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O Serralves em Festa é um dos maiores eventos de cultura contemporânea da Europa
©Filipe BragaO Serralves em Festa é um dos maiores eventos de cultura contemporânea da Europa

O que não pode perder no Serralves em Festa

Serralves está trintona e volta a acolher um programa extenso que inclui música, teatro e circo. Aqui encontra o melhor do 16º Serralves em Festa.

Escrito por
Mariana Duarte
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Chegou aquela que é sempre uma das maiores festas da cidade, capaz de juntar centenas e centenas de portuenses (e não só) em torno das artes e da cultura. De 31 de Maio a 2 de Junho, a 16.ª edição do Serralves em Festa vai ser um dos grandes momentos da comemoração dos 30 anos da Fundação de Serralves e dos 20 anos do Museu. De funk carioca a acrobacias bem perto do céu, passando por espectáculos inéditos, dizemos-lhe tudo o que não pode perder este fim-de-semana. A entrada é livre por isso aproveite bem.

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O que não pode perder no Serralves em Festa

Música
© Fernando Schlaepfer

Música

Há colaborações que têm tudo para dar certo, e esta quase que parece um alinhamento cósmico: os HHY & The Macumbas, valioso colectivo portuense que é um autêntico laboratório de ritmo na desconstrução e hibridização de linguagens, como o dub, jungle, free-jazz, música de clube e música improvisada, juntam-se ao inglês Adrian Sherwood, histórico engenheiro sonoro da música dub e patrão da incontornável editora On-U Sound, que desde os anos 80 já colaborou com nomes como Lee “Scracht” Perry, Dub Syndicate, Prince Far I, The Slits e The Clash, entre muitos outros. Prado, 31 de Maio

Depois da passagem de Linn da Quebrada pela edição passada, o Serralves em Festa volta a receber uma das maiores figuras do baile funk brasileiro, a carioca MC Carol (n.1993, na foto). Tal como Linn da Quebrada, MC Carol desmantela a misoginia, a homofobia e a masculinidade tóxica enraizadas no funk brasileiro para lhe dar uma nova direcção, feminista e politizada. Nas suas canções denuncia a violência doméstica, o racismo, o machismo e os padrões normativos de beleza. Prado, 1 de Junho

Serralves, e boa parte do mundo, não está preparado para Christeene, uma drag queen punk que prefere a sujidade à elegância, o incómodo ao charme. Christeene é a segunda pele do performer e músico americano Paul Soileau, que através dela questiona as políticas de género, o capitalismo, a hipocrisia e a intolerância, inclusive da própria comunidade LGBTI. Prado, 31 de Maio

A editora Príncipe foi uma das melhores coisas que aconteceu à música electrónica global e não é por acaso que vários DJs e produtores da Príncipe tocam mais lá fora do que em Portugal, como é o caso de Nídia, uma das principais representantes da editora. EUA, Brasil, Angola, México, Japão, Inglaterra, Alemanha e Espanha foram alguns dos países onde já levou a sua exploração polirrítmica e fora-de-série de géneros como a batida, kuduro, tarraxo e afrohouse. Prado, 1 de Junho

Desde 2015 que a DJ espanhola Clara! tem contribuído activamente para a divulgação do reggaetón, mais concretamente do reggaetón feito por mulheres, tanto da velha escola como das novas gerações. Neste projecto a meias, que já resultou no disco Meneo, o reggaetón esculpido por Clara! funde-se com as sonoridades EBM/industrial do produtor Maoupa Mazzocchetti. Ténis, 31 de Maio

O Serralves em Festa reforça um alinhamento musical diverso e plural nas sonoridades e nas geografias com os Dur-Dur Band, grupo formado nos anos 80 em Mogadíscio, na Somália. Em tempos, foi uma das bandas mais populares do país, com o seu cruzamento de funk, disco, soul e música tradicional da África Oriental. Por causa do instável clima político da Somália, em guerra civil desde 1991, os Dur-Dur Band foram ficando fora do radar. Até 2013, ano em que a editora e respigadora Awesome Tapes From Africa reeditou a cassete Volume 5, de 1987. Prado, 2 de Junho

Dança
© Richar Louvet

Dança

Bailarino e coreógrafo brasileiro residente na Europa, Volmir Cordeiro é já uma cara bem conhecida do circuito de artes performativas português. Regressa a Serralves para apresentar dois solos: Céu (2012), que já passou pelo Serralves em Festa de 2016, e Rua (2015), este último com a participação do percussionista Washington Timbó. São duas peças que dialogam entre si. Se o céu é um “espaço infinito” que “não privilegia ninguém, nenhum momento, nenhum ser”, diz Volmir Cordeiro, já a rua “inventou a classe, a raça, a angústia, o sangue”. Céu põe a nu a estranheza, a intensidade e o singular virtuosismo do corpo frenético e quase alienígena do bailarino, que neste segundo round no Serralves em Festa activa o solo num local diferente, o Arboreto, onde provocará outro tipo de envolvência com os espectadores. Nesta “dança de posturas”, Volmir Cordeiro apoiou-se nas expressões e na fisicalidade das pessoas marginalizadas com que se foi cruzando no Rio de Janeiro. Em Rua, volta a deixar-se habitar por vários corpos, numa coreografia metamórfica entre a violência e a celebração, a dor e a resistência, inspirada no mosaico urbano e também nos poemas sobre guerra de Bertolt Brecht. Arboreto, 1 e 2 de Junho

