Correia, junto ao Centro Paroquial e Social de Carnide. Dom 11.00. Inscrições: producao.teatrodosilencio@gmail. com. 3€.