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Circo
© Jean-Louis Fernandez

Circo

La Spire é o grande espectáculo de circo contemporâneo deste 16.º Serralves em Festa – e quem é cliente assíduo já sabe que é preciso comparecer na Clareira das Azinheiras com bastante tempo de antecedência, de forma a garantir um lugar para aquele que é sempre um dos pontos altos do evento. Esta peça de acrobacia aérea criada por Chloé Moglia, da Cie Rhizome, tem o céu como espaço cenográfico e performático. Num misto de força e elegância, peso e leveza, agilidade e suspense, seis acrobatas trabalham detalhadamente a suspensão numa estrutura-escultura de fio de aço em espiral, simultaneamente imponente e (aparentemente) frágil. “A prática de suspensão que sublinha e desenha o paradoxo da força e da fragilidade é um meio eficaz para ampliar a intensidade do ao vivo, no aqui e agora. Uso-a como geradora de significados e de densidade”, disse Chloé Moglia sobre este espectáculo. Prepare-se para ficar boquiaberto de espanto (e a morrer de medo pelas acrobatas). Clareira das Azinheiras, 1 e 2 de Junho

Performance
Jason Chalk

Performance

Mais de 10 performers vão levá-lo a coscuvilhar quase todos os cantos da Casa e do Parque de Serralves, numa espécie de visita guiada performativa e interactiva. Cortado Por Todos Os Lados, Aberto Por Todos Os Cantos é um projecto itinerante e site specific do coreógrafo e artista Gustavo Ciríaco, que depois de ter passado pelo Teatro Dona Maria II, em Lisboa, e pelo festival Walk&Talk, nos Açores, reinstala esta performance no Porto em parceria com a Companhia Instável e a propósito das comemorações dos 30 anos da Fundação de Serralves e dos 20 anos do Museu. Trata-se de uma inesperada abordagem cénica, sociológica e arquitectónica ao espaço, tornando-o numa “escultura expandida” em que a relação entre o local, o público e os performers gera novas percepções, activações e teatralidades. Casa e Parque de Serralves, 1 e 2 de Junho

Também a coreógrafa francesa Emmanuelle Huynh tem uma longa relação com a programação de artes performativas de Serralves. Regressa para apresentar uma recriação de Cribles, espectáculo que trouxe ao Museu em 2010, construído a partir de Persephassa (1969), partitura polirrítmica para seis percussionistas do compositor Iannis Xenakis. Esta nova versão, chamada Cribles/Live Porto, reúne onze performers e seis músicos em palco, numa colaboração com o Drumming Grupo de Percussão, aqui dirigido por Miguel Bernat, outro artista cúmplice de Serralves. Correspondendo ao dispositivo inventado por Xenakis, os músicos circunscrevem a cena e circulam entre os intérpretes e os espectadores. A composição sonora encontra, nesta dança em roda, uma visualidade e espacialização tridimensional, em diálogo com a arquitectura e a acústica do espaço. Um vórtice de energias que serve para lançar a questão colocada por Emmanuelle Huynh: “Vemos música ou ouvimos a dança?” Auditório de Serralves, 31 de Maio e 1 de Junho

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  • Coisas para fazer

O Porto é fervilhante e a prova disso é que impossível morrer de tédio esteja onde estiver. Em cada rua ou esquina da cidade há sempre alguma coisa a acontecer. Passe os olhos por esta lista e fique a saber tudo o que pode fazer na Avenida da Boavista. Nesta artéria com 5,5 quilómetros (que lhe vai levar mais de uma hora a percorrer em ritmo de passeio) vai encontrar lojas de roupa e calçado de marca, bons restaurantes, sítios para relaxar e outros com muitas opções culturais. Boa caminhada.

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Está saturado das semanas intermináveis de chuva e de fins-de-semana passados entre quatro paredes? Já não sabe o que fazer à energia dos mais novos lá de casa? Este sábado pode acordar cedo os miúdos — ou deixar-se acordar por eles — guardar os impermeáveis e sair à rua. Não, não chegou o Verão, mas a Primavera quer florescer e faz um breve intervalo na chuva. E como fim-de-semana é sinónimo de família e programas bem passados, damos-lhe algumas sugestões para o fazer fora de casa. 

